Confraternização

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Cheguei em casa dando de cara com meu pai. Corre e lhe abracei depositando um beijo em seu rosto.

- Como vai filha?- perguntou sentado. Fiz o mesmo.

- Estou ótima pai, o que veio fazer aqui? Pensei que estivesse trabalhando- perguntei um pouco curiosa.

- Sua mãe mim disse que foi convidada para o baile real...- ele começa. Bufei- Você sabe que sempre foi meu sonho ver minha única filha mulher se casar com um homem bem sucedido, cavalheiro, respeitador, responsável...- corto ele.

- Pai, eu sei que você deseja isso mais eu não sei se eu quero mim casar- levantei- Eu não quero mais ficar nesse assunto, tudo bem você?.

- Só se você mim prometer uma coisa...- concordei esperando ele continua- Você vai ter que ir nesse baile- suspirei.

- Tudo bem pai, tudo bem- ele levanta e depósita um beijo na minha testa.

- Eu tenho que ir pra delegacia, eu te amo filha, tchau querida- ele paga a chave de seu carro e se dirigi até a porta.

- Tchau pai, também te amo- ele sai e fecha a porta atrás de si. Suspirei e subi pro meu quarto. Tirei meu salto e mim joguei na cama. Fiquei pensando no que a cigana Joana avia mim dito. Acabei dormindo com meus pensamentos. (...) Daqui a dois dias eu teria um reencontro do pessoal que estudou comigo no ensino médio. Lembra que falei que não gosto de nem um? Pois é, não gosto. "Ah, Joana, mas por que você tem que ir, então?" Não sei. Tenho todos no Facebook, e são muito bem-sucedidos. Eu mesma não curti nenhuma foto deles. Sinto que nunca desenvolve um laço afetivo com ninguém... De duas, uma: ou eu sou uma pessoa horrível ou é realmente o universo mim deixando longe do que não presta. Ou talvez eu seja uma pessoa horrível e o universo me deixa linde do que não presta. Só sei que tava sentindo uma energia nova, talvez uma vibração... Acho que é meu celular, só um minutinho...

- Hmmmm... Aham... Que que tem? Ah, mentira!... Nããããão, pode trazer! Adorei! Tá... Tá... Tá... Tá... Tá bom, tchau.

Era a Mona. Ela achou uma roupa perfeita pra o reencontro nos sábado. Eu queria um look maravilhoso, um look que diga "Perfeitamente perfeita". Fui pra cozinha, peguei um pedaço de torta de morango na geladeira e comecei a comer na bancada mesmo, quando terminei coloquei na pia e bebi um pouco de água. Fui pra sala e fiquei assistindo.

                        *  *  *

Já estava quase na hora da confraternização. Sempre quando tem e evento eu mim sinto poderosa umas horas antes. Danço na febre do espelho, treino respostas rápidas, investo novos bordões e foras. Também escovo os dentes umas sete vezes. A festinha daquele dia era organizada pela Fernanda Benigna (lembra que eu falei dela? A que parece uma verruga?) O pelo Jake Smith. A Fernanda Benigna deu uma grande volta por cima. Ela provavelmente entrou pro Guinness book como a primeira verruga a abrir uma empresa. Já o Jake Smith sempre teve dinheiro. Ele recebia ajuda financeira dos pais pra conseguir tudo que queria, mas claramente não tinha talento algum. Na época da escola e tinha uma banda chamada Pink Bandanas, que era uma alusão ao fato de ele e os outros integrantes terem a cabeça do pênis cor-de-rosa. Eu não preciso nem dizer que as músicas eram horríveis, né? Eles fizeram um pouco de sucesso, mas só pela aparência. Acho que o Smith sabia disso porque ele até compôs uma canção chamada "Previlégio branco" em que dizia: "Se tiver ruim, eu não mim preocupo tanto. Sucesso é certo, apenas porque sou branco". Ele tinha um chush por mim no ensino médio mas eu só tinha olhos pro Cooper, o que mim abandonou no altar. Ele acabou noivando com a Jayde Confederado, uma ridícula insuportável que naquela época fazia apresentações de dança nas aberturas das olimpíadas estudantis anuais. A Jayde e eu éramos consideradas as garotas mais bonitas da escola. Havia uma rivalidade implícita entre a gente. Todo trabalho em grupo era como se fosse uma copa do mundo só que com quarto times. A final era sempre um grupo contra o grupo da Jayde. Bons tempos em que PowerPoint tinha alguma relevância na minha vida. Eu soube por fofoca que a Jayde era apaixonada pelo Smith, mas ele só tinha olhos pra mim. Eu estalava os dedos dizendo "Smith", e ele já vinha correndo. Uma pena eu não ser interesseira naquela época. Mas passado, né, fofa? Agora eu realmente preciso ser bem mais sucedido, milionária, mais só que já sou. O vestido que Mona  trouxe pra mim era do tipo que servia pra ir pra uma after parck do Emmy. Era um vestido preto brilhante que deixou meu corpo maravilhoso!.

Oi... Aqui é a Mona! Peguei o computador da Joana enquanto ela saiu pra ir ao banheiro. Isso tudo é desculpa dela. Ela que demorou pra tomar banho e fazer a maquiagem, porque a Joana sem maquiagem...

As vezes me pergunto o por que eu gosto da Mona, já que na maioria das vezes eu fico com vontade de arrebentar a cara dela.

Logo na entrada da confraternização tinha uma menina checando os nomes na lista. Passei direto desfilando, mas ela perguntou:

- Nome, senhora?

- Nome eu não tenho, mas tenho 100 Reais aqui.

Entrei com a Mona, a menina ia pelo menos tomar um açaí depois.








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