62.Guardando minhas armas de defesa

7K 375 53
                                    

Mell

        A casa era linda, em um estilo rústico e acolhedor. Dentro da casa estava quentinho, já lá fora um frio violento nos aguardava quando saíssemos, era quase noite quando chegamos, o céu já tomava uma cor fosca e opaca. Todos nós corremos para dentro assim que chegamos, com o mesmo intuito. Escapar do frio. Marta, entrou na frente de todos.

― Acho que todos nós queremos nos aquecer. ― riu amistosamente. ― Vamos guardar essas malas.  ― dizia ainda na sala e nós a seguimos pelo corredor. ― Aqui é o quarto de vocês. ― Marta abriu a porta do quatro e me mostrou.

        Nada de mais, uma cama de casal, um guarda-roupa, uma cômoda e um sofá que ficava de frente para a janela. Eu não precisaria de muito mesmo e nem poderia reclamar, eu não tinha que impor nada e seria apenas um final de semana. Casas de passeio geralmente não tinham muitos moveis mesmo. Daria muito bem para mim e o bebê.

― Onde é o banheiro. ― contorci as pernas, minha bexiga estava estourando.

― No quarto tem um.

        Avistei uma outra porta que havia dentro do quarto, não tinha a reparado antes.

― Obrigada. ― entrei meio que correndo e entrei no banheiro.

        Alivio instantâneo foi o que senti. Minha bexiga devia ter encolhido de tamanha depois que fiquei grávida, eu perdia as contas de quantas vezes eu ia durante o dia

― Ai está você. ― Daniel disse surpreso a me ver. Eu secava as mãos na roupa. ― trouxe nossas coisas. ― havia duas bolsas de viagem em cima da cama e a dele já estava aberta.

― Obrigado.

― Acho que tudo meu da aqui nessa gaveta. ― começou a colocar umas mudas de roupa dentro da primeira gaveta da cômoda.

― Por que não coloca no seu quarto? ― cruzei os braços a perguntar. A única vantagem que eu tinha adquirido até a gora com a enorme barriga que ainda crescia, era que ela era um bom encostos para apoiar os braços quando eu os cruzava.

― Meu quarto é aqui Mell. ― disse de costas.

― A não é não senhor. ― disse ríspida. ― Escola outro. ― Sua mãe disse que poderíamos ficar com este. ― me referi a mim e ao bebê. Fui até ele que ainda estava de costas, segurei em seus ombros e comecei a puxa-lo para expulsá-lo do quarto.

― Não temos mais quartos. Essa casa só tem três. ― esquivou das minhas mãos girando o corpo e ficando de frente para mim.

― Impossível. ― disse relutante. ― Uma casa enorme dessas com só três quartos. ― bufei.

― Fazer o que né. ― deu de ombros. ― Esse sempre foi o meu quarto quando vínhamos para cá. Antigamente tinha uma cama de solteiro ai. ― Olhou de soslaio para a cama atrás de mim. ― Ainda bem que agora tem uma de casal, bem melhor para dividirmos. ― riu. E eu sabia que fazia aquilo para me provocar. ― Por que todo esse medo de ficar perto de mim? ― deu um passinho à frente se aproximando.

        “Eu e Daniel no mesmo quarto?“ “Medo?” “Ele ficando mais próximo?” Refazia as perguntas na mente. Não ia dar certo.

― Não tenho medo de ficar perto de você. ― ri nervosa e revirei os olhos tentando demonstrar que não me importava.

― Não parece. ― segurou meu pulso direito. ― Sempre que eu me aproximo de você, você parece que foge de mim. ― olhava fundo em meus olhos. Aqueles olhos lindos e penetrantes, como se quisesse ler meus pensamentos.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora