Mell
― Ai está nosso homem de ferro. ― minha mãe disse animadoramente batendo palminhas para que Miguel saísse do meu colo e fosse para o dela. E como sem adorava um colo, não pensou duas vezes e foi. Miguel era uma criança muito "dada" digamos assim.
Homem de ferro era o personagem infantil que Miguel mais gostava, era só ligar a TV e colocar um desenho ou um filme do dito cujo, que ele ficava compenetrado na tela e ai de quem o incomodasse. Tinha um gênio difícil.
Era assim que eu o entretia quando queria fazer alguma coisa que ele não deixava. E foi justamente por ele amar tanto o desenhos que resolvemos fazer sua festa de aniversário de um aninho com o tema do Homem de ferro.
― Mais ele ficou uma graça. ― a voz da minha mãe saiu fanhosa. Realmente, Miguel era uma miniatura muito fofa de homem de ferro.
Miguel começou a se contorcer nos braços da minha mãe, era assim que ele se expressava para dizer que queria ir para o chão.
― Onde você pensa que vai rapazinho? ― Olhou para mim e depois seu olhar ficou vago para um ponto atrás de mim.
A casa estava cheia, crianças corriam por todo lugar e seria impossível deixar Miguel andando sozinho pela casa naquele estado. Ela já não andava muito bem e com todo aquela movimentação ele se perderia no meio dos demais numa fração de segundos.
― Aão, ucas, ucassss... ― grunhiu usando toda força que tinha para empurra minha mãe, por pouco não caiu no chão.
Olhei para trás e Lucas cumprimentava algumas pessoas. Estava sorridente, vestido de um jeito despojado e com um enorme presente na mão.
Agora eu entedia a aflição de Miguel em querer ir para o chão, ele queria correr para perto de Lucas, seus olhos chegavam a brilhar só em vê-lo.
― Deixa ele mãe. ― pedi a minha mãe, que olhou sem entender. ― Ele quer ir onde está o padrinho dele. ― acenei com a cabeça na direção de Lucas.
― Então é isso né seu sem vergonha. ― Miguel riu para ela com seu jeito sapeca. ― Vai largar a avó para ir atrás do padrinho. ― se curvou e o colocou no chão.
Miguel saiu em disparada, como se estivessem dado a largada de uma corrida. Corria todo descoordenado e quando pensei que fosse cair para o lado, meu instinto materno me fez correr atrás dele mesmo depois que ele já tinha conseguido se reequilibrar e voltar a correr.
Vi quando Lucas o avistou e sorriu. Miguel agarrou em suas pernas, pois era onde ele conseguia abraçar.
― Ai está você garotão! ― se abaixou para se aproximar do seu tamanho.
Miguel envolveu do jeito que pode seus bracinhos no pescoço de Lucas e o abraçou de novo. Era lindo de ver como eles se davam bem.
― Olha o que titio trouxe pra você. ― colocou o enorme embrulho entre eles e Miguel arregalou os olhos extasiados com o que via. Era bem maior que ele. ― Abre.
E não precisou pedir duas vezes, mesmo com toda empolgação que tinha, suas mãos eram pequenas para fazer o ato tão rapidamente, mas graças a uma mãozinha de Lucas concluíram fácil a tarefa de retirar o embrulho. Era um urso enorme do ursinho Pooh.
― Ele fala. ― Lucas falou para Miguel e apartou um botão na mão do enorme Pooh de pelúcia.
Eu não consegui ouvir por causa do alvoroço, fiquei observando tudo de longe. Os olhos do meu filho brilhavam de felicidade.
― Vai lá da a sua mãe para guardar. ― Lucas apontou pra mim e Miguel se virou para me olhar.
Ele não tinha toda a facilidade que eu teria para pegar o urso facilmente e entregar a outra pessoa, agarrou o urso pelo pescoço e veio arrastando na minha direção.
― Meu filho que lindo! ― disse indo de encontro a ele. ― Quem deu ele pra você? ― perguntei me fazendo de desentendida me abaixando.
― Ucas. ― Olhou para trás para me mostrar e Lucas vinha em nossa direção. ― Oia, oia... ― apartou a mão do boneco.
― Me da um abraço. ―A voz engraçada do Pooh saiu de algum lugar fazendo Miguel rir e o abraçar como ele pediu.
Estávamos os três abaixados agora, Lucas sorriu para mim e olhou para Miguel. Fiquei observando os dois, olhando os traços e vendo como o sorriso de Miguel era parecido como o de Lucas, o nariz e a cor dos olhos. “Os olhos”. Eu continuei fitando os dois por um momento e....
― O que foi?
― Nada. ― balancei a cabeça desanuviando os pensamentos que considerei da minha mente.
― Você ta pálida. ― estreitou as sobrancelhas. ― está se sentindo bem? ― se levantou e me ajudou a levantar.
― Eu estou bem. ― me abaixei para pegar Miguel no colo. ― Vamos filho, o papai deve estar procurando a gente. Da tchau para o tio Lucas.
Lucas me entregou o Pooh e saímos, eu ainda pensando e me perguntando, a semelhança era tamanha, eu nunca tinha repardo isso. Talvez eu estivesse confundindo as aparência de ambos por gostar muito dos dois.
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Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)
Romance"Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço de seu futuro que deixa de existir". Vidas interrompidas. um futuro perdido. ódio e magoa... Melyssa agora paga pelo erro que cometeu anos atrás, tentando inutilmente agarrar-se a um novo recomeço e...