Mell
A melhor coisa de se estar grávida era que nada lhe caia bem. Digo isso pelo lado cético, já que tirando o fato de se gerar uma vida, estar grávida era um saco. Os enjoos sem fim, o sono excessivo, descontrole emocional e o pior de todos o ganho de peso. Mas escolher uma roupa era impossível, tudo que uma grávida veste a faz parecer um bujão de gás encapado. Aquele era o quinto vestido que eu colocava, já que agora minha barriga de cinco meses parecia de seis e a única coisa que grávidas podiam usar para parecem mais apresentáveis eram vestidos.
― Anda Mell, eles já devem estar chegando. ― Daniel colocou a cabeça dentro do quarto, parei de me olhar no espelho apenas para vê-lo.
― Esse vestido não me deixou muito... Hum... ― pedi sua opinião.
― Está linda. ― sorriu amistosamente.
Eu sabia que não estava linda, mas se ele dizia eu acreditei, se eu não fingisse pelo menos que acreditava eu não sairia daquele quarto. O vestido era simples, não era estampado nem nada, mas isso não alivia em nada. Eu me sentia um forro de bujão e isso era fato. Não só nele, mas em todos os outros. Eu já tinha feito à maquiagem, o cabelo e agora só faltava colocar a sandália.
― Você me ajuda? ― sentei na cama já colocando meu pé dentro da sandália dourada.
― Com o que? ― adentrou no quarto e parou perto de mim.
― A fechar a sandália, a barriga não me deixa fazer isso mais. ― ri meio sem graça.
― Claro. ― arrastou a poltrona da penteadeira a colocou de frente para mim para que ele sentasse. Estendi um dos pés.
― Você não deveria ficar andando com isso. ― traspassou a correia fina pelo fecho, seus olhos percorrem minha panturrilha um pouco da coxa e fitaram os meus olhos. ― Pode ser perigoso, você pode se desequilibrar e cair.
― Não é tão alto assim. ― e não era. A sandália era até plataforma justamente para me dar mais apoio aos pés.
― Fazem de tudo para ficar elegantes. ― riu de lado e pegou meu outro pé. ― Nossa, eu não sabia que você tinha uma tatuagem. ― Disse surpreso passando a mão pelas estrelinhas em meu calcanhar. Eram três, uma vermelha, uma verde e uma amarela de tamanhos intercalados.
― Fiz isso quando era adolescente. ― dei de ombros. Foi uma dor desnecessária já que hoje elas não brilhavam mais os meus olhos. ― me arrependo de tê-las feito.
― Porquê?
― Eu fiz mais para afrontar os meus pais. ― ri. ― Fui meio rebelde na adolescência. ― revirei os olhos. ― Eu pedi e eles não deixaram então eu fui lá e fiz escondido. Acho que tinha uns dezesseis anos. Meus pais me colocaram de castigo por um mês.
― Então você foi uma menina má na adolescência? ― perguntou risonho.
― Não má. Eu sempre fui racional tinha medo de fazer as coisas por ter medo das consequências, mas essa foi a coisa mais errada que fiz na minha adolescência. ― Expliquei. ― Eu acho.
― E por que fez estrelinhas?
― Eu achei elas bonitinhas na época. ― olhei para as mesmas. A campainha tocou e olhamos para a porta, acho que deduzindo o mesmo.
― Chegaram. ― terminou fechar a sandália e me ajudou a levantar.
Daniel e não soltou mais, descemos as escadas de mãos dadas. Ele estava com medo mesmo que eu caísse com o salto? Maria já abria aporta quando descíamos.
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Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)
Romance"Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço de seu futuro que deixa de existir". Vidas interrompidas. um futuro perdido. ódio e magoa... Melyssa agora paga pelo erro que cometeu anos atrás, tentando inutilmente agarrar-se a um novo recomeço e...