O último mês passou rápido e conviver com armas de fogo, espadas e arcos e flechas tornou-se algo comum. Era isso, eles estavam prontos. Exceto por uma coisa.
— O que vou ensinar-lhes agora, — comecei, caminhando de um lado para o outro — não é ataque, mas a mais pura e milagrosa defesa. Entreguei um papel com uma frase, impressa em latim, para cada um deles — O que está está escrito aí é o último suspiro de sobrevivência, uma prece por ajuda.
Eles me encararam, com dúvida nos olhos.
— Não consigo descrever, é uma... proteção. Apenas decorem e, se precisarem, chamem a ajuda deles.
No almoço, me sentei com as Almas.
— Fico feliz em ver como você melhorou nesse último mês, Luar. — disse Selene.
— É, parece que sou movida pela força do ódio. — a encaramos — Que isso, gente. Estou brincando.
As mulheres na mesa riram e, por um momento, parecíamos uma família comum, muitas primas almoçando em um refeitório.
— Nossa....
— O que foi? — perguntou Skadi.
— Nada, é só que... Estou feliz por termos nos aproximado tanto nesses últimos dois meses. Foi tudo um turbilhão de informações e vocês estavam lá. Estavam lá para me dar apoio. Sem... Sem nada em troca.
— Sempre vamos estar aqui, Nix. — soltou Íris após uma risada.
Ouvi Aita suspirar e olhar para o chão, mas ela acabou por sorriu para mim.
— Esse período foi muito bom.
Minhas amigas concordaram e Luar me abraçou.
— Estamos aqui.
— Você já pensou em como seria ser mãe? — perguntou minha irmã, enquanto caminhávamos pelo campo.
— Eu já fui mãe.
— Mas... Não podemos ter filhos.
— Eu adotei uma criança em 2050. O nome dela era Catalina. Ah, ela era tão linda... Minha filha. Aqueles cabelos cor de fogo e aqueles olhos âmbar que viam tudo eram maravilhosos. Catalina foi uma luz em minha vida, eu a amava tanto... Ela era minha maior companheira. Viajamos muito juntas, sempre a incentivei a seguir seus sonhos. Minha filha ficava fascinada quando eu fazia as chamas dançarem entre meus dedos e adorava minhas histórias de vida. Ela era minha menina, minha linda filha Catalina. — sorri sozinha me lembrando do som da sua risada e de suas mãos gordinhas de quando era só um bebê.
— Mas... Como foi quando ela morreu?
— Quando ela morreu, eu já tinha reencarnado, tinha 20 anos. Ela, 80. Doeu, e muito. Mas, como um ser eterno, aprendi a superar e nunca me esquecer das doces memórias da minha filha.
Quando me toquei, Luar havia parado no meio do caminho, olhando para o nada.
— Luar?
Minha irmã começou a ficar ofegante e pôs seus braços em volta de si mesma em um abraço desesperado. Vi suas unhas enterradas na própria pele enquanto corria até ela que caía encolhida na grama, suando e começando a gritar. Aquele barulho horrível apertava meu coração. Ela levou as mãos à cabeça, puxando os cabelos. Eu tentava de todas as formas levar minha mão ao seu peito, mas Luar estava encolhida demais. O chão abaixo e o céu acima de mim viraram um espelho negro e me senti em um caminho sem saída, uma caixa fechada sem chance de fuga. Quando Luar finalmente abriu uma pequena chance para curá-la, pus minhas mãos em seu peito e a luz dourada surgiu. A garota parou de tremer, abriu os olhos e calmou sua respiração enquanto eu fazia o céu e o chão normais novamente.
A Alma da Noite olhou para mim e vi apenas lágrimas descendo pelo seu rosto. Sentei-me ao lado dela e deixei ela chorar.
— Estou aqui. — depois de meia hora, se levantou — Tem certeza de que está melhor?
— Estou. Agora sim. — sua voz emanava o mais profundo ódio, uma fúria indescritível.
— Ah... Certeza?
Ela olhou bem firme em melhor olhos e estendeu a mão.
— A cada dia tenho mais certeza.
Olhei para Luar enquanto a mesma caminhava até o quarto, mas parou no meio do caminho.
— Ouviu isso?
— Isso o quê?
Um uivo que veio da floresta me fez tremer até a espinha. Ele emanava medo e insegurança, um pedido por ajuda. Enquanto ouvia passos correndo até mim, Luar se aproximou novamente e segurou meu braço. Aí, vi uma loba; reconheci seus olhos na hora.
— Ariela! — exclamei e o animal veio até mim — Chame a Lissa, Luar. Por favor.
Luar saiu, e fiz carinho na loba, uma Alma dos Animais.
— Por que tão angustiada?
— Estou aqui. — falou Lissa — Ah, oi, lindinha! Nix, quem é?
— Essa é Ariela. Acho que ela tem algo a dizer.
Lissa encarou o animal, conversando com ele. Logo, ela parou, se levantou e olhou para mim, tensa.
— São os Solines. Eles estão vindo.________________________
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Bjuxx
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A Última Alma
General FictionA Mãe Terra as criou. As Almas. Seres criados à sua ideia de divinos, seres criados para proteger os humanos. Seres místicos, poderosos e... Perfeitos. Nix é a exceção. Mesmo criadas para proteger os humanos, muitos não as enxergavam como prote...