Capítulo 16.

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Depois que eu já tinha contado tudo e mais um pouco, resolvi subir e procurar por Felipe que havia saído e não tinha voltado. Procurei em seu quarto, na sacada, na piscina e não o encontrei, olhei no Jardim e ele também não estava, até que me lembrei do escritório de nosso pai, que ficava atrás de uma parede secreta dentro de nossa casa, e então senti algo me dizendo que era lá mesmo que ele estava e fui até lá. Felipe estava totalmente nervoso no telefone.

- Não importa, vocês são os pais dela [...] Não, ela não quer dinheiro, isso ela já tem. [...] Como assim você não sabe? [...] Ela quer atenção, amor, ou pelo menos uma ligação em que vocês digam, "Filha, estamos vivos, amamos você. Tchau". [...] Quer saber, pai? Esquece que eu liguei. Vocês são ótimos pais. [...] Isso não muda absolutamente nada, eu já disse que ela não está interessada em dinheiro.[...] Quer saber, não to com tempo, tchau. - atirou o celular na parede e passou a mão pelo cabelo.

- Fe? - Disse baixinho

- Sophia, Está aqui a quanto tempo? - Perguntou assustado quando me viu.

- Não muito tempo, mas o suficiente para saber o que está acontecendo, e não precisa mesmo fazer isso, já me acostumei. O papai vai acabar ficando irritado com você e vai cortar seu dinheiro. Por favor, está tudo bem.  - Forcei um sorriso.

- Sophia, ele já cortou meu dinheiro a muito tempo, não tenho nada a perder. Eu já perdi nossos pais, que era o importante, o dinheiro eu trabalho, mas isso que você falou, isso não é certo, não deve se acostumar com a ausência deles, eles são nossos pais.

- Mas você se acostumou, não foi?

- Foi sim, princesa. - Me abraçou e me deu um beijo na testa. - Vai ficar tudo bem.

- Eu sei que vai. - deitei minha cabeça em seu peito.

- Carla deve estar nos procurando. Ela fez o jantar e não gostará nada se não comermos.

- Eu sei. Ela fica uma fera - Rimos.

Quando chegamos na cozinha, Carla tinha acabado o jantar e as outras empregadas ja tinham posto a mesa.
Pedi a Carla que reunisse todos os empregados, como sempre fazia na última sexta feira do mês e assim ela fez. Em dez minutos todos estavam na sala esperando para que eu os dispensassem .

-  Boa noite, pessoal. Queria avisar que já são 20:00 horas e que mais um mês está terminando. Queria agradecer a todos vocês pela dedicação e cuidado para com os meus bens, a mim e a minha segurança. Tenham um ótimo fim de semana e um ótimo descanso. Até segunda feira.

Quando acabei, todos se retiraram para ir embora. Disse a Carla e a José que também estavam liberados e que poderiam ir tranquilamente, porque Felipe e eu ficaríamos bem. Carla disse que apenas esperaria nosso jantar e depois de organizar as coisas iria, e José ficou para lhe fazer companhia.
Conversamos sobre nossos dias e sobre os planos para o fim de semana de cada um deles, e assim que acabamos de comer, José foi retirar seu carro e Carla foi organizar as coisas para enfim irem embora.

- Tem certeza de que ficarão bem? - Perguntou Carla toda preocupada.

- Sim, Carla. Obrigada.

- Qualquer coisa me liguem. Eu venho ajudar vocês. Deixei o número do cozinheiro do restaurante aqui do condomínio no mesmo lugar de sempre, mas está com uma etiqueta diferente.

- Pode deixar. E muito obrigada mais uma vez por tudo. Eu não poderia ter uma amiga melhor.

Nos despedimos e eles foram embora.
Fui para meu quarto tomar um banho enquanto Felipe foi resolver uns problemas. Depois coloquei um short de malha colado, curto e branco, confortável o bastante para dormir, e uma blusa de alcinha também de malha branca, minha pantufa de unicórnio e desci as escadas. Do meio da escada dava para ver Felipe sentado no sofá com as mãos na cabeça, e com os cotovelos apoiados em seu joelho.

- O que foi, Fe? - Sentei ao seu lado.

- Só alguns problemas com a faculdade, mas eu não quero falar disso. O que quer fazer? - Disse sério, mas não parecia ser verdade, parecia algo mais sério.

- Podemos ver um filme se você quiser. - Sugeri, deixando a desconfiança para lá.

- Desculpa, princesa. Eu não vou conseguir me concentrar, minha cabeça está com muita coisa, porque não vamos para o seu quarto e ficamos conversando?

- Por mim está ótimo. Mas antes, me conta o que aconteceu.  Confia em mim, eu vou te ajudar se puder.

- Não é comigo, desculpa, eu menti. A verdade é que eu não consigo entender o porquê de tudo isso. Temos tanto dinheiro. Mesmo que nosso pai tenha cortado minha mesada, eu sempre fiz investimentos, então meu dinheiro está lá, e eu carrego o sobrenome dele, então fui contratado em uma empresa ótima sem ao menos ter terminado a faculdade ainda. Você tem a sua mesada e os seus investimentos que eu fiz pra você, nossos pais então, nem se fale, mas mesmo assim preferem trabalhar ao invés de estarem aqui com a gente, de trabalhar ou montar um negócio aqui pra eles. Eu já não me importo tanto mais, mas sei como sofri, e não quero que isso aconteça com você.

Olha Fe, eu também não entendo, mas eu não ligo pra eles, espero eles ligarem, e se não fizerem, eu entendo que não se importam tanto assim. Não vou dizer que é a coisa mais feliz do mundo, e que eu não daria tudo pra eles estarem aqui, mas agora não sei mais. Agora, depois de tanto tempo, parece que não importa mais.

- Eu te amo muito, Sophia.

- Você sabe que eu te amo demais também, Fe.

"PARA SEMPRE PARA SEMPRE"  [ REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora