Capítulo XVIII

49 10 0
                                    

        O último mês passou rápido e conviver com armas de fogo, espadas e arcos e flechas tornou-se algo comum. Era isso, eles estavam prontos. Exceto por uma coisa.
 — O que vou ensinar-lhes agora, — comecei, caminhando de um lado para o outro — não é ataque, mas a mais pura e milagrosa defesa. Entreguei um papel com uma frase, impressa em latim, para cada um deles — O que está está escrito aí é o último suspiro de sobrevivência, uma prece por ajuda.
        Eles me encararam, com dúvida nos olhos.
 — Não consigo descrever, é uma... proteção. Apenas decorem e, se precisarem, chamem a ajuda deles.

        No almoço, me sentei com as Almas.
 — Fico feliz em ver como você melhorou nesse último mês, Luar. — disse Selene.
 — É, parece que sou movida pela força do ódio. — a encaramos — Que isso, gente. Estou brincando.
        As mulheres na mesa riram e, por um momento, parecíamos uma família comum, muitas primas almoçando em um refeitório.
 — Nossa....
 — O que foi? — perguntou Skadi.
 — Nada, é só que... Estou feliz por termos nos aproximado tanto nesses últimos dois meses. Foi tudo um turbilhão de informações e vocês estavam lá. Estavam lá para me dar apoio. Sem... Sem nada em troca.
 — Sempre vamos estar aqui, Nix. — soltou Íris após uma risada.
        Ouvi Aita suspirar e olhar para o chão, mas ela acabou por sorriu para mim.
 — Esse período foi muito bom.
        Minhas amigas concordaram e Luar me abraçou.
 — Estamos aqui.


 — Você já pensou em como seria ser mãe? — perguntou minha irmã, enquanto caminhávamos pelo campo.
 — Eu já fui mãe.
 — Mas... Não podemos ter filhos.
 — Eu adotei uma criança em 2050. O nome dela era Catalina. Ah, ela era tão linda... Minha filha. Aqueles cabelos cor de fogo e aqueles olhos âmbar que viam tudo eram maravilhosos. Catalina foi uma luz em minha vida, eu a amava tanto... Ela era minha maior companheira. Viajamos muito juntas, sempre a incentivei a seguir seus sonhos. Minha filha ficava fascinada quando eu fazia as chamas dançarem entre meus dedos e adorava minhas histórias de vida. Ela era minha menina, minha linda filha Catalina. — sorri sozinha me lembrando do som da sua risada e de suas mãos gordinhas de quando era só um bebê.
 — Mas... Como foi quando ela morreu?
 — Quando ela morreu, eu já tinha reencarnado, tinha 20 anos. Ela, 80. Doeu, e muito. Mas, como um ser eterno, aprendi a superar e nunca me esquecer das doces memórias da minha filha.
        Quando me toquei, Luar havia parado no meio do caminho, olhando para o nada.
 — Luar?
        Minha irmã começou a ficar ofegante e pôs seus braços em volta de si mesma em um abraço desesperado. Vi suas unhas enterradas na própria pele enquanto corria até ela que caía encolhida na grama, suando e começando a gritar. Aquele barulho horrível apertava meu coração. Ela levou as mãos à cabeça, puxando os cabelos. Eu tentava de todas as formas levar minha mão ao seu peito, mas Luar estava encolhida demais. O chão abaixo e o céu acima de mim viraram um espelho negro e me senti em um caminho sem saída, uma caixa fechada sem chance de fuga. Quando Luar finalmente abriu uma pequena chance para curá-la, pus minhas mãos em seu peito e a luz dourada surgiu. A garota parou de tremer, abriu os olhos e calmou sua respiração enquanto eu fazia o céu e o chão normais novamente.
        A Alma da Noite olhou para mim e vi apenas lágrimas descendo pelo seu rosto. Sentei-me ao lado dela e deixei ela chorar.
 — Estou aqui. — depois de meia hora, se levantou — Tem certeza de que está melhor?
 — Estou. Agora sim. — sua voz emanava o mais profundo ódio, uma fúria indescritível.
 — Ah... Certeza?
        Ela olhou bem firme em melhor olhos e estendeu a mão.
 — A cada dia tenho mais certeza.
        Olhei para Luar enquanto a mesma caminhava até o quarto, mas parou no meio do caminho.
 — Ouviu isso?
 — Isso o quê?
        Um uivo que veio da floresta me fez tremer até a espinha. Ele emanava medo e insegurança, um pedido por ajuda. Enquanto ouvia passos correndo até mim, Luar se aproximou novamente e segurou meu braço. Aí, vi uma loba; reconheci seus olhos na hora.
 — Ariela! — exclamei e o animal veio até mim — Chame a Lissa, Luar. Por favor.
        Luar saiu, e fiz carinho na loba, uma Alma dos Animais.
 — Por que tão angustiada?
 — Estou aqui. — falou Lissa — Ah, oi, lindinha! Nix, quem é?
 — Essa é Ariela. Acho que ela tem algo a dizer.
        Lissa encarou o animal, conversando com ele. Logo, ela parou, se levantou e olhou para mim, tensa.
 — São os Solines. Eles estão vindo.

________________________

Hey! Se você leu até aqui, te entreti, não é mesmo? Deixa sua estrelinha!
Bjuxx

A Última AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora