10. Acabou

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        Toquei a campainha e aspirei o ar apreensivamente. A porta envernizada se abrir à minha frente, minhas mãos nos bolsos da calça jeans suavam e tremiam. Meus pés batiam freneticamente no chão de polido. Toquei a campainha mais uma vez impaciente me perguntando se ele não estaria em casa para meu subconsciente. Cogitei essa hipótese, mas soube que sim quando ouvi o barulho da chave girar na fechadura e a cada segundo que se passava parecia uma tortura para mim, a porta parecia se abrir lentamente.

― O que você está fazendo aqui? ― Sua voz era áspera e cheia de arrogância. Ele me encarava meio que assustado e surpreso ao mesmo tempo. Seus olhos se arregalaram e sua boa estava entre aberta.

        O celular que estava em seu ouvido caiu automaticamente no chão.

        Usava uma calça jeans, uma camisa xadrez azul e os descalços. Devia ter acabado de chagar em casa essa era a primeira coisa que Lucas fazia quando chegava em casa. Tirava o tênis. O Vento soprou contra ele fazendo seu perfume inundar todo meu olfato me embriagando por inteira.

        Eu preferia ouvir sair de sua boca um simples senti sua falta, um sorriso em seus lábios e ser puxada por um abraço, mas isso não era o que eu merecia, disso eu tinha certeza. Tinha se passado apenas uma semana, mas me pareceram anos.

― Temos que conversar. ― abaixei a cabeça, encará-lo assim de frente fazia com que eu tivesse medo de falar.

― Não temos nada para conversar Melyssa. ― Foi a primeira vez que pronunciou o meu nome e não foi do jeito que eu queria ouvir. ― Volta pro seu quartel, ou seja lá como você chama aquilo. ― se abaixou para pegar o celular na mão. Não olhou mais pra mim, simplesmente me deu as costas entrando deixando a porta aberta.

         Agradeci por ele pelo menos não ter fechado a porta na minha cara.

― Lucas só me escuta, por favor. ― fui atrás dele entrando sem ser convidada. ― Eu preciso falar com você, explicar...

― Precisa falar comigo? Explicar... ― sua voz se alterou e um riso sarcástico se formou em seu rosto. ― Agora você resolveu que precisa falar comigo. ― disse enfatizando tudo o que disse. ― Me poupe. Agora você não precisa me explicar mais nada, segue a sua vida, não foi assim que você quis.

― Não Lucas, eu ia te contar, mas, mas...

― Melyssa não precisa se justificar, eu também tomei um rumo na minha vida, estou me mudando. ― anunciou abrindo um largo sorriso.

― Como assim se mudando? ― gritei. Fiquei chocada ao ouvir aquilo.

― Fui promovido e vou para Minas Gerais. Você pensou que você era a única a poder se da bem na vida Melyssa. ― disse com sarcasmo. ― Viu como as coisas foram simples pra nós. ― arfou. ― Eu tinha recebido esse convite há um tempo, mas só que quando me ofereceram eu pensei em nós. Mas agora não tem porque eu me prender aqui. não existe mais nós.

― Mas e a gente? ― perguntei perplexa.

― Como assim A GENTE? ― começou a gargalhar. Aquele jeito frio dele era o que me deixava mais puta da vida. ― Ficou loca? Esqueceu que não existe mais "a gente". Falei agora que não existe mais nós. ― fez aspas com os dedos.

― Para de ser idiota. ― comecei a gritar descontrolada. ― Você está fazendo isso por, por... ― eu procurava a palavra certa, mas não tinha.

― Por mim, por causa do meu futuro. Não foi por isso que você resolveu seguir com a sua vida? Para de ser hipócrita, ou melhor, egoísta.

― Lucas...

― Melyssa eu não tenho mais nada pra falar com você, se você achou que ia vim aqui e me dizer meia dúzia de palavras estava enganada. Eu não quero ouvir, eu só quero que você vá embora. Segue sua vida. Seja feliz! 

        As lagrimas começaram a descer sobre meus olhos e eu não tive palavras pra falar mais nada, virei às costas e sai batendo a porta atrás de mim. Eu estava odiando ele por aquilo, e principalmente me odiando. Eu pedindo a Deus para que a semana passasse depressa para poder vê-lo para no fim as coisas acabarem dessa forma. Desejei voltar no tempo só para não ter pedido meu tempo em ter vindo aqui. As coisas nunca são como desejamos.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora