Arthur narrando ⚡
Não sei qual era a parte mais difícil, agir como se nada tivesse acontecido ou vê-la sofrendo e não poder fazer droga nenhuma. Eu não poderia abraça-la, na realidade, eu já havia tentado, e ela recusou. Já não bastava a explicação que eu teria que dar para dizer como eu vim parar nesse hospital, sendo que sumi o final de semana inteiro... Quer dizer, sumimos.
Mas, na verdade eu não queria dar explicação nenhuma. Eu queria só gritar para todo mundo a verdade, e finalmente ser feliz ao lado da mulher que eu amava e da minha filha. Minha filha... Será que ela iria gostar de mim? Será que ela ia me aceitar? Será que eu sou aquilo tudo que ela imaginou? Perdido em meus pensamentos, ouvi uma voz diferente. Só estávamos nós quatro ali, e Felipe e Olívia não estavam conversando. Olhei para Débora, e identifiquei de quem era voz. Era do desgraçado que estava abraçando ela, que estava consolando-a. Débora estava com o rosto no peito dele, enquanto ela chorava e ele tentava acalma-la. Isso estava me matando, eu sei que ela estava sofrendo e eu deveria me preocupar mais com isso do que com o ciúme filho da puta que estava me corroendo. Mas, infelizmente, não se tem poder sobre isso.
Virei minhas costas e saí daquela sala. Antes que alguém percebesse minha cara de insatisfação. Comecei andar pelos corredores do hospital, e parei quando vi uma máquina daquelas que colocamos a moeda, apertamos um botão e saí o que pedimos.
— Quero uma barra de chocolate. — me assustei com a Olívia ao meu lado.
Não disse nada, apenas enfiei outra moeda e pedi a bendita barra de chocolate. Peguei meu biscoito, que havia acabado de sair e abri o mesmo.
— Você não me disse como veio parar no hospital. Na realidade, eu não sabia que você era tão próximo da Débora assim... — eu abri a boca, para começar explicar. Mas, ela levantou um dedo, para que eu ficasse em silêncio e continuou. — Então você sumiu o final de semana todo, e acabei de descobrir que coincidentemente a Débora teve que viajar a trabalho esse final de semana. E agora sua cara quando ela estava com aquele banana lá. Não preciso que me explique, e nem que converse comigo sobre o assunto. Porque se eu estiver certa, é uma situação de merda, apesar de eu não gostar da Luara. Mas, se eu tiver certa... Não vou poder deixar de ficar feliz, porque eu quis muito isso para você. Então, me responde... É ela não é? Ela é a garota?
— Sim! — respondi, mas não a encarei, continuei olhando para máquina.
— Eu sabia que um dia você acharia! Nem sempre as coisas são fáceis mano, mas se valer a pena, lute. — disse, e se inclinou para pegar sua barra de chocolate.
Dei um breve sorriso para ela e me perguntei com aquela pirralha que eu praticamente criei, havia crescido tanto.
Débora narrando ⭐
Meu coração estava em pedaços. Os médicos não nos davam nenhuma notícia, minha mãe ficou em casa, achamos melhor assim. Minha tia veio para ficar com ela, minha mãe sempre teve problemas de pressão alta e talvez ficar aqui no hospital pudesse só prejudica-la. Eu não aguentaria ver os dois dentro de um hospital. Eu sempre fui forte para tudo, mas quando o assunto eram meus pais, não existia força dentro de mim.
Minha mãe ficou sabendo da pior maneira que o Felipe tinha voltado para o Rio, sim, ele estava há semanas aqui e meus pais não sabiam. Em algum momento que estávamos esperando, o Igor chegou, não sei como ele soube, mas também não perguntei nada, não estava afim de conversa. Ele entendeu, tanto que só me abraçou, na realidade, era tudo que eu precisava um abraço. Eu sei que Arthur queria fazer isso, mas eu estava com problemas sérios. Não queria encarar minha situação com ele agora, não antes de saber que meu pai estava bem. Eu vi na hora que ele saiu da sala um pouco chateado, mas o que eu podia fazer?
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Sempre foi você
Fiksi Remaja+15 | Por um deslize, a vida de Débora mudou de um jeito irreversível. Obrigando-a mudar seus objetivos, dando outro caminho para suas preocupações. Após anos, quando finalmente ela está conseguindo colocar sua vida nos eixos, algo acontece perturba...