Mell
O pãozinho de queijo quase derreteu na minha boca quando mordi. Era tão bom que eu devoraria todos que estavam a minha frente de uma só vez. E assim eu fiz comi todos que consegui e a cada um que eu comia, mais dez apareciam como mágica e eu nunca me cansava de come-los. Quando minha vontade de pão de queijo tinha sido saciada um enorme pote de sorvete com cobertura de chocolate e granulado apareceu em umas das mãos e na outra uma colher. Olhei pra colher e para o sorvete e independente de onde estava vindo tudo o que eu tinha vontade de comer naquele momento eu não me importei, apenas comia.
Acordei sentindo o gosto do sorvete na minha boca. Resumindo eu tinha acabado de sonhar que estava comendo pão de queijo e sorvete. Senti o chute do bebê e não deduzi que ele também quem queria, talvez quisesse mais do que eu.
“Então esse era o tal desejo que todas as grávidas diziam sentir?” A imensa vontade de sentir aquilo entrando pela sua boca não importando o que você tivesse que fazer para saciar aquele desejo. Eu antes de estar grávida pesava que isso era algo psicológico ou apenas uma frescura de grávidas que usavam as pessoas para se tirar proveitos. Mas agora eu as entendia completamente, aqui estava eu passando por esse lado frescurite, doida para usar quem quer que fosse para satisfazer a minha vontade. Minha boca salivava. Era como se o corpo pedisse por aquilo que estava fazendo falta, como se fosse um remédio para curar uma dor, uma droga da qual eu fosse dependente e faria meu corpo se acalmar assim que a usasse.
Levantei pouco zonza pelo sono esperando meus olhos se acostumarem com a escuridão do quarto para que eu pudesse reconhecer tudo a minha frente e não trombasse em nada a minha frente, principalmente o meu rosto em uma parede.
Abri a porta bem devagar e dei passos minuciosos, um atrás do outro, com cuidado para não ser ouvida e para não acordar Daniel. Tecnicamente eu parecia uma ladra, ou melhor, nesse momento eu era uma ratinha, já que estava indo para cozinhar a procura de algo para comer.
Minha ida a cozinha não foi tão vitoriosa o quanto eu pensava. Não tinha ali o que eu queria comer o sorvete de morango não era o de chocolate como foi no sonho e eu não queria sorvete de morango. Todo o cuidado que eu tive para descer eu não tive para subir. Agora eu queria anunciar a minha presença na casa, eu estava revoltada e o bebê não parava de chutar. Creio que estava revoltado também. Subi as escadas tão rápido que quase corri, andando pelo corredor apressada, mas não entrei no meu e sim no de Daniel. Abri a porta como um furacão, não sei como ele não acordou quando a mesma se chocou na parede. Ele estava cansado, hoje foi o dia que ele chegou mais tarde do trabalho e mesmo assim eu não me importei com isso.
Daniel dormia de bruços o lençol cobria até sua cintura, suas costas nuas, os braços por de baixo do travesseiro e uma respiração tranquila. Pena que eu teria que acorda-lo naquele momento.
― Dani?
Chamei o cutucando com o dedo, mas ele só mudou de posição se deitando de lado. De costas pra mim. Que absurdo! Exclamei em pensamento.
― Daniel? ― chamei mais alto, sacudindo seu ombro.
Era assim que ele me socorreria. Aqui estava eu em apuros e ele nem sinal de vida dava.
― DANIEL. ― gritei agora.
― Humm... ― murmurou sonolento.
― Quero pão de queijo e sorvete. ― fui logo direto ao ponto.
― Hummm!! ― ele só murmurava, nem tinha se mexido na cama
― O bebê quer pão de queijo e sorvete. ― disse aquilo meio como uma desculpa, talvez um pedido do filho dele ele atendesse mais rápido.
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Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)
Romance"Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço de seu futuro que deixa de existir". Vidas interrompidas. um futuro perdido. ódio e magoa... Melyssa agora paga pelo erro que cometeu anos atrás, tentando inutilmente agarrar-se a um novo recomeço e...