13.Um ano de namoro

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Lucas

Dois anos depois

O tintilar do talher de metal em minha mão batendo de leve contra o vidro da taça de vidro fez com que todos que estavam ali me olhassem com um enorme sorriso. Não havia desconhecidos ali, todas as pessoas que eu conhecia estavam aqui e isso me deixava mais apreensivo por isso.

Eu tentava permanecer com o meu sorriso para não demonstrar meu nervosismo que agora tomava conta de mim. Eu poderia estar sendo mais formal, fazendo as coisas do jeito que todos os outros faziam, mas ser clichê não era o meu forte. Estávamos comemorando a Boda de Ouro dos pais de Lívia.

Quem é Lívia? Essa vocês já saberão quem é. Ela deixará de se tornar uma coisa, para se tornar outra em breve. Todos me olhavam apreensivos e um coro começou a gritar.

― Discurso, discurso...

E agora que eu já havia me pronunciado nãotinha como voltar mais atrás. Coloquei a taça e o talher novamente em cima da mesa e fiquei de pé colocando minhas mãos tremulas dentro do bolso da calça.

― Bom pessoal eu não sou muito bom em discursos. ― deixei um sorriso tímido escapar. ― Mais eu vou tentar. Como todos sabem hoje é um dia especial para todos nós, principalmente para a Eleanora e o Marcelo. ― Minha voz saia serena. Os dois anfitriões da festa estavam a minha frente sentados na mesma mesa que eu. Sorri para Eleonora e a mesma me retribuiu com uma piscadela. Marcelo que estava a seu lado passou o braço em volta de sua mulher prendendo-a mais contra ele em um abraço carinhoso. ― Fazer cinquenta anos de casado hoje em dia não é nada fácil. ― dei continuidade ao que ia dizia. ― O mundo não é mais como antigamente, mas assim como vocês eu quero um dia chegar a vim fazer também meus cinquenta anos de casado. ― Meu olhar era fixo neles. Eu preferi assim, pois se desviasse o olhar e visse alguém rindo eu com certeza não conseguiria mais falar nada. ― Meus pais assim como vocês são casados até hoje e eu vejo o quanto eles são felizes. Claro que todos enfrentam crises, mas eu vejo como eles passam por cima delas. A relação conjugal é difícil, você tem que aprender a conviver com outra pessoa totalmente diferente de você, ser paciente, abrir mão de muitas coisas, mas com o tempo um vai aprendendo mais sobre o outro, cedendo aqui e ali, para assim no final tudo dar certo. Eu acredito no amor e quando vejo pessoas assim como vocês, meus pais e tantos outros que existam por ai acredito que uma pessoa poder sim amar a outra infinitamente. Parabéns e que venham mais cinquenta anos de muito amor.

Peguei a taça novamente em cima da mesa e levei ao alto. Todos começaram a aplaudir e brindaram comigo.

― Obrigado Lucas. ― Eleonora passou a mão no meu rosto carinhosamente quando se levantou para me abraçar.Já Marcelo apertou minha mão fortemente.

― Ainda tenho algo mais a dizer. ― anunciei enquanto voltava para o meu lugar.

― Mais?! ― Alguns perguntaram em coro.

― Sim mais. ― falei rindo. ― Essa não é a ocasião, mas já que vocês estão todos reunidos aqui eu queria aproveitar o momento. ― respirei fundo buscando fôlego. ― Vocês sabem que eu e a Lívia namoramos há um ano e meio. ― A procurei, e não foi preciso procurar muito. Ela estava sentada na cadeira ao lado da minha. Estendi meu braço e ofereci minha mão para que ela pegasse e a puxei para que se levantasse e ficasse ao meu lado. Suas bochechas estavam ruborizadas e um sorriso tímido se formou eu seus lábios. ― Eu adoro essa mulher. ― beijei o dorso da sua mão de um jeito galanteador.

― Eu também Lucas. ― ela fez menção de se sentar. Lívia odiava ser o centro das atenções. Mais hoje era necessário.

― Calma linda. ― a puxei novamente antes que ela sentasse. ― Eu preciso que você permaneça de pé só por mais um minuto. ― pisquei pra ela que concordou com a cabeça.

Livrei-me da sua mão por um instante e a levei ao bolso. Senti meus dedos tocarem a caixa aveludada que estava escondida ali por algumas.

― O que dizer sobre a Lívia? ― minha voz soou enigmática. Seus olhos se semisserram assim como os de alguns presentes ali. ― Além de ser uma ótima profissional e me aturar no trabalho. ― Ela era minha secretária. ― A Lívia é uma menina doce, carismática e engraçada... ― ponderei algumas de suas tantas qualidades. ― e também minha namorada. Ai eu pergunto a vocês o que uma garota linda como essa viu em um cara como eu? ― menosprezei-me arrancando sorrisos dos demais. ― Mais deixando a brincadeira de lado eu vou ao que realmente importa.

Agora eu começava a suar frio, meu coração pulsava freneticamente no meu peito e o silêncio de todos era o pior.

― Lívia. ― peguei sua mão novamente rindo nervoso. ― Alguém lá em cima te disse que eu precisava de você, pois você foi o anjo que surgiu na minha vida quando eu mais precisei.

Eu puxei devagar minha mão cerrada em punho do meu bolso direito, e quando um sonoro "oohhh" surgiu, eu soube que todos perceberam o que eu tinha na mão e o que estava prestes a fazer.

Ela levou sua mão livre à boca, seus olhos começaram a lacrimejar e um sorriso tremulo surgiu em seus lábios.

― Lucas... ― sua voz falhou.

― Lívia, você aceita se casar comigo? ― abri a caixa com o polegar. ―Claro que com a aprovação dos seus pais. ― olhei para os dois apreensivo.

― Claro que aprovamos meus filho. ― foi a mãe dela quem respondeu.

Meu coração batia descompensado, os olhos de Lívia piscavam sem parar olhando para a aliança dourada que reluzia fazendo seus olhos brilharem ainda mais.

― ...Então... você... Aceita se casar comigo? ― rompi o silêncio angustiante.

― Sim, Lucas... sim.. Claro. ― ela se agarrou no meu pescoço impulsivamente me beijando sem parar.

― Volta pro Rio de Janeiro comigo? ― disse num sussurro só para que ela ouvisse.

― Como assim? ― perguntou confusa.

― Depois te explico agora eu tenho que oficializar isso aqui, todos estão esperando. ― rimos. Ela me deu sua mão esquerda onde pus a aliança em seu dedo.

Agora Lívia deixava de ser minha namorada, e se tornara minha noiva. Respondida a pergunta de momentos antes.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora