53.12 semanas= três meses

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Mell

― Pronto ― a voz grossa de Daniel soou do outro lado da linha. Ele não devia ter visto meu nome no identificador de chamas, isso se ele ainda tinha meu numero para que eu pudesse ser identificada.

― Dani, sou eu Mell. ― Disse meio acuada.

― Aconteceu alguma coisa com você? O bebê está bem? ― seu tom casual sumiu completamente, sendo assumindo para um tom preocupado.

― Não Daniel. ― disse calma e ri. ― Não aconteceu nada comigo, nem com o bebê. Eu só liguei mesmo pra dizer que tenho uma consulta com a obstetra hoje, ultrassonografia pra ser exata... Então se você quiser ir.

Meu convite foi meio estranho, mas foi um convite. Eu ainda não tinha dado uma resposta sobre a proposta que Daniel havia me feito, mas ele era o pai e como ele mesmo disse que queria estar presente na vida do filho, eu só fazia meu papel de mãe em avisa-lo.

― Eu posso ir?

Ele não tinha entendido ou se fez de bobo?

― Claro Daniel, eu liguei para te avisar.

― Que horas é?

― Às três. Tem algum problema pra você? ― se tivesse ai já não seria problema meu, minha parte eu estava fazendo.

― Hummm... ― hesitou por momentos.

― Se não puder não tem problema. ― dei de ombros, mas ele não veria.

― Não tem problema algum, eu posso ir. Passo ai para te pegar tudo bem?

Eu não tinha pensado em irmos juntos, na verdade ele me encontraria lá, ou vice versa.

― Tudo bem, mas temos que estar lá as três Daniel, nada de atrasos. ― não expus o que eu pensei. Ele tinha que começar a ser responsável e seria bom começar desde agora.

Eram duas e meia quando ele me buscou no meu apartamento. Estava lindo e muito cheiroso, quando abri a porta do carro meus pulmões foram invadidos pelo perfume dele.

― Onde é o hospital?

― No centro.

Ele ficou em silêncio assim como eu. O silêncio era agonizante, desde que terminamos não nos falávamos igual à antes. Falávamos somente o essencial e mais nada. "Como seria nossa convivência numa mesma casa" Eu me perguntei e constatei que não seria nada agradável, já que não conseguíamos manter um dialogo durante meia hora nas vezes que nos encontrávamos.

― Você não pode usar essa calça jeans. ― censurou me olhando de soslaio. ― Isso aperta a sua barriga. Nosso filho deve estar lutando por espaço ai dentro. ― Não sei se aquilo foi um meio de quebrar o silencio, ou se ele realmente se importava. ― Isso não é nada bom pra ele, ou ela. ― balançou a cabeça negativamente.

Se tentava puxar assunto ou não, ele estava me dando uma bronca. Eu estava de doze semanas, nem tinha necessariamente uma barriga de grávida ainda, a protuberância que começava a aparecer eu considerava como um alto-relevo. Mas ele tinha razão, minha barriga começava a crescer, ela já estava começando a ficar pontudinha.

― Me desculpa é que eu não encontrei nada para usar.

― Grávidas usam vestidos. ― sibilou.

― Meus vestidos não são nada maternais. ― eu me referia aos meus vestidos curtos e justos, eu não ia sair por ai dando a impressão de uma mãe promiscua. Se eu ia ser mãe, eu ia ser uma mãe direita. ― Eu não tive tempo de ir ao shopping ainda. Só tenho saído para fazer os exames e nas horas vagas estou passando mal.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora