80.Palavras sábias

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Mell

Eu levantava cedo todas as manhãs, assim que Daniel saia para o trabalho eu levantava, essa era a única hora em que eu podia ficar sozinha, pois Miguel ainda dormia.

― Bom dia Mell. ― Maria me cumprimentou sorridente ao entrar na cozinha. Ela era minha única companhia para conversar nessa casa. ― Tomando sorvete a essa hora da manhã? ― me olhou de cenho franzido.

― Estamos quase no verão né, e eu adoro sorvete. ― enfiei uma colher grande de sorvete de brigadeiro na boca.

― E então, como foi o casamento da sua amiga? ― perguntou enquanto pegava algo na geladeira. Ela não parava mesmo quando estávamos conversando, sempre fazendo alguma coisa. Às vezes eu até a ajudava mais ela nunca aceitava.

― Foi muito lindo. ― respondi com um sorriso bobo no rosto.

― Casamentos sempre são bonitos. ― colocou uma tigela em cima da mesa e começou a cortar uma batata. ― E você quando vai casar? ― levantou os olhos me fitando.

― Eu! ― falei sem graça e comecei e remexer o sorvete.

― Sim. ― inistiu. ― Você e o Daniel já tem um filho, a família já está pronta só falta oficializar.

― Ahhh... eu sei lá. ― desviei meus olhos dos dela.

― Eu já reparei uma coisa, mas acho que é indelicado dizer. ― voltei a olhar para ela, e agora ela quem desviou os olhos dos meus.

― Fala Maria. ― encorajei-a, agora eu estava curiosa para saber.

― Vou ser direta. ― suspirou. ― Me desculpe. ― adiantou-se.

― Tudo bem.

― Você convive com o Daniel, mas não gosta dele não é? Não quero parecer indelicada mais vocês só estão juntos mesmo por causa do Miguel estou certa? ― ela tinha acertado em cheio, meus olhos se arregalaram automaticamente.

― Eu gosto dele, mas não do jeito que ele gosta de mim. ― pigarreei e olhei para dentro da taça, o sorvete já tinha derretido. ― Eu aceitei tentar e até agora está tudo bem. ― encolhi os ombros.

― Mais você não está feliz!

― O Miguel está feliz e é isso que importa. ― dei de ombros novamente.

Maria balançou a cabeça em negativa, os olhos cheios de perguntas e contradições.

― Tá, para de me olhar assim, eu sei que estou fazendo uma grande merda, mas a felicidade do meu filho está em primeiro lugar. ― explodi.

― Calma. ― ela riu nervosa. ― eu não estou te condenando.

― Me desculpe Maria, é só que agora não importa mais nada, o Miguel estando feliz e bom pra mim e tudo está bem.

― Você gosta daquele outro que veio aqui outro dia não é? O Lucas, eu vi quando seus olhos brilharam quando i viu. ― sorriu fraco.

― Eu gosto dele sim, mas infelizmente só o amor não é o suficiente.

― E o que seria então?

― Eu não sei, tem horas que eu quero fugir de tudo.

― Fugir não resolve as coisas Mell. ― sento-se ao meu lado.

Maria, eu... ― senti um no na garganta. ― Vou te contar uma coisa que está me sufocando, mas você tem que me prometer que não vai contar a ninguém. ― olhei fundo em seus olhos. Ela assentiu com a cabeça. Soltei o ar dentro de mim e comecei a falar. ― Eu e Lucas nos beijamos.

Esperei sua reação mais ela ainda me olhava sem nenhuma emoção, apenas tinha ouvido.

― Foi um erro eu sei, Deus sabe como eu estou me sentindo culpada por cogitar ter traído o Dan. Só queria que as coisas fossem mais fáceis. ― suspirei aliviada em pelo menos ter contado. Aquilo estava me sufocando.

― Mell, minha queria preste atenção. ― pegou minha mão e acariciou com carinho. ― Porque você não conversa com o Daniel, conta a verdade, eu tenho certeza que ele vai entender. ― aconselhou. ― Você e esse Lucas não estão ligados só pelo amor, mas também pela alma. Você já ouviu falar em alma gêmea?

― Eu não acredito muito nessas coisas.

― Mais deveria acreditar. ― apertou de leve a minha mão. ― Vocês já se separaram uma vez não foi? ― confirmei com a cabeça. ― Por mais que vocês se separem vocês sempre tendem a ficarem juntos, você nunca reparou isso?

― Agora que você falou parece ter algum sentido.

― Então, você não acha melhor conversar com o Daniel antes que ele intérprete as coisas de modo errado? Eu sei que você não queria que o beijo acontecesse, mas você gostou porque você ama o Lucas e assim como aconteceu, pode acontecer de novo.

― Você tem razão, mas penso no Daniel, que não vai ficar nada contente com isso.

― Ele vai ter que se conformar minha filha. ― se levantou. ― Bom, eu tenho que começar a fazer o almoço porque você não sobe e pensa numa forma de contar tudo para o Dan em. ― me encorajou com um sorriso.

― Isso que vou fazer, nem sei como agradecer Maria.

― Não foi nada. ― deu uma piscadela pra mim.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora