Indecisões 💔

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Ao entrar, o Kal me esperava sentado, de frente pra uma lareira acessa e com um tigre branco do lado dele. Tudo era verdade, exceto pelo tigre, que inventei agora. Sabe quando sua roupa não faz jus ao lugar? Era um um vestido curto todo decotado. Pelo menos não era uma calça Korova. Percebi que ele tava na presença de outros cinco homens e todos eles vestiam roupas sérias. Eles claramente queriam ser respeitados. Perguntei se eu não tava atrapalhando nada, só por educação, porque eu sabia que não tava. Kal mandou eu sentar e me apresentou aos advogados dele. Aí, meu Jesus... Não posso ser processada. Eu nem sabia o que ia ser dito ali, mas já queria ir embora. Kal falou pra eu ficar calma e desse que, como eu seria sua mulher, havia algumas coisas que precisavam ser resolvidas antes. Eu já ia garantir três casas e um tigre branco. Só ando de short e saia curta, decote, salto Louboutin, então eu ia tentar assinar uma cláusula que garantisse uma distância entre mim e vestidos longos. Será que um dia meu futuro marida irá fazer um filme sobre mim? Desculpa, eu tava nervosa e mil coisas passavam pela minha cabeça. Achei até que tava com lêndea. Uma das primeiras cláusulas: sigilo total. Não posso falar com a imprensa sobre nossa vida pessoal sem que aja uma autorização prévia de seus advogados. Ouviu, né, Sônia Abrão? Uma entrevista minha estava fora de negociação. A segunda cláusula era que eu tinha uma pequena porcentagem dos ganhos mensais de Kal. Achei ótimo! Só espero que ele não ganhe só 10 mil por mês, porque se for pra ganhar só 300 reais, eu continuo trabalhando e vivendo minha vida de famosa. Tinha várias outras cláusulasusulas que eu fingi ter lido mas algo mim dizia pra eu não assinar nada. Esse lado era mais conhecido como meu lado inseguro. Dei a ele um nome de Marcinha. Marcinha disse pra eu esperar e não assinar nada. Era pra eu pensar com pouco e só depois agir. Falei que precisava ir no banheiro e tentei levar os papéis pra mandar pra uma amiga advogada. Só que eles pediram pra eu deixar os papéis lá. Ainda tentei retrucar dizendo:

- Mas lá te papel higiênico?.

Pra minha infelicidade eles disseram que sim. Fiquei com medo de arruínar  minha vida por causa do meu olho grande. Fui aí banheiro, que parecia uma decepção com vaso, parei, pensei, retoquei o rímel e saí. Eu disse que não queria assinar nada no momento. Eles se olharam e eu disse que precisava conhecer melhor Kal antes de tornar as coisas oficiais. O Kal Sada suou frio, assim como todos os presentes. Menos eu! Eu tava plena. Só um pouco de umidade entre as pernas. Mas o Kal concordou comigo e todos foram embora. Inclusive ele. Fiquei sozinha. Peguei meu celular e liguei pra Mona, já que se eu ligasse pra minha mãe e contar tudo ela ia pirar. Ela tende rápido.

- Até qui fim, te liguei, liguei e tava dando desligado, como você tá?.

- Foi mau eu tava em reunião, eu estou bem, minha mãe?

- Ela não para de perguntar por você, seu pai disse que se não aparecer dentre essa semana, vai começar a procurar por você, e você sabe como ele é...

- Tudo bem então, fala pra eles que eu estou muito bem, e qui logo votarei, fala pro meu pai não pirar.

- Falar e fácil, tudo bem, eu falo com eles, tchauzinho e se cuida ridícula.

- Tchau inferno- desliguei o celular o jogando no sofá. Subo entrando no meu quarto maravilhoso. Deito na cama e começo a pensar.

Quando você precisa tomar uma decisão importante, os amigos são as melhores pessoas pra opinar sobre o que você deveria fazer. Uma pena eu só ter amiga ridícula. A Mona disse que eu estava melhor sendo famosa com minha série, meus canais no YouTube e sendo chamada prós melhores programas de entrevista do mundo. Já a Priscilão, uma amiga muito antiga, disse que eu tava certa e tinha que ir mesmo. Afinal, não é todo dia que se em a oportunidade. AAAAAAAAH, o que fazer? Entendo os dois pontos de vista, mas é difícil decidir qual é o melhor pra mim. Botar decisões na minha mãe é a mesma coisa que fazer um humano escolher entre dinheiro ou comida de graça. Marquei um encontro com Kal. Tava disposta a conhecer melhor esse Diretor americano e ver onde eu estava prestes a mim meter. Dessa vez coloquei um vestido preto maravilhoso e um batom vermelho da cor do meu cabelo ruivo. Agora sim, eu tava vestida como uma versão stripper da Kate Middleton. O Kal Sada mim recebeu na calçada (óbvio) e me deu um beijo no pescoço. Já achei uma falta de respeito! A gente nem tinha se beijado ainda. Entramos na mansão que futuramente seria minha e começamos a conversar sobre a vida. Kal me apresentou ao amigo dele, Pavimento. Brincadeira, não é o nome dele, mas essa piada não podia ficar na minha bolsa. O nome do amigo era Ariel, igual a Sereia. Ficamos nós três jogando conversa fora, felizmente todas recicláveis. Odeio estereótipos e todas as suas vertentes, mas Kal Sada e Pavimento se encontravam demais. Eu sei que certas amizades tem particularidades, mas ficar passando a mão na cabeça do outro, trocando olhares e sorrisinhos, botando a mão na perna, pegando na bunda um do outro, no pinto... Que amizade estanha. Como já falei, eu realmente não sou ciumenta, mas aquilo tava esquisito. Meu celular vibrou, era uma mensagem de Priscilão, ela avia mim enviado uma foto. Sempre que Priscilão vem falar comigo, ela quer pedir alguma coisa, mas, mesmo se eu estivesse brigada com uma pessoa, se ela me enviar uma imagem, vou correndo olhar o que é. E tava lá. Pra minha surpresa, eu saí no falecido site Ego: "Diretor Americano Kal Sada é visto com mulher misteriosa na calçada". Esqueci se falar do feat. do beijinho no pescoço que ela me deu e QUE TAMBÉM SAIU NA FOTO. Fiquei naquela: "Mostro ou não mostro?" Mostrei.

- Olha só, parece que a mídia já desconfia do Diretor e da futura esposa dele.

O Kal Sada e o Pavimento morreram de rir.

- Eu já tinha visto- disse Kal.

Como assim? Ariel falou que tinha tirado a foto e que nós precisávamos conversar. Tudo começou a girar na minha cabeça. Por que o melhor amigo de Kal ia tirar uma foto nossa na frente de casa? Por que o Kal já tinha visto a foto? E por que precisamos conversar?. Foi com uma mão suspeita na perna do Ariel que Kal me contou que tinha um saco com ele. AHAM, nem desconfiei. Joguei a água potável que eu tava bebendo na cara dele. Não, não sou homofobica. Joguei porque ele tava me fazendo de palhaça aquele tempo todo. Procurei as câmeras pra ver se eu não tava participando de um testa de fidelidade sem saber. Mas não. A situação era mais complicada do que parecia. O Kal contou que era bixessual, mas que no memento estava namorando o amor da sua vida por baixo dos panos. (E muito provavelmente por baixo do edredom também.) Fazia muito tempo que ele e Ariel se conheciam. Quer dizer, desde o ano passado. A família de Kal não aceitavam imperfeições na família, e não permitiam namoros ou casamentos homoafetivo, por isso Kal precisava de uma mulher falsa para que o romance continuasse acontecendo sem que ninguém desconfiasse de nada. Por um lado, seria maravilhoso ter um marido que é rico e que vai fazer todas as minhas vontades sem eu nem precisar encostar nele. Mas, ei, não cheguei onde cheguei pra virar fachada de calçada. O Kal é o Ariel são a coisa mais fofa do mundo juntos, e olha que sempre achei que esse posto fosse meu. Fiquei numa dúvida cruel. Se eu não aceitar, Kal provavelmente vai procurar outra mulher que o faça. E olha que tem muitas que aceitariam. Priscilão é uma delas. Decide meu rumo. E pra descobrir qual seria ele, liguei pra esse mesmo programa, nesse mesmo horário, nesse mesmo canal, só que amanhã. Já chega por hoje, né? Não? Então pronto! Decidi que vou aceitar ser a mulher de mentirinha de Kal. Não me julgue, tá? Minha mente já tá fazendo isso o suficiente, mas serão só cinco anos da minha vida. Quase nada! Não foi muito difícil mim despedir de Mona. Eu disse: Tchau, Mona", e ela disse: "Tchau". Talvez me quisesse bem longe dela o quanto antes. O motorista veio mim buscar. Sr. Frankfute. Parece nome de neonazista. Uma benção é o motorista não trocar uma palavra com você. Nem mesmo se você puxar assunto. Fui simpática dando tchauzinho quando vi o carro, e ele simplesmente me olhou e seguiu em frente. Me deixou lá. Quando finalmente voltou, ele se desculpou dizendo que não tinha me visto. AAAAAH, DUVIDO. Um mulherão desses, como não me viu? Achei esfarrapada essa desculpa.






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