49.Oito semanas. O mesmo que dois meses

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Mell

― Eu estou grávida de dois meses não de um. ― disse para Ângela assim que ela abriu a porta para me receber.

Lembrei-me da outra vez que tinha vindo aqui desesperada. Do mesmo jeito que fiz daquela, fazia agora. Passei por ela indo para a cozinha, repetindo tudo igualzinho.

― Como assim grávida e não de um mês? ― dizia vindo atrás de mim, fazendo perguntas, mas eu já pegava um copo despejava água e procurei maneirar no açúcar dessa vez.

― Sua mãe está por ai? ― perguntei já a procurando cós os olhos. Eu não queria que a notícia de que eu estava grávida se espalhasse por ai. Não agora.

― Está no quarto. ― maneou com a cabeça para trás na direção do corredor que nos trouxe a te a cozinha e levaria para os outros cômodos da casa.

― Ótimo. ― suspirei.

― Agora me conta essa história de gravidez Mell. ― revirou os olhos, acho que ela achava que eu estava de brincadeira.

― Você lembra a primeira vez que eu tive enjoos? ― comecei a explicar.

― Hum...

― E você insinuou a hipótese de eu estar grávida?

― Uhum...

― Então eu já estava grávida.

― Como assim? ― perguntou espantada. ― Você está realmente grávida? olhou para a minha barriga e voltou os olhos para me encarar novamente

― Foi o que eu disse desde que eu cheguei aqui. ― enfatizei tudo o que disse.

― Sua louca. ― balançou a cabeça num meio riso.

― Como assim louca? ― perguntei confusa. Se ela me achava louca por estar grávida, o que acharia do restante da conversa? Pensei.

― Você vai ficar gorda e cheia de estrias. ― me olhava enojada.

― Ângela você pode, por favor, para com seus comentários irônicos? ― revirei os olhos. ― Não está vendo que eu estou desesperada? ― falei com mais aflição para ver se ele percebia.

― Desesperada com o quê?

― O Lucas sabe que eu estou grávida...

― Ótimo. Se ele não é o pai, por que o desespero? ― deu de ombros.

― Bem... Eu contei os dias e faz justamente dois meses que eu terminei com o Daniel... e tem mais ou menos um mês e meio que eu e Lucas estamos juntos. ― mordi o interior do lábio com tanta força que não sei como não o cortei com os dentes.

― NÃO! Você não está querendo me dizer que esse filho é do Daniel? ― olhou para a minha barriga boquiaberta com olhos arregalados.

Eu balancei a cabeça afirmando porque eu tinha certeza que era.

― Você disse que o Lucas sabe, ele está de acordo com isso? Ser o pai do filho de outro cara? ― uniu as sobrancelhas chocada.

― Ele não sabe que o filho e do Daniel, na verdade nem eu sabia, mais quando a médica me disse que eu estava de oito semanas que corresponde a dois messes, eu contei os dias e bateu exatamente com o tempo que eu e Daniel estávamos juntos. ― passei a mão no rosto nervosa.

― Você é extremamente louca. Você não tomava remédios Melyssa?

― Eu tomava, mas naquela época eu fiquei um pouco resfriada e acho que os remédios de gripe cortaram o efeito do anticoncepcional... Eu não sei... Isso pode acontecer eu li sobre isso.

― E você foi pra cama com um cara que você mau conhecia? ― me passava um sermão.

― Aconteceu Ângela. ― gritei. ― Você nunca passou por isso né! ― disse sendo obvia. ― Não me critique. Você acha que eu estou feliz com isso? Que eu não queria que esse filho fosse do Lucas? ― me descontrolei, falando sem para. ― Já está feito agora eu não posso fazer nada. ― disse rendida.

― Você está realmente fodida Mell, eu não queria estar na sua pele. ― começou a rir.

Eu aqui desesperada e ela rindo do meu sofrimento. Vaca!

― Não ria Ângela, me ajuda. O que eu faço?

― Você sabe que vai ter que contar a verdade aos dois. ― ponderou. ― Ou você está pensando em levar essa mentira adiante?

― Eu... eu.... ― gaguejei.

― Você está pensando em levar essa mentira adiante??? ― perguntou sem acreditar.

― NÃO!!! ― exclamei. ― Eu nunca pensei em levar essa mentira adiante, mas eu não pretendia contar ao Daniel.

― Como não? ― gritou. ― Ele é o pai da criança Melyssa, merece saber que vai ter um filho. Por mais que vocês não tenham mais nada um com o outro, ele é o pai e precisa saber. Pensa pelo lado bom, seu filho vai ter um pai rico. ― disse aquilo como forma de amenizar a situação, mas não era bem assim.

― Dinheiro não é tudo Ângela. O que está em jogo aqui é o meu filho e eu não sei como o Daniel vai reagir quando eu contar. É bem capaz de achar que eu quero dar um golpe nele. Se ele não acreditar em mim eu não vou me sujeitar a fazer nenhum exame de DNA ― disse soltando o ar já cansada..

― Só vai saber a reação dele depois de contar. Mas e o Lucas?

― Ele está tão feliz por saber que ia ser pai. ― senti um bolo na garganta. Eu estava me segurando para não chorar. ― Como vou contar a ele Ângi, ele vai ficar arrasado.

― Ai amiga. ― Ângela cortou o curto espaço que nos separava, vindo em minha direção e me abraçando. ― eu não queria mesmo estar no seu lugar, mas não foi culpa sua. Foi... mas as coisas acontecem.

― Eu realmente não sei como vou contar isso pra ele. ― as lagrimas começaram a descer vagarosamente pela minha face. ― Ele vai ficar arrasado Ângela.

― Você quer que eu conte a ele? ― sua voz era emana enquanto fazia carinho no meu cabelo.

― Não eu vou contar. Não sei como, mas vou. ― disse entre os soluços. ― Mas só no fim de semana que é quando voltamos do quartel, já que vamos amanhã e eu não quero contar nada as presas pra ele. ― encolhi meus ombros, me deixando ser envolvida pelos braços calorosos de Ângela era tudo o que eu precisava naquele momento.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora