72. Crise de ciúmes

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Mell

 ― Mell?

        Me chamaram, eu conhecia aquela voz, mas não me lembrava de quem era. Me virei e me deparo com...

― Diogo! ― disse surpresa, já me levantando para cumprimenta-lo, eu não sei porque, mas eu estava tão eufórica que quase derrubei a bolsa que estava no meu colo no chão, quando me levantei. Não que fossemos íntimos já que não éramos, mas Diogo me tratou super bem e era muito legal. Continuava lindo, a única mudança era que estava bronzeado. O Rio de Janeiro fazia isso com as pessoas.

― Eu fiquei na dúvida, me perguntando se era você mesmo... arrisquei. ― me pegou num abraço. ― Você está ótima. ― me girou no ar.

― Obrigada. ― respondi envergonhada. ― Você também. ― ri de lado. ― O que está fazendo aqui? Passeando?

―Estou morando aqui. ― fez aspas com o dedo e maneou a cabeça. ― Vim fazer uns trabalhos por aqui.

― Que legal, está trabalhando em que?

― Modelo. ― disse retraído.

― Que legal, e está gostando?

― Até que não é ruim, mas tirar fotos cansa. ― rimos.

        Ouvi os gritinhos de Miguel atrás de mim e só ai me lembrei de onde estava.

― Gente me desculpa. ― disse para Daniel e Isabella que continuavam sentados na mesa da lotada praça de alimentação. ― Esse é o Diogo. E Diogo esses são, Isabella uma amiga minha e esse é Daniel o pai do meu filho.

        Dava para ver que Daniel não estava nada satisfeito, ele forçou um riso amarelo e só.

― Esse é o seu filho Mell?

― É sim. ― peguei Miguel que estava no colo de Isa.

― Uma gracinha.

― Senta com a gente. ― me sentei. ― Consequentemente hoje eu fui até o trabalho do Daniel e encontro Isa por lá. Ela começou a estagiar na empresa onde o Daniel trabalha e viemos almoçar aqui no shopping para comemorar.

― Não vai dar. ― contraiu os ombros. ― Eu estava indo para uma seção de fotos ai vi você e vim cumprimentar.

― Que pena. ― Fiz uma careta.

― Posso falar com você um minuto?

― Claro.

        Eu entendi que ele não queria falar comigo na frente de todos, então entreguei Miguel a Daniel e nos afastamos um pouco.

― Aconteceu alguma coisa? ― agora eu estava preocupada, ele estava tão serio.

― Não. ― riu fraco. ― É que eu quero me desculpar pelo que aconteceu. ― mordeu o lábio inferior, ele estava se referindo a Lívia. ― Nós nunca esperávamos isso de Lívia.

― Shiii... eu nem lembro mais disso. ― peguei em suas mãos e as apertei com carinho. ― Tudo está bem e eu só quero esquecer tudo o que aconteceu. ― ri.

       Foi um vedável que passou pela minha vida, e tudo o que eu queria era apenas esquecer.

― Mas mesmo assim eu peço desculpas. Poderia não ter ficado tudo bem, mas graças a deus ficou. Bom eu preciso mesmo ir, mas um dia poderíamos marcar de nos encontrar e você me apresentar melhor  essa sua amiga. ― olhou para Isa sentada na mesa.

― Você continua o mesmo. ― bati em seu ombro. ― Tchau Diogo. ― o abracei de novo.

― Tchau.

        Terminamos o almoço e fomos para casa. Daniel estava sério e carrancudo durante todo o tempo e la no fundo sabia o que era, não perguntei o porquê para não me estressar. Se ele estava quieto estava ótimo.

― O que foi aquilo lá?

― Aquilo o que? ― coloquei Miguel no chão que logo começou a correr pelo quarto.

― Não se faz de boba. ― bufou, a voz irônica.

        Eu não queria discutir, por isso estava me esquivando de suas perguntas bobas.

― “Ele é o pai do meu filho”. ― imitou a minha voz e eu comecei a rir. ― Não vejo nenhuma graça nisso Mell, nós moramos juntos e você disse de um jeito.... ― grunhiu.

― De que jeito? ― tirei o sorriso do rosto, perguntando séria e cruzando os braços.

― Como se eu só fosse o pai do seu filho e mais nada.

― Eu não falei nada de jeito nenhum, você está inventando coisas. E você é o pai do meu filho, você queria que eu dissesse o que? Nós não somos casados, só moramos juntos. ― bufei já impaciente.

― E aquele agarramento todo, quem é aquele cara?

― Meu amante. ― disse sem paciência e fui atrás de Miguel que saiu correndo do quarto e ia na direção da escada.

        Aquela escada era meu inferno particular, eu tinha que ficar vigiando Miguel o tempo todo por causa dela.

― Como? ― ouvi ele gritar.

― Para de ficar me fazendo perguntas idiotas, você sabe que ele é um amigo. Eu não gosto que ninguém fique me regulando Daniel, você sabe disso e eu acho bom você não começar agora.

        Peguei Miguel, voltei no quarto e peguei minha bolsa.

― Aonde você vai?

― Vou na casa da minha mãe. ― passei por ele e bati a porta quando sai.

        Eu não ia para a casa da minha mãe, mas foi o primeiro lugar que pensei para falar. A casa dos meus pais era bem longe e a essa hora o transito estava de matar no Rio de Janeiro.

― Pra onde nós vamos filho? ― perguntei alto, mas não esperei por uma resposta.

― Ucas, Ucas.

― Ótima idéia bebê. ― sorri olhando pra ele pelo retrovisor. ― Vamos ligar pra ele e ver se ele está em casa, podemos passar lá e pegá-lo para irmos tomar sorvete o que acha?

        Miguel começou a fazer festa. Liguei para Lucas, no quarto toque ele atendeu.

― Está em casa?

― Sim, aconteceu alguma coisa? ― sua voz era preocupada.

― Não. O que acha de fazermos um passeio?

― Agora?

― Eu e Miguel estamos indo para sua casa, chegamos ai em dez minutos.

― Tudo bem eu não estou fazendo nada mesmo.

        Desliguei, não era seguro ficar falando ao telefone enquanto dirigia, principalmente com Miguel dentro do carro. Coloquei uma músiquinha infantil e ele começou a dançar do jeito que podia sentado na cadeirinha. 

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora