"PARA SEMPRE PARA SEMPRE" [ REVISÃO ]

Capítulo 1.

Sinto falta da minha vida de alguns anos atrás. Hoje me sinto sozinha e vulnerável e posso garantir a todos que me perguntarem que o tão sonhado dinheiro não é tudo em nossas vidas. Ele traz conforto e regalias, mas ao mesmo tempo, te tira o tempo e o sono e pode acabar com uma família.

Meu nome é Sophia e vim contar um pouco das tantas besteiras que fiz quando percebi que estava completamente sozinha e do grande amor da minha vida que achei que ali, jamais estaria.

...

Acordei na manhã de mais uma segunda feira com o despertador gritando ao lado da cama em minha escrivaninha, desliguei o despertador, dei um beijo no meu namorado que ainda estava dormindo, e me levantei com o máximo de cuidado que pude para não o acordar. Fui até a sacada do quarto e o dia estava maravilhoso, o céu estava um azul clarinho e a brisa suave da manhã estava com um frescor mágico. Me espreguicei preguiçosamente e fui tomar um banho e começar a me arrumar para ir para a escola.

Eu estava no último ano do ensino médio e minha vida acadêmica estava péssima devido às tantas faltas, ocorrências por atraso e matérias não entregues, e nessas circunstâncias eu não podia ter mais nenhuma falta, ou correria o risco de perder o ano todo.

Após sair do banho, trocar de roupa, acertar a mochila, fui acordar o Lucas que também estudava no mesmo lugar que eu, estava na mesma sala e estava com a situação acadêmica ainda pior que a minha.

- Bom dia, amor! Acorda, vamos nos atrasar pra aula.
- Eu chego na segunda aula, pode ir. - disse se virando para o lado e voltando a dormir.
- Lucas, você sabe que nossa situação na escola não nos permite mais faltar, principalmente você, já passamos dos limites, acorda! - expliquei carinhosamente enquanto acariciava o cabelo dele.
- Que porra, Sophia. Me deixa dormir, vaza! - disse tirando minha mão bruscamente dos seus cabelos.
- Bom, você não é mais uma criança, sabe das suas obrigações, depois só não diga que eu não tentei te ajudar.
Sem dizer uma palavra, Lucas se levantou com uma expressão de raiva, entrou no banheiro e bateu a porta.

Sem saber muito o que esperar, com tantas responsabilidades adversas para dar conta, a escola realmente ficou em último plano na minha vida. Embora eu não precisasse ir por conta de já ter um futuro garantido, ir às aulas me dava a sensação de liberdade de escolha e me deixavam sonhando com possíveis alternativas de outras realidades a qual eu não me encaixava.

Quando eu conheci o Lucas ele não gostava de ir à escola, mas foi lá que eu o conheci, e isso fez com que ele continuasse frequentando, porque era lá que nós nos encontrávamos todos os dias até que meu pai permitiu nosso namoro e o Lucas teve acesso livre a minha casa. Eu fico agradecida por meu pai ter aceitado nosso namoro em casa no último ano da escola, porque pelo jeito que a coisa desandou, eu já teria repetido.

Me desprendi dos meus pensamentos e gritei na porta da suíte do meu quarto que iria tomar café e que já estava voltando para escovar os dentes e sair.

- Para de gritar, não consigo mais suportar sua voz, ela me irrita cada dia mais. - disse saindo do banheiro e olhando no fundo dos meus olhos. - Eu nem sei mais o que estou fazendo com você, você me traz uma raiva enorme.

- Eu não sei o que dizer, Lucas, mas se está assim tão infeliz vamos terminar. Um namoro não serve para odiar o outro. Sabe bem que quando começamos a namorar, foi porque éramos amigos e nossas conversas fluíam e...

- Cala boca, tô cansado de ouvir sua voz. - disse segurando em meu maxilar com força.

Imediatamente meus olhos se encheram de lágrimas e a lembrança de última vez que ele fez algo que me machucou veio na mesma hora. O que mais me deixava com medo era o ar de riso na face dele. Não parecia estar triste ou demonstrava um simples sinal de arrependimento, apenas me olhava calmamente e parecia gostar de me ver chorar.
Lucas voltou ao banheiro e eu fui até meu closet, passei uma make super-rápida e leve, apenas para tentar esconder a tristeza e desci até a cozinha para tomar meu café da manhã.