63.Nem tudo é como queremos

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Mell

        Abri os olhos devagar, meu rosto estava molhado, o cabelo estava grudado em minha testa. Parecia que eu tinha acabado de tomar banho, mas era puro suor. Afastei os cabelos que grudavam em minha testa e minhas mãos tremiam, minha respiração estava acelerada e meu coração batia desenfreado dentro do meu peito. Fiquei parada de olhos fechados os apertando-o bem, na tentativa de fazer minha respiração se tranquilizar, mas quando pensei em Lucas, ele veio a minha mente e flashes, havia tanto sangue. Meu corpo sacudiu com o choro, eu estava tremendo descontroladamente. Tinha sido um horrível pesadelo.

        Daniel passou as mãos no meu rosto e se aproximou mais e me abraçando.

― Está tudo bem. Já acabou. ― disse num sussurro em meu ouvido.

        Cada tentativa de conter o choro acabava em um soluço desesperado. Daniel me virou de frente para ele e secou minhas lágrimas com suas mãos.

― Desculpa. ― consegui falar depois de algum tempo, mas ainda não tinha parado de chorar.

― Você quer ligar pra ele? ― Sacudi minha cabeça negando.

        “Como ele sabia que eu tinha tido um pesadelo com o Lucas?” Olhei para ele confusa.

― Você chamou pelo nome dele. ― respondeu antes mesmo de eu perguntar. ― seria melhor se você ligasse, só para se certificar de que ele esta bem, assim você volta a dormir tranquila.

― Não precisa. Vai ficar tudo bem eu só preciso me acalmar um pouco. ― respirei fundo.

        Fechei meus olhos e a imagem dos olhos escuros de Lucas foram a primeira imagem que se formou em minha mente. Meus olhos começaram a lacrimejar e logo comecei a chorar de novo. Lucas morto. Isso não era real, mas mesmo assim doía como se fosse verdade. A dor era tão grande que apertava-me o peito a ponto de quase me sufocar.

― Eu vou buscar o telefone. ― Daniel falou já se levantando para pegar o celular que estava em cima da cômoda.

        Eu realmente não queria ligar, mas algo dentro de mim dizia que as coisas não iam bem. Peguei o aparelho depois de murmurar um muito obrigado para Daniel e disquei o número que eu sabia de co do celular do Lucas. Estava desligado, minha cabeça perdeu o prumo. O único pensamento que vinha nela era que realmente tinha acontecido alguma coisa muito grave.

        Pedi para Daniel pegar meu celular e disquei o número da casa dele. Chamou poucas vezes e ouvi o clique do telefone.

―Pronto. ― Era a voz da mãe de Lucas. Uma voz de choro e soluços.

        Se meu coração já estava desesperado, depois de ouvir os choros de Clarisse, ele quase quis sair do meu peito. Se Clarissa estava la algo tinha acontecido e eu não queria ouvir. Passei o celular para Daniel que me olhou espantado.

― Lucas? ― ele perguntou com a voz firme.

        Conversou algo com a mãe dele e me devolveu o telefone.

― Mell? ― Clarisse fungou do outro lado da linha.

― Está tudo bem? ― perguntei chorando. ― Aconteceu alguma coisa com o Lucas? ― minha voz saiu tremula ao fazer a pergunta.

― Nós perdemos a Marcela, Mell. ― disse baixo e chorosa. ― O Lucas quando soube que a irmã morreu, saiu abalado daqui e não sabemos onde ele está. ― soluçou. ― Já ligamos para todos os amigos e ninguém sabe para onde ele foi. Estamos preocupados com ele. Você não sabe onde ele possa estar? ― era a voz de uma mãe preocupada e ao mesmo tempo abalada com a morte da filha.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora