73. Quando você vai ter filhos?

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Lucas

Melyssa vinha com Miguel nos braços, ela me disse pelo telefone que chegaria em dez minutos, mas demorou uns trinta pelas minhas contas. Devia ter sido o transito eram quase seis horas da noite e esse horário a cidade virava um apocalipse.

― Hum... ele dormiu. ― disse e mordeu o canto do lábio. ― Demoramos muito a chegar e toda vez que ele entra no carro ele dorme. ― explicou.

― Ele parecia tão animado. ― falei abrindo a porta para que ela entrasse com ele.

― Daqui a pouco ele acorda e com a corda toda. Posso colocar ele no seu quarto? ― perguntou sem me olhar.

― Claro.

Ela foi e logo voltou. Melyssa continuava a mesma, nada tinha mudado nem parecia que já tinha um filho.

― O que nós íamos fazer mesmo? ― perguntei, já que nossos planos não tinham dado certo.

― Sabe que eu não sei. ― riu.

― Você me liga me chamando para sair e não sabia para onde ia? ― cruzei os braços e continuei a olhando.

― Na verdade você iria escolher o lugar. ― encolheu os ombros. ― Tinha um monte de papeis na sua cama, se você me dissesse que estava trabalhando...

― Eu já estava cansado de tanto trabalhar. ― a cortei. ― Ia ser bom sair para distrair um pouco.

Eu queria que ela viesse, eu queria que Miguel viesse, eles de certa forma me deixavam mais felizes e eu me esquecia um pouco de tudo. Do porque da minha vida continuar sendo como era, quando a de todos mudavam.

― O que tem de bom ai pra comer? ― já ia para cozinha. Eu sabia que ela conhecia todos os cômodos da casa.

Essa era a primeira vez que ela vinha aqui depois de tudo o que aconteceu, por isso eu fiquei surpreso quando ela me ligou dizendo que vinha. Eu poderia estar fazendo qualquer coisa, mas se ela dissesse que vinha, eu pararia o que estivesse fazendo só para recebê-la.

― Eu não sei. ― respondi indo atrás dela.

Já tinha aberto a geladeira e examinava tudo o que tinha dentro com os olhos. Fez uma careta e abriu o freezer.

― Humm... Sorvete de napolitano. ― sorriu e umedeceu os lábios. ― vamos tomar? ― pegou o pote, colheres e sentou na bancada.

Fiquei observando cada gesto dela, fascinado com cada movimento gracioso, desde do andar até o jogar de cabelos.

― Você não quer? ― perguntou com o cenho franzido. ― para de ficar me olhando assim. ― riu.

― Só estava vendo você assaltar minha geladeira. ― falei com humor me sentando ao seu lado.

― Não assaltei nada. ― deu de ombros e enfiou uma colher de sorvete na boca. ― Hummm... tão bom.

Sorriu. Um sorriso completo, daqueles que faz covinhas nas bochechas e os olhos se estreitam rindo junto.

― Por que ta me olhando assim? ― ficou séria.

― Nada, só vendo como você é uma gulosa.

Claro que não era por isso, mas eu não diria o real motivo ela ficaria acuada e iria querer ir embora e eu não queria isso.

― Não sou gulosa. ― riu envergonhada. ― Só gosto muito disso. ― enfiou uma colher maior ainda na boca.

― Se você diz. ― levantei as mãos rendido. ― Vou ir lá ver o Miguel. Levantei.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora