Capítulo 19.

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- Estou com fome.

- Imaginei que diria isso, mas você tem que tomar banho primeiro.

Então só aí percebi que eu estava com a roupa toda suja de sangue.
Tentei me levantar da cama sozinha, mas senti muita dor e Felipe teve que me levar no colo até o banheiro e me colocou sentada em um puff.

- Vou chamar a Carla para te ajudar. - Foi andando até a porta

- Ela não está aqui, Fe. Hoje é sábado. Eles só voltam na segunda feira. 

- E agora?

- Você não pode fazer isso por mim? Preciso de ajuda. Pode ter certeza que eu não te pediria se eu conseguisse.

- Se estiver tudo bem para você.

- Eu não tenho muita escolha. Os pontos dos cortes dos cacos de vidro abriram, mal consigo me mexer.

- Eu cuido deles depois do seu banho. Não precisava nem ter dado ponto, aquele médico foi muito exagerado.

Concordei com a cabeça e Felipe veio até mim. Tirou minha blusa, depois meu sutiã e pediu minha ajuda para tirar meu short e calcinha. Depois que estava nua, olhei para Felipe que estava com o rosto vermelho, desviava o olhar e mantia a cabeça baixa sempre que podia.
Deparando com tal situação fiquei constrangida e muito envergonhada.

- Tá legal - soltou um sorriso nervoso. - Vamos ter que fazer isso, então finja que somos criancinhas e que isso é normal.

- Pode ser. - Sorri.

Felipe me pegou no colo e com muito cuidado me colocou dentro da banheira. Colocou o sabonete na esponja e foi passando por todo meu corpo.

- Fe, tá ardendo muito.

- São os pontos que arrebentaram. Vou ter que terminar de puxar e vai doer um pouco, mas depois vai curar mais rápido. Agora eu preciso te dar banho, você está com sangue seco até nas costas, não posso te deixar assim.

- Tá bom, mas não passa tanto sabão pra não arder tanto, por favor.

Felipe iniciou pelos ombros, subiu até o pescoço e desceu para as costas. Cuidadosamente e de um jeito carinhoso, Felipe ia esfregando meu corpo. Esfregou meus braços, minha barriga, e quando chegou nos meus seios fechou os olhos e sorriu com a frase "Prefiro que seja assim", e então esfregou meus seios.  Desceu para minhas pernas e pés e subiu para a coxa, e quando chegou em minhas partes íntimas recuou.

- Aí você consegue? Não precisa fazer movimentos como levantar muito o braço ou algo assim.

- Consigo sim. - Digo rindo, mas muito envergonhada

- Ai, obrigada. - Riu aliviado

Depois que terminei meu banho, Felipe me pegou no colo e me tirou da banheira. Me colocou um roupão vinho e me levou até meu closet. Lá me colocou sentada em um puff e foi procurar por algo confortável o bastante para eu usar. Depois de colocar varias blusinhas e shorts, vestidos, pijamas e todos me machucarem, Felipe decidiu me deixar apenas com a lingerie e um babydool bem fino por cima. Me levou até minha cama e me colocou sentada, limpou aonde ele tinha terminado de tirar os pontos e passou uma pomada que ele disse que era um cicatrizante ótimo.

- Vou fazer seu café, e já venho. - me deu um beijo na bochecha.

- Fe? Obrigada. - Sorri envergonhada.

- Não por isso.

Fiquei sentada na cama até olhar para o espelho ao lado do meu closet. Busquei minha imagem no espelho, mas não consegui me ver, e então mesmo com dor, me levantei e segui até lá. A dor era tanta que quase me sentei no chão, minhas pernas tremiam e senti muitas pontadas em minha barriga, meus braços ardiam pelos cortes abertos e quase me faziam chorar, mas quando abri meu roupão, chorei ao ver o meu corpo todo roxo e até me esqueci da dor que eu estava sentindo. Minha barriga estava com várias marcas, minhas pernas, meus braços também e em meu rosto tinha alguns arranhões que estavam sangrando e meu olho estava visivelmente inchado e roxo com marcas de sangue.

Felipe entra em meu quarto sorrindo, com uma bandeja de café da manhã em mãos, e quando se depara comigo nessa situação, seu sorriso desaparece. Ele anda até minha escrivaninha e coloca a bandeja em cima e caminha até mim.

- Porque essa carinha?

- Fe, olha meu corpo- lhe disse chorando. - Estou horrível. Eu já tinha visto os roxos, mas não pareciam tão feios assim, agora entendi o porquê de tanta dor.

- Você está linda, Sophia. Como sempre.

- Para de mentir, olha meu corpo, está todo marcado, todo roxo e todo machucado.

- Eu estou olhando, Sophia e não mudo minha opinião.

- Eu odeio ele, fui muito burra de ter aguentando isso tanto tempo.

- Eu estou surpreso que a dor tenha passado tão rápido. Você está de pé, olhando no espelho e reclamando do seu corpo, não pode estar com tanta dor assim.

"PARA SEMPRE PARA SEMPRE"  [ REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora