64.Confirmando a minha tese sobre...

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Lucas

― Eu estou bem mãe. ― disse assim que atendi o telefone. Minha voz ainda embargada por causa do choro, mas eu não chorava mais, de alguma forma a presença de Mell aqui amenizou um pouco da dor que eu ainda sentia vestígios em meu peito.

― Cadê a Mell, Lucas? ― a voz de Daniel era cobradora e exigente. Um pouco até arrogante. ― Ela saiu daqui falando que sabia onde você estava... ― falava sem respirar. E minha mãe nunca teria uma voz masculina daquelas. ― Já liguei para elas milhares de vezes e ela não atende... ― preocupação acima de tudo era o que mais tinha em seu tom de voz.

Eu queria dizer que ela estava bem ali a minha frente, olhei-a, seus olhos se desviaram dos meus assim que olhei para ela, passou as mãos na barriga e sorriu para si mesma. Sabíamos que não havia motivos para sorrir, mas era só olhar para ela, ali sentada, os cabelos presos em um coque alto e completamente meiga que eu sentia vontade de sorrir involuntariamente também.

― Eu estou aqui sem saber o que fazer, não sei para onde ela possa ter isso. ― Sua voz me despertou do transe em que eu entrava por observar Melyssa. Ele deveria estar andando de um lado para o outro; sua voz oscilava a todo momento.

― Terminou Daniel? ― disse soltando o ar assim que ele ficou mudo.―? Ela está bem. Está aqu....

― Deixa eu falar com a minha mulher. ― me interrompeu autoritário. Ainda brandia do outro lado da linha, mas eu já tinha tirado o celular do meu ouvido e estendido o braço com o celular fechado em meu punho na direção de Mell.

― Seu marido quer falar com você. ― as palavras saíram forçadamente da minha boca.

Mell, pegou o celular da minha mão me olhando confusa. Olhou para tela se certificando antes de coloca-lo no ouvido.

― Oi Daniel. ― disse secamente. Nada de frases melosas. ― Eu estou bem. ― continuo. ― Meu celular está no carro por isso não atendi. ― disse irritada e depois permaneceu em silêncio esperando Daniel terminar de falar.

Assim deduzi.

― Eu já disse que estou bem. O bebê está bem. ― alterou a voz e acho que até vi ela revirar os olhos. ― Não! ― falou em um meio grito e olhou para mim. Não só apenas um olhar, seus olhos permaneceram em mim por um tempo. ― Não Daniel. ― bufou.

Falou mais uns nãos, mas pelo visto Daniel insistia no que quer que fosse. Soltou o ar dos pulmões rendida, deixando os ombros caírem, me olhou novamente com olhos cansados e estendeu o braço para me devolver o celular.

― Ele quer falar com você.

― Oi Daniel? ― não fui nada agradável ao perguntar.

― Será que você pode trazer a minha mulher para casa? ― disse autoritário e com ironia. Ele queria me ferir com aquela posse que impunha a Mell, mas me forcei de todas as maneiras para não me abalar. ― A gravidez da Mell é de risco, e sabe-se lá onde vocês estão. ― sua voz saiu em um meio grito. ― Se acontecer alguma coisa com o meu filho ou com a Mell, Lucas...

Desliguei o telefone, eu não era obrigado a ouvir sermões àquela hora. Ainda mais do Daniel.

― Vamos. ― levantei estendendo a mão para que ela pegasse para ajuda-la a se levantar.

― Podemos ficar mais um pouco? ― perguntou já de pé.

― Seu marido está todo nervozinho. ― falei com indiferença. ― Não quero ter problemas.

― Ele não é meu marido. ― desviou os olhos dos meus. ― Apenas moramos na mesma casa. ― ponderou passando por mim, me dando as costas e andando na frente de braços cruzados.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora