Capítulo 9.

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De repente começou a chover forte, então levantamos e saímos correndo em direção a nossa casa. Entramos encharcados e rindo muito, pois a chuva começou tão forte que em poucos minutos nos deixaram ensopados. Depois que nós nos secamos, chamei Felipe para ir até a sacada de casa que se encontrava no terceiro andar, onde o chão era mármore branco e havia uma varanda com o parapeito do mesmo mármore, com um sofá preto encostado no parapeito. Logo mais a frente havia um piano magnífico que ficava encima de um tapete felpudo branco que ficava bem no meio da sacada. Mais para o fundo havia uma geladeira cinza chumbo com duas folhas que abriam como um armário e que estava carregada por muitas bebidas de todos os tipos, e ao seu lado havia uma mesa e um armário elegante com vários tipos de copos e taças.
Me sentei no sofá e Felipe se deitou em meu colo. Fiquei fazendo carinho em seu cabelo enquanto conversávamos, até que contei que em muitas noites em que eu ficava sem sono, eu subia para cá e ficava observando o mar, as pessoas andando na areia e os adolescentes sentados no píer. E mesmo que em nossa casa houvesse quase tudo, a solidão me maltratava, principalmente quando as terríveis brigas com Lucas aconteciam.  Nos primeiros seis meses foi tudo maravilhoso, mas depois apenas breves momentos bons aconteciam, e que na maior parte do tempo eu ficava sozinha naquela casa imensa olhando os outros adolescentes sorrindo e se divertindo horrores na praia sem poder ao menos descer para me divertir junto com eles. Vi a expressão de Felipe se fechar e seus olhos avelã ficarem escuros.

- Está tudo bem, Fe. Me desculpa, não se sinta assim, sério, eu só contei, não quis que você se sentisse mal, a culpa não é sua, me desculpa e você está aqui agora. -  Disse arrependida de dizer tudo aquilo e fazer com que ele ficasse se sentindo mal. 

Felipe se levantou, olhou para mim e apertou minhas bochechas me deixando com um biquinho.

- Eu prometo que vou fazer tudo que eu puder para nunca mais te deixar sozinha.

- Eu sei disso, confio em você. Mas se você precisar voltar, vá sem culpa, nós conversamos a noite.

- Xiiiu, para de me pedir pra voltar, eu não quero isso. - Levantou e se sentou no piano e começou a tocar algumas melodias sem letras.

- Já tinha esquecido de como você tocava tão lindamente.

- Eu pensei que não saberia mais. - Sorriu ao dizer. - Mas muito obrigada.

- Estou  com sono, Fe. - Sorri e bocejei.

- Imagino o porque. - Sorriu e me mostrou que o dia estava raiando. 

Nem percebi quando a chuva parou, e quando Felipe me mostrou que o dia estava amanhecendo, observei o céu que estava em incríveis tons de roxo, laranja, vermelho e azul. O sol se refletia mais no mar a cada segundo que se passava, fazendo o cheiro de maresia aumentar enquanto a brisa suave da madrugada nos dava adeus. 

- Fe, me coloca pra dormir igual antes? - Disse quando chegamos no meu quarto. - Sorri toda animada.

- Claro, quanto tempo que isso não acontece. - sorriu.

Felipe me pegou no colo, e me colocou na cama levemente.  Puxou o lençol até a altura dos meus ombros, o cobertor na mesma altura, e me deu um beijo na bochecha. - Dorme bem, até amanhã, pequena. Eu te amo

- Eu te amo, Fe. Que bom que você está aqui, senti tanto a sua falta. - sussurei e sorri.

- Eu também senti muito a sua falta. - sussurou e saiu.

Acordei com algo macio escorregando pelo meu rosto. Algo que coçava muito e que me fez espirrar. Quando abri meus olhos, Felipe estava com uma pena branca gigante em suas mãos passando pelo meu rosto enquanto ria histéricamente, mas sem emitir nenhum som.

- Bom dia, Bela adormecida. - Gargalhou. - Vamos levantar, são 16:00 horas da tarde, já passou da hora.

- Sai, Felipe. Quero dormir - Disse sonolenta.

- Sai, Felipe. Quero dormir - Afinou a voz para tentar me imitar e caiu na gargalhada.

- Sai, Fe. - Disse choramingando. - Por favorzinho, me deixa dormir. - O olhei com uma carinha de "Gato de botas ".

- Ai, ta bom, Sophia, que saco, credo. Você está insuportável. - Saiu do quarto e bateu a porta.

Me assustei com o barulho da porta batendo e levantei em um pulo. Não consegui entender tal reação. Nós brincávamos assim desde que nós éramos crianças e Felipe jamais agiu desta forma. Decidi me levantar e ir perguntar o que havia acontecido, mas antes de eu terminar meu raciocínio Felipe entra correndo de volta para dentro do meu quarto, pula em cima de mim e me enche de cócegas.

"PARA SEMPRE PARA SEMPRE"  [ REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora