7. Namorada /Mulher (parte l)

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        Minha mãe entrou no quarto como fazia sempre quando eu demorava a levar. Se eu não levantava ela mesma me fazia levantar. Isso sempre me irritava e ela sabia.

― Vamos Mell, levanta. ― Disse puxando as cobertas de mim.

― Não estou muito bem. ― disse num murmúrio.

― O que você está sentindo? ― perguntou com certa preocupação. 

        Eu teria respondido a pergunta se outra ânsia de vomito não tivesse me feito levantar correndo da cama e ir para o banheiro. Durou uns dois minutos e não sentia mais vontade de vomitar por enquanto. Lavei o rosto, a boca e escovei os dentes. Olhei para o lado e minha mãe estava parada na porta me olhando.

        Me olhei no espelho primeiro analisando o meu rosto pálido, olhos profundos com olheiras, pálpebras arroxeados e a boca um pouco seca e roxa. Atrás de mim agora, via também o rosto da minha mãe. Cabelos curtos que batiam um pouco acima dos ombros da mesma cor que o meu castanho-escuros olhos verdes como os meus e algumas marcas de expressão começavam a aparecer com a idade. Sua expressão era amedrontada, boca entreaberta e um ponto de interrogação pairava a espera de respostas.

― Eu não sou médica ok. ― passei por ela. Eu sabia que ela estava preocupada e eu não sabia mesmo o que eu tinha. Mas independente disso, logo viria a tal pergunta que ela não ia deixar de fazer. ― Deve ser algo que eu comi ontem. ― completei saído do banheiro voltando para o quarto que eu dividia com a minha irmã Alexandra.

― Você não está grávida não é Melyssa? ― E lá estava à pergunta de um milhão de dólares. Eu nem me virei para encara-la, apenas deitei na cama e me cobri com o lençol até o pescoço. Aquilo de fato nem foi uma pergunta concreta, era como se ela estivesse afirmando algo.

        Eu gostaria de saber até quando as pessoas julgariam um simples enjoo ao fato de se estar grávida. Você vomita e as pessoas logo acham que você está grávida, poder ser qualquer outra coisa, mas a primeira coisa que te perguntam é: Você está grávida?

        Olhei para minha mãe que ainda me encarava a espera de respostas.

― Vai ficar me olhando com essa cara? ― revirei os olhos, e eles doeram, eu nunca tinha sentido dor em apenas revirar os olhos.

― Você ainda não respondeu a minha pergunta. ― seus braços estavam cruzados em cima do peito e seu pé esquerdo batia insistentemente contra o chão.

― Não mãe. Eu não estou grávida. Acho que não ― se estivesse seria uma surpresa tanto para mim quanto para ela.

― Acha?

― Menstruei na semana passada, mas tudo pode acontecer. ― disse com certo deboche. 

        Ela soltou a respiração pesadamente.

― Desculpa filha. ― sentou-se ao meu lado na cama. ― Está sentindo o quê? ― pôs uma mão em minha testa e outra em meu pescoço medindo minha temperatura.

― Acho que foi uma queda de pressão. ― fiz uma careta.

― Pode ser também, mas você está começando a ter febre. ― acariciou meu rosto com a ponta dos dedos. ― Vou pegar o termômetro e o remédio de febre. ― levantou-se e saiu.

        Eu só queria continuar no meu quarto quietinha, desejando que aquilo passasse logo.

― Trouxe o termômetro. ― entrou dizendo minutos depois. ― Senta. ― pediu já ao meu lado.

        Sentar pareceu tão difícil quanto correr uma maratona. Meu corpo todo doía, era como se eu tivesse virado saco de pancadas ou ter pego pesado em exercícios físico. Meus músculos todos doíam. Mas depois de algum esforço consegui me sentar. Ela colocou o termômetro embaixo do meu braço e me deu o comprimido e o copo com água.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora