Capítulo 12

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Débora narrando ⭐

Mel estava na ala infantil sob observação e recebendo soro, aparentemente ela teve uma intoxicação alimentar. Segundo o médico não era grave, e ela ia ficar bem.

— Oi meu amor. Mamãe está aqui — disse vendo seus olhinhos se abrirem e me procurar. — A barriguinha está doendo ainda?

— Não mamãe. — Respondeu negando com a cabeça.

— Daqui a pouco a gente vai para casa, tudo bem? Só vamos ficar mais um pouquinho aqui — falei, abaixei e dei um beijo em sua testa.

Quase meia hora depois Mel já havia dormido, eles trocaram o soro dela. Fiquei em pé ao lado da cama zelando seu sono, ela era tão pequena que mesmo que não seja algo sério partiu meu coração vê-la deitada naquela cama, quietinha. Ela nunca ficava quieta.

— Eu sei que você pediu para te deixar em paz — dei um pulo de susto, olhei para trás colando a mão sobre meu peito. — Desculpa, não quis te assustar. Só trouxe um sanduíche para você comer.

— Obrigado. Não precisava. — Peguei o sanduíche e coloquei na mesinha que ficava ao lado da cama que a Mel estava.

— Eu queria te pedir desculpa. Eu realmente não sei muito sobre crianças — disse dando de ombros.

— É você não sabe de nada. De nada mesmo — falei completamente irritada.

— Débora, eu não sei qual o seu problema comigo. Mas eu já estou me sentindo culpado o suficiente. Isso é estranho para caralho, eu nunca fui de me apegar a criança, mas com a Mel é estranho... Não sei explicar... — ele soltou um suspiro frustrado. — Enfim, se precisar de algo é só falar. Mas, por favor, não fica com raiva de mim.

— Por que você se importa se estou com raiva de você ou não? — Perguntei intrigada.

Ele me encarou por alguns segundos, por algum momento eu achei que ele fosse se lembrar de mim. Mas não, logo o olhar confuso voltou para seu rosto. Por que ele agia tão estranho comigo se ele não sabia quem eu era? Na realidade tem como alguém apagar uma pessoa da memória? Esquecer completamente? Por que diabos eu não me esqueci dele nem por um segundo e esse infeliz não consegue se lembrar de mim nem estando na minha frente?

— Amiga vim o mais rápido que pude — Joana entrou falando, eu fui à primeira desviar os olhos e encarei a Joana, forcei um sorriso para a mesma. Ela percebeu o clima diferente. — Está tudo bem por aqui? — Perguntou desconfiada

— Claro! Arthur só veio me trazer um sanduíche, ele já estava indo embora.

— Cruzei meus braços envolta do meu corpo.

— Oi Joana — cumprimentou. — Eu vou voltar para sala de espera.

Eu assenti então ele enfiou suas mãos no bolso da calça e saiu. Soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo. Senti a presença da Joana atrás de mim, mas ela não disse nada. Droga! Ela percebeu que tinha algo estranho.

— O que foi aquilo? — Finalmente perguntou.

— O quê? — Me fiz de desentendida.

— Você sabe do quê eu estou falando. O clima quando entrei aqui estava tão pesado que eu poderia segurar se eu quisesse — Joana me encarava com os olhos apertados.

Era difícil esconder as coisas dela. Talvez, fosse bom conversar com alguém. Antes que eu pudesse resolver, o pediatra entrou para liberar a Mel. Entendi como um sinal divino para não abrir meu bico, as coisas já estavam confusas os suficiente só comigo sabendo, era melhor deixar assim mesmo.

Eu não quis aceitar carona do Arthur então fui para casa de táxi, Mel estava sonolenta, então ela foi o tempo todo no meu colo. Quando chegamos em casa, dei um banho nela rapidamente só para tirar aquele cheiro de hospital e coloquei-a na cama.

— Mamãe — me chamou enquanto eu a cobria com o lençol. — Eu vou poder sair com tio "Artu" de novo?

— Não por agora meu amor. Você tem que ficar boa primeiramente, e depois ele tem monte de coisas para fazer — respondi um pouco desconfortável.

— Eu to dodói, porque todo mundo fica dodói. Não foi culpa dele não mamãe. Eu gosto dele. Ele me colocou naquela coisa grande que fez a gente ficar mais em cima da água — disse maravilhada. — Quero ser igual a ele quando crescer.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Pisquei algumas vezes para não deixar que elas caíssem. Ela ficou me olhando com aqueles olhinhos curiosos.

— Tudo bem meu amor. Mas agora, você dorme um pouquinho, tudo bem? — Levantei da cama, e apaguei a luz.

Saí do quarto e respirei fundo. Eu precisava de um banho quente e relaxante. Foi exatamente que eu fiz, só saí do banho quando ouvi a campainha tocar. Infelizmente estava muito tarde para ser alguém que veio apenas de passagem, vesti uma roupa rapidamente e fui atender o portão.

— Oi meu amor. Eu li sua mensagem agora, como ela está? — Igor disparou a falar no momento que abri o portão.

Respondi sua pergunta, na realidade expliquei tudo que aconteceu. Igor ficou me escutando atentamente, às vezes ele comentava. Ele puxou-me para seu colo e ficou mexendo no meu cabelo. Estar com o Igor era confortável, ele me fazia bem. Mas por que eu não tinha aquela simples sensação de estar em casa? Faltava algo. Eu sabia o que era, só nunca iria admitir.

— Vamos para cama, você deve estar cansada. Amanhã também tenho que acordar cedo, amanhã não né, daqui a pouco. Vamos?

Assenti, ele me pegou no colo e me levou até meu quarto, antes de deitar comigo ele foi tomar um banho. Mas logo voltou deitando ao meu lado, passando o braço pela minha cintura e beijando meu pescoço.

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