11. Aqui e agora!

10.1K 518 5
                                    

Oito meses antes 

        O vento batia no meu rosto agressivamente jogando alguns fios do meu cabelo para trás, meus olhos começaram a lacrimejaram, mas ainda assim eu gostava da sensação de correr velozmente, a sensação da adrenalina correndo em minhas veias e a cada curva fechada que Lucas fazia eu encolhia mais o meu corpo e me abraçava ainda mais contra ele para que o frio que percorria minha barriga fosse embora com o tremendo medo de cair.

        Lucas andava a 120 km/h em sua Hornet branca, desviando dos carros como um piloto de fuga. Ele andava tão rente entre os carros que às vezes eu olhava para trás para ver se ele não tinha arrancado o retrovisor de nenhum deles, mas para a sorte do motorista não ou azar ele era um bom piloto. Seria difícil nos seguirem com esse transito caso um motorista furioso visse atrás de nós para cobrar o prejuízo. 

― Quero chegar viva em casa. ― murmurei na tentativa de que ele diminuísse um pouco velocidade e me agarrei mais em sua cintura.

― Relaxa. ― ele piscou pra mim pelo retrovisor.

― É só um aviso. ― murmurei insatisfeita. 

        Essa era a primeira vez que eu andava com Lucas de moto e depois dessa experiência de quase morte, nunca mais ariscaria a minha vida de novo desse jeito. Foi o que prometi a mim mesma naquele dia, mas não consegui cumprir essa promessa. Eu era diferente das outras garotas, gostava da sensação de adrenalina no sangue, era daquelas que gostava se sentir a sensação do risco e se esse não me causasse danos físicos voltava pedindo bis. Por essa e por outras eu me considerava uma garota destemida.

        O único problema de se andar de moto era o medo de sofrer um acidente. Por mais que estivéssemos usando capacete ou qualquer outro tipo de equipamento de proteção, seu corpo nunca estava 100% protegido, se você cai seu corpo recebe todos os danos na queda. Milhares de pessoas morriam de acidente de moto por dia, e pensando dessa forma andar de moto era quase que assinar uma sentença de morte subliminarmente.

        O céu estava totalmente nublado podendo chover a qualquer instante, os relâmpagos anunciavam isso. E foi quando cogitei essa hipótese que começou a chuviscar. Me amaldiçoei por isso, agora o asfalto ficaria escorregadio e ficaríamos mais propensos a sofre um acidente. 

― Vai devagar Lucas, por favor. ― implorei e belisquei sua barriga.

― Ai, não precisa me torturar. ― reclamou. ― Já estamos chegando, calma.

― Precisa sim. ― retruquei. ― Eu não quero morrerrr. ― prolonguei o R.

― Como você é dramática. ― vi ele rir pelo retrovisor. 

        “Onde eu estava com a cabeça meu Deus quando liguei para Lucas e pedi para que ele viesse me buscar no trabalho?”  ― Pensei comigo mesma.  Antes eu tivesse pegado um ônibus não estaria de baixo de chuva e com toda certeza estaria muito mais segura. A chuva apertou um pouco depois de alguns minutos e eu agradeci quando enfim vi a esquina da minha casa. Eu nunca tinha ficado tão agradecida por alguma coisa 

― Obrigada meu Deus por me fazer chegar em casa viva? ― disse alto o suficiente assim que coloquei os pés no chão correndo para entra em casa. Não que fosse fazer muita diferença eu já estava toda molhada mesmo.

― A mim mesmo não agradece! ― Lucas disse vindo correndo atrás de mim.

― E deveria?!  ― abri a porta e passei rapidamente por ela. ― Você quase me matou. ― sibilei.

― Mal agradecida. ― sua voz abafada por causa do capacete que ele ainda usava.

        Eu, já me livrava do capacete e da bolsa, jogando ambos em cima do sofá. Pegando o de Lucas que me entregou logo e fazendo o mesmo. Minha mãe n ia gostar de ver coisas molhadas no sofá dela, mas tudo o que eu mais queria era me livrar de tudo molhado que estivesse no meu corpo.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora