Capítulo 14

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Débora narrando ⭐

— Você não vai deixar para lá, né?! — neguei com a cabeça. — Eu larguei a faculdade, então perdi a bolsa que me mantinha lá. Como já disse eu estou fodido, e sem dinheiro e preciso da sua ajuda.

— Como você consegue só ferrar? Não entendo. Invés de criar uma vida, uma carreira, e ficar por conta própria, fica só fazendo merda. Eu não vou ficar sempre limpando sua barra Felipe, já que você não quer lutar por algo seu, eu quero.

— Eu só preciso de um lugar para ficar uns dias. Por favor, eu vou tomar jeito — implorou, olhando-me com aquela cara de cachorro abandonado que ele sabia fazer.

— Última vez que vou te ajudar. Você já tem vinte anos, já é um homem, comece agir como tal.

Ele assentiu, e não sei por que ainda espero algo dele. É mais certo que ele nunca mude. Fui até meu quarto, troquei de roupa, botei Mel sentada no sofá para fazer os exercícios que a professora pediu e fui fazer a janta. Essa vida de dona de casa era bem cansativa.

Arthur narrando ⚡

Acordei cedo, eu precisava treinar um pouco afinal campeonato regional começava semana que vem, era a etapa mais fácil, mas eu precisava estar preparado. Luara não quis acordar cedo, então peguei minha prancha e fui para praia sozinho.

O mar para mim era meu lugar de refúgio, foi assim desde criança. Desde que meu velho me deu minha primeira prancha, quando eu peguei minha primeira onda, eu decidi o que queria da minha vida, o surfe, era isso que eu queria. Depois de ficar no mar umas duas horas, cravei minha prancha na areia e sentei ao lado. Aquele dia era um daqueles dias que o sol estava honrando a fama de Rio 40°. Estava começando a viajar, quando ouvi uma voz fininha gritando meu nome, olhei para o lado e vi a Mel correndo em minha direção.

Levantei sorriso, desde o que aconteceu Débora não deixou mais que ela saísse conosco. Para ser sincero, eu estava morrendo de saudade daquela pequena e quando a vi a felicidade que senti me assustou.

— Tio "Artu" — ela chegou perto, e se jogou no meu colo.

— Como você está anãzinha? — Perguntei segurando-a no colo. — Você veio com quem? — Olhei ao redor e vi um cara se aproximando.

Será que era o tal namorado da Débora? Senti meu sangue ferver, na realidade eu não deveria estar tão irritado, mas foda-se eu estava e na realidade queria soca-lo, só precisava de um motivo concreto.

— Eu vim com o tio Lipe — ela respondeu franzindo os olhinhos por causa do sol. Mas, pera aí, esse era nome do cara? Eu não lembrava.

— Eu sou o tio Lipe — chegou perto o suficiente para eu poder encara-lo de perto. — Sou irmão encosto da Débora.

Soltei um suspiro aliviado, e ele me olhou estranhando minha reação. Acordei do meu momento de surto, e segurei Mel apenas com um braço, para cumprimenta-lo com um aperto de mão.

— Eu sou Arthur — me apresentei.

— Porra! Cara, eu te conheço. Óbvio que te conheço. Só estou fazendo a linha sério, porque não quero ficar surtando feito uma mocinha fanática — disse sério, o que me fez rir.

— Fico feliz que você pense antes de ter essa reação. Não é bonito para um cara agir assim — brinquei, e ele riu.

— Quero entrar na água e ficar em cima disso, igual daquela vez — Mel disse apontando para prancha.

— Não sei Mel. Sua mãe ainda está brava comigo, acho que ela vai ficar mais brava ainda — disse olhando de relance para o Felipe.

— Por mim. — ele deu de ombros — Só preciso levar ela inteira para casa.

Mel me olhou esperançosa, e eu não consegui dizer não. O mar estava tranquilo, então acho que não teria problemas. Tirei minha prancha da areia, coloquei-a debaixo do braço, essa prancha era muito grande para ela. Mas eu não a deixaria sozinha mesmo. Comecei andar em direção ao mar, e ela foi correndo na minha frente.

— Mel, espera! — disse quando percebi que ela já estava com a água na canela.

Ela pelo menos me obedeceu, parou e ficou esperando eu me aproximar. Peguei-a no colo e coloquei em cima da prancha sentada. Com certeza se a mãe dela visse isso, teria um infarto. Levei-a até onde já fazia pequenas ondas, o mais engraçado é que ela não aparentava estar sentindo medo, que com certeza qualquer criança da idade dela estaria.

— Eu consegui. Olha tio — gritou quando finalmente ela conseguiu ficar em pé. Sorri orgulhoso, e ela me retribuiu o sorriso.

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