Capítulo VI

72 12 0
                                    

        Domingo. Finalmente domingo. A semana demorou muito para passar, mas foi bem produtiva e divertida. Passar o início da nossa história para os jovens do século XXVI era incrível, vê-los lutando para podermos existir era muito gratificante.

        Pode parecer estranho, eu sei, mas nos últimos séculos fomos massacradas. Somos uma raça em extinção. Os humanos são covardes o suficiente para nos golpear pelas costas, arrumam um jeito de nos matar sem que possamos nos defender.

        Perdida em pensamentos tomando um café quente e bem forte em minha varanda, vi os recrutas no campo deitados na grama conversando, separados em muitos grupos. Olhei o relógio, já eram 11 horas. Com os olhos, encontrei Evie. Ela me viu e acenou. Sorri e acenei de volta, observando-a encontrar seus amigos.

        Decidi que deveria encontrar os meus, então me vesti e pulei da sacada, eu sabia exatamente onde encontrá-las. Voando rapidamente, parei em uma montanha não muito alta.

        Chegando por trás, as vi. Minhas amigas. Selene, Alma da Vida, com seus cabelos longos e a pele muito pálida, quase cinza. Íris, Alma das Cores, com seus lindos cabelos cacheados, cada mecha com uma cor do arco-íris, e a pele negra coberta de vitiligo.

        Em volta delas, haviam flores de todas as cores, refletidas pela luz do sol.
 — Ei! — chamei — Nem me convidam mais?

        As duas me viram e correram para um abraço.
 — Você sumiu! — exclamou Íris.
 — Estávamos com tanta saudade! – disse Selene – Soubemos que você é general. Deve estar muito ocupada.
 — Estou. Você está bêbada?
 — Ela está sim.

 — Não estou não! — reclama a mesma — Estou muito sóbria. Posso até te dizer que semana que vem estaremos lá para encher o seu saco!

        Sorri
 — Vai ser ótimo ter vocês me enchendo.
 — Venha, — disse Íris — trouxemos coisas para um piquenique. Ainda bebe cerveja, certo?
 — Claro!

        Passamos a tarde toda comendo, jogando conversa fora e bebendo. Quando vi a hora, já passava das oito da noite.
 — Eu tenho que ir! — exclamei e não vou negar, eu estava um pouquinho bêbada — Vejo vocês semana que vem?
 — Claro!
 — Com certeza!
 — Ah, Selene, a Aita estará lá.

        Ela suspirou, mais bêbada do que quando eu havia chegado.
 — Paciência. Vai logo embora!
Gargalhei e saí voando.

        Pousei devagar no campo, queria parecer o mais sóbria possível. Evitei falar com qualquer um, até que Evie apareceu.
 — Ei, srta. Campbell! — gritou chegando mais perto — Tudo bem? Não te vi o dia inteiro.
 — Me chame de Nix. E... Eu estava com minhas amigas.
 — Você está bêbada?
 — Bêbada não é bem a palavra certa.
 — Sóbria também não.
 — OK, eu não estou muito bêbada.
        Ela riu.
 — Venha, vou te levar para o seu quarto.
        Soltei uma risada também.
 — Quando foi que te dei essa intimidade toda?
 — Quando cheguei até você e você estava bêbada.
        Resmunguei. Apesar de estar reclamando, eu gostei da atenção.
 — Naquele prédio, terceiro andar.
        Quando chegamos em minha porta, o leitor da porta reconheceu minha íris e a porta se abriu. Parei na entrada e disse:
 — Você deveria ir para o seu quarto.
 — Você deveria dormir.
 — Eu sou a general, e você a soldado.
 — Eu estou sóbria, e você bêbada.

        Dei mais uma risada.
 — Eu ia dar a desculpa de que sou mais velha. Quantos anos você tem?
 — 20.
 — Ah, eu também.
        Evie franziu o cenho.
 — Assim, eu sou mais velha, mas esse corpo... — parei — Ah! Eu estou bêbada! Depois te explico, senão vou falar besteira.

        Ela riu de novo.
 — Tá bom. Anda, deite.

        A obedeci e ela me deu um beijo na bochecha.
 — Boa noite, general Nix.
        A garota apagou a luz e saiu, fechando a porta. E eu dormi com o coração acelerado.

A Última AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora