Capítulo 39.

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Quando chegamos ao aeroporto para embarcar para o Rio, encontramos Jean.

- O que tá indo fazer no Rio? - Jean disse bravo.

- Bom dia para você também. - Felipe riu.

- Não estou para gracinhas. Manda o papo logo.

-  Qual é Jean, tá nervoso porque? Eu vou quando bem entender, é meu direito constitucional de ir e vir. - Debochou.

- Qual é Felipe, tá tirando ?

- Eu e a Sophia vamos ficar um tempo no Alemão.

- A é? É quem foi que autorizou? - Sorriu debochado

- Você. - Sorriu

- Que porra, Felipe. O que você tem na cabeça? Lá não é brincadeira, não é um parque de diversões, é perigoso, principalmente para a Sophia. E você, Sophia, o que tem a me dizer sobre isso?

- Meu pai nos obrigou a vir. Ele fez contato com você e você concordou.

- Puta que o pariu. Eu jamais aceitaria se soubesse que eram vocês.

- Mas, Jean, você disse que é perigoso. Perigoso como? - Perguntei curiosa e com um pouco de medo.

- Você vai ver. - Saiu andando na frente.

- Olha mano, eu não tava afim de ficar um uma favela, mas já que tenho que ficar, dá pra ser legal pelo menos com a Sophia? - Felipe disse seco.

- Demoro.

Assim que chegamos ao Rio, havia um homem esperando por Jean. Ele era alto, branco e magro. Tinha o braço todo tatuado. Jean o chamou de "Menor".

- E aí, Playboy, como foi de viagem?

- De boa. Esses são, Sophia e Felipe, vão ficar com a gente uns tempos.

- Sophia, esse é o menor, meu... Meu ajudante. - disse me olhando sem graça.

- Ela vai começar a te odiar se ficar fazendo isso. A Sophia não é criança, não precisa esconder nada dela. - Riu.

- Falou. - Riu.

Jean foi fazendo várias perguntas sobre seus "negócios" da favela para Menor. Como estavam as vendas, se haviam invadido o morro, quantos morreram. - Para falar a verdade, quando escutei isso, fiquei meio apavorada. Quando estávamos chegando perto do morro ouvi Jean dizer. " Fica calma, Sophia". Até que entendi o porquê.

A entrada do morro estava enfeitada de homens armados. Haviam uns dez homens que faziam a segurança da entrada. As armas eram incrivelmente pesadas e de espantar qualquer um.
Um homem alto e muito forte, chegou perto do carro com a arma apontada, e disse alto quando viu Jean. " Libera. É o patrão quem chegou."

Quando chegamos na casa do Jean, não acreditei. A casa era linda. Desci do carro e havia muitas pessoas olhando. Havia meninas com shorts e saias que mostravam a polpa da bunda e um top. Haviam meninos todos tatuados e com armas pesadas nas mãos. Havia até uma senhora batendo em uma menina que estava agarrada com um menino. O morro estava movimentado, haviam motos subindo, e senhoras descendo o morro, provavelmente saindo do serviço, homens sujos que carregavam bolsas que pareciam ser objeto de trabalho. Eu estranhei um pouco, foi tudo muito diferente, e um pouco mais assustador do que eu pensei.

- Vamos entrar, vem Sophia. - Jean me chamou.

- Depois eu colo aqui com o Guto, Playboy. - O tal do menor falou fechando a porta.

- Firmeza.

- Playboy? Desde quando seu apelido é esse? - Felipe diz rindo.

- Não enche, porra. Tem quarto lá em cima, eu sei que vocês vão dormir juntos, então vai lá, tem uns três, escolhe e foda-se.

O clima pesou e ficou estranho e todo mundo em silêncio, até que alguém chama pelo Jean e desce as escadas.

- Playboy. - Gritou.

- Tá fazendo o que aqui, Bianca? Cadê a Bruna? - Jean ficou mais nervoso do que já tava quando viu aquela menina.

- Tá lá em cima.

- Vaza porra. Some da minha casa.

- Jean, ela vai ficar e acabou, porra. - Bruna gritou descendo as escadas. -  Essa casa é minha também.

- Não vai, vaza porra. - Foi até a porta e a abriu, convidando a Bianca a se retirar.

A Bianca saiu e a Bruna foi pra cima do Jean, e ele a segurou.

- Para Bruna, porra. Esses são Sophia e o Felipe, os dois são irmãos e vão ficar aqui com a gente.

- Irmãos?

- Sim. - Sorri. - Prazer.

- E estão de mãos dadas porquê? - Disse me ignorando totalmente.

É meio que uma longa história... - Fiquei sem graça ao dizer.

- Não! - riu - Vocês se pegam? Era só o que faltava para ser a família do ano.

- Como assim? - perguntei curiosa.

- Jean, eu não quero esses dois aqui em casa. Eu já vi a Sophia na televisão, ela é só uma garota mimada que tem tudo que quer na hora que quer, tem seis carros famosos na garagem e não liga para nada, ela é fútil... E esse Felipe, é um galinha, já foi encontrado em boates milhões de vezes morto de bêbado. Tinha tudo que queria, e saiu de casa, morava nos EUA, e agora vem pro Alemão? Tá querendo o que aqui porra?

- CHEGA BRUNA. - Jean gritou.

Bruna pegou o vaso que estava ao seu lado e tacou no Jean, que desviou com muita facilidade.

- Eu te odeio. - Gritou Bruna, fazendo sua última fala.

- Vou falar com ela.

- Agora não, se subir, eu não te garanto nada, porque ela vai te matar.

- Eu não entendi nada, Porque isso?

- Porque sua vida sempre foi muito fácil e a dela só é fácil porque é minha irmã, mas ainda mora em um favela e a vida aqui não é fácil.

Passamos a tarde toda conversando e dando muita risada. Jean pediu desculpas a Felipe por ter sido grosso e explicou a situação. A Bruna desceu, pegou uma água e voltou para seu quarto, não trocou uma só palavra com a gente. Eu decidi que no dia seguinte iria falar com ela e resolver essa situação.
A noite caiu e a madrugada logo chegou. Eu e Felipe ficamos sozinhos em um período pois Jean foi pra "boca", pelo menos foi isso que ele nos disse, mesmo que eu não saiba o que é a " boca " deles. Eu e Felipe fomos para o quarto. Tomei um banho rápido, coloquei um vestido branco de renda levinho e me deitei. Felipe também foi para o banho assim que eu saí, e ele saiu só de cueca box. Deitou ao meu lado e me puxou para si.

Boa noite, Sophia. - Me deu um beijo.

- Boa noite, Fe.

Depois de trinta minutos deitada, me levantei e fui até o quarto da Bruna. Eu precisava falar com ela para tentar apaziguar as coisas, não queria que ela pensasse aquelas coisas de mim. Ela não sabia o que se passava por trás dessa pessoa que ela dizia ser fútil.

"PARA SEMPRE PARA SEMPRE"  [ REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora