66.Perigosa, armada e cruel.

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Lucas

Três meses depois

Aquela de longe não era a mulher que eu conhecia. Ainda era ela na fisionomia, mas tinha adquirido algumas mudanças em suas características. Seu corpo não era mais esguio e magro, curvas bem atribuídas tinham se formado nos lugares certos, os cabelos tinham sido tingidos de preto e reluziam contra a luz, olhos azuis tinham mais a doçura e bondade de antes. Seu olhar era indiferente, frio e carregados de maquiagem preta do qual os deixavam mais obscuros e amedrontadores. Usava um vestido vermelho colado ao corpo, uma bota rasteira que ia até a canela preta e uma jaqueta de couro curta. Perigosa aramada e cruel, essa era a nova Lívia que eu tinha acabado de conhecer.

― Você fica muito bem assim amarrado, Lucas. ― sorriu sarcasticamente. ― Já tive varias fantasias sexuais com você aqui. ― riu maliciosamente.

Eu estava amordaçado em um lugar do qual eu não fazia a menor idéia de onde era, tudo aconteceu tão rápido que eu ainda tentava assimilar como Lívia me trouxe para cá. Eu me lembro de estar na minha casa atender a porta e depois acordar aqui.

Ela andava de um lado para o outro me olhando a todo instante, meus olhos a seguiam amedrontados, em sua mão ela segurava uma arama. Tinha tanta segurança no que fazia que parecia que fazia aquilo para viver.

― Você deve estar se perguntando como veio parar aqui? ― andou até mim, passou as mãos nos meus cabelos e depois no meu rosto, não da forma carinhosa que fazia, mas de uma forma mais grossa. ― Mas isso eu respondo depois. Ah, eu me esqueci de te dar os pêsames, fiquei tão triste quando soube que sua irmã morreu.

Seu tom era carregado de ironia e deboche.

― Vamos desamordaçar você. ― riu. ― Mas tem que me prometer que vai ser um menino bonzinho, se você for um mau menino ai eu vou ter que te calar novamente. ― já desamarrava o pano que estava em minha boca.

― O que você acha que está fazendo Lívia? ― disparei em falar. ― Ficou doida?

― Won, wonn, won... Mau menino. ― silenciou meus lábios com o dedo indicador. ― O que eu disse sobre não falar de mais. ― franziu as sobrancelhas. ― Nem falou nada sobre o meu novo visual. ― rodopiou na minha frente e eu revirei os olhos.

Ela estava enganada se achava que eu ia elogiar ela.

― Como você me trouxe para cá, Lívia? ― olhei a minha volta.

Aquilo era uma casa abandonada e pelo visto longe de tudo e de todos.

― Também morri de saudades amor. ― disse irônica revirando os olhos e puxando uma cadeira velha, e sentando a minha frente em seguida.

Tentei soltar as amarras das minhas mãos que estavam presas atrás de mim, mas a filha da mãe era boa em dar nó.

― Para com isso Lívia. Que palhaçada é essa? Me tira daqui. ― me debati na cadeira.

― Se eu fosse você não continuaria fazendo isso._? desviou os olhos dos meus. ― Como você vê tudo nessa casa é velho, então essa cadeira pode quebrar e você cair no chão gatinho selvagem. ― rugiu como um leão passando a mão no meu rosto.

― Não toque em mim. ― tentei me afastar.

― Acho que você não está em condições de reivindicar nada por aqui. ― seu olhar era furioso. ― Acho bom você se comportar. ― disse duramente.

― O que você quer de mim Lívia?

― O que eu quero de você? _ colocou uma mão no queixo e começou a pensar.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora