36.Válvula de escape

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Mell

25 dias antes

        Correr tinha se tornado um motivo para eu fugir de todos os meus problemas. Eu colocava os fones no ouvido no último volume e me esquecia de tudo e de todos. Aquele era meu momento válvula de escape.

        Corri mais ou menos uns cinco quilômetros e depois me sentei no calção para olhar a praia, aquilo me transmitia paz, mesmo estando longe, só de escutar o barulho do mar e ver o vai e vem das ondas eu já me sentia renovada.

      Inclinei meu rosto para o céu fechei os olhos e aspirei o ar úmido, uma coisa que era tão incomum por aqui. Senti alguma coisa fez sombra no meu rosto e eu não queria sombra quando estava contemplado o sol.

― Ahhh nuvem... quer me fazer o favor de sair da frente do sol? ― reclamei ao abrir os olhos, o céu estava sem nuvens há poucos minutos. E foi como se ela tivesse ouvido, pois eu fechei a boca e a nuvem foi embora.

― Se puder pedir chuva eu agradeço. ― Alguém disse do meu lado chamando completamente minha atenção para saber quem era.

        Loiro, forte e muito bonito. Eu não o conhecia, mas ele era um Deus Grego.

― Desculpa, te atrapalhei né. ― eu continuava o olhando abismada com tamanha beleza. ― Desculpa mesmo.

― Não. ― ri sem graça.

― Você estava ai controlando os elementos da natureza e eu atrapalho. ― ele alongou os braços. E que braços. Tinha uma tatuagem que parava no cotovelo e acho que pegava mais da parte do ombro, não consegui ver direito. Infelizmente ele estava usando camisa.

― Controlando os elementos da natureza? ― perguntei confusa.

― É você falou e a nuvem parece ter te ouvido, por isso disse para pedir chuva. ― começou a alongar o outro braço.

― Quem me dera ter esse poder. ― eu não conseguia parar de olha-lo.

― Seria legal se tivesse esse dom. ― esticou os braços para o alto.

― Seria. Mas pensei naquele desenho dos X-mans. ― balancei a cabeça rindo do meu devaneio. ― Acho que eu não ficaria muito bem de cabelos brancos iguais ao da Tempestade. ― me comparei com o desenho animado

        Ele riu, não sei se da minha menção a um desenho ou por eu ter falado do meu cabelo branco.

― Seria melhor não, seu cabelo é legal assim. ― Seus olhos foram para o meu cabelo que estava preso em um coque.

        O que eu estava fazendo conversando tão intimamente com um estranho? Ela já começava a falar até do meu cabelo. Pensei para mim mesma.

― Sinceramente você tem certa razão, ele não é de todo muito bom, mas branco seria péssimo. Imagina ficar de cabelo branco com essa idade. ― disse pasma.

        Ele terminava de alongar as pernas e ria com meu comentário.

― Bom eu me chamo Daniel e você? ― se sentou ao meu lado.

― Melyssa. ― segurei em sua mão forte. Aquele nome não me era estranho, mas não me veio ninguém à mente que eu pudesse conhecer naquele momento.

― E você é do Rio mesmo? ― fitou-me a perguntar.

― Hurummm e você?

― Sou meio que um cigano. ― riu. ― Por agora estou por aqui, mas estava em Minas. Na verdade sou de Minas Gerais, sou arquiteto. ― Mais um arquiteto que me aparece. Será que essa era minha sina?

        Foi justamente naquele dia que conheci Daniel Braga. Acabamos nos esbarrando outros dias nas corridas diárias. E a partir dai fomos aos poucos nos conhecendo melhor. Saímos em um dia ou outro e agora estávamos nessa situação. Eu chorando por ele e ele me odiando. 

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora