Um dia se passou desde que comecei a receber sinais. Eu tava enxergando coisas em tudo que era canto. Era como se o universo estivesse dando spoilers. Eu vi sinais na rua, nos carros, nos outdoors...no pescoço da Mona. Mas, no caso dela, era só uma verruga. A verruga mim lembrou muito a Fernanda Benigna, que estudou comigo... Por onde será que anda a Fernanda?. Comprei um biscoito da sorte e quando peguei o papelzinho tava escrito: "O rio corre e nunca sai do lugar". O que isso queria dizer? Será que eu sou o rio que não sai do lugar? Ou será que eu tenho sorte por não ser o rio? Sei lá. Só sei que na saído só restaurante chinês vi um folheto de uma cigana que prevê o futuro dos outros. Adivinhem só o nome dela? JOANA. Se isso não é destino, com certeza é feitiçaria. Tá amarrado no nome de Cidinha, Ellen e Sirlene da rua de baixo. Fiquei encucada com todas essas coincidências e mensagens subliminares. Fui comentar com Mona, que perguntou:
- Posso ler sua mão?
-Sai fora! Eu, hein! Que ler minha mão o quê? Tá maluca?- exclamei- Pode ler minha mão, sim.
Eu estava nervosa porque esse negócio de ler mão e adivinhar coisas é muito estranho. Mona pegou minha mão.
- Hmmmmm....
Aí, meu Deus, o que queria dizer esse "Hmmmm"?
- O que foi, Mona?
- Nada, é o cheirinho do almoço, que já tá quase pronto.
Ufa, ainda bem! Mandei Mona ler logo minha mão e lembrei que foi com aquela mão que eu matei a joaninha. Tadinha. Espero que a família tenha encontrado o corpo dela.
- Quatro, sete, um, sete, oito, dois, três...- enumerou Mona.
- O que isso quer dizer?- perguntei.
- Não sei, você anotou esse número na sua mão.
Era o número da cigana Joana! Acho que só ela poderia dizer o que significa todos aqueles sinais que tavam aparecendo no meu caminho. Por conta deles, inclusive, perdi horas na porra só trânsito pra visitar a cigana. Cheguei. Ô lugarzinho pra ter tanto sinal, viu!?. Entrei no estabelecimento da cigana Joana e já senti o cheiro de incenso. Logo que ela mim viu, apontou na minha direção e ficou uns dez segundos com o dedo levantado. Pensei: "Pronto, é agora que ela vai revelar tudo". Aí ela disse:
- Querida, a porta! Fecha porque o ar tá ligado.
Fechei a porta, dei boa-tarde e ela me chamou pra ir atrás dela. Já imaginei a gente indo pra uma sala com mesa redonda e uma bola de cristal. E não é que foi isso mesmo? Tirando a bola de cristal porque, segundo Joana, a dela tinha dado defeito. A cigana Joana olhou nos meus olhos profundamente. Então se aproximou e perguntou:
- É lente?
Eu disse que sim, que tenho miopia e astigmatismo, mas é bem pouquinho. Em seguida, ele pegou várias cartas. Distribuiu seis pra ela e seis pra mim. Aí me perguntou:
- Já jogou Uno?
Sério mesmo que eu vim pra esse fim de mundo pra jogar Uno? A cigana Joana começou a desabafar comigo o quanto a vida era difícil e que ela foi uma criança muito sozinha. Mas eu não tava lá pra ser amiga, afinal ela nem parecia ter tanto dinheiro assim. Levantei, peguei minha bolsa e, na hora que eu tava saindo, ela levantou o dedo de novo, apontando pra mim. Até olhei pra ver se eu tinha deixando a porta aberta, mas aí ela falou:
- Você será uma das mulheres mais ricas que o mundo verá...
Ah, meu Deus! O que será que isso queria dizer?
- Quando isso acontecerá?- perguntei.
Ela disse que não tava conseguindo ver porque tinha esquecido os óculos na sala. Por mais que tenha sido uma informação breve, pra mim foi suficiente. Eu seria mais rica do que sou! É, Joana, seu sonho vai se realizar! EU VOU FICAR RICA PRA CARALHO! Saí toda boba e sambando de lá. Até dei um real pro morador de rua que avia na frente do estabelecimento. Aquela calçada parecia uma passarela. Eu tava bela! Até meu salto prender na porra do paralelepípedo. E depois ainda dizem que o universo tava conspirando ao meu favor... Tirei o pé do salto e tentei desprender o sapato. Acreditem, ninguém me ajudou! Nem o morador de rua! Até que eu ouço alguém dizer:
- Joana
Me virei e vi a Isabelle, que era minha vizinha em 2003. Ela era uma das minhas coleguinhas que me davam de aniversário um presente bom, que não fosse roupa. A Isabelle me ajudou a tirar o salto do paralelepípedo e perguntou como atá indo minha carreira. Julgando pela roupa, ela provavelmente tava bem empregada, bem-sucedida e satisfeita com todas as suas conquistas. Falei da minha carreira pra ela, Isabelle vibrou com o meu sucesso, desse que tava trabalhando na produção do American Idol, um reality show que tenta descobrir o novo ídolo nacional. Dei de ombros e mim despedi dela entrando no meu carro, segui pra minha casa.
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Princesa Desencantada
Roman d'amourJoana. É a rainha das grosserias, adora um barraco, é uma grande estrela da websérie Girls in the house, da RaoTV, canal do YouTube com mais de 100 milhões de visualizações. De tão querida, ela ganhou uma série própria, Disk Joana, na qual já coloco...