Capítulo 1

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• Cinco anos depois.

Sabe aquela sensação de sonho realizado? Era isso que estava sentindo no momento em que coloquei a última caixa da mudança na minha sala. Minha sala. Não dos meus pais. Não de ninguém, minha, minha casa. Eu estava com vontade de sair gritando pra ver se eu conseguiria demostrar 1% da felicidade que eu estava sentindo. Olhando ao redor eu sabia que teria trabalho pra cassete para desfazer todas aquelas caixas, mas nem isso me abalou.

— Acho que acabaram todas as caixas. Essas foram às últimas — Igor adentrou na minha humilde residência.

— Sim, acabaram todas — coloquei minhas mãos nos quadris e respirei fundo. — Muito obrigado pela sua ajuda.

— Vou ignorar isso. Mas, ainda acho que você poderia morar em um bairro melhor e uma casa melhor, ou você simplesmente poderia ir morar comigo.

— Você sabe o que significa independência? Foi por isso que eu estudei e trabalhei. Não foi para no final ficar dependendo de homem, se você se importa realmente comigo, fique feliz por mim e tira essa cara de quem chupou limão — disparei um pouco irritada.

— Tudo bem. Desculpa-me só… Enfim... Vamos jantar para comemorar? — sugeriu, ainda fazendo uma cara de desgosto.

— Não precisa forçar nada também. Jantar com você com essa cara de bunda mal lavada seria desagradável. Além disso, prefiro ficar aqui com minha filha.

— Não quero ir mamãe — Mel entrou na cozinha abraçada com sua boneca de pano. Ela olhou para o Igor e fez cara feia.

— Querendo ou não ela vai ter que me aceitar Débora, se vamos mesmo nos casar ela tem que parar de birra.

— Igor, ela tem cinco anos e sempre foi nós duas, que dizer nós dois estamos juntos à dois anos, ela ainda não se acostumou com isso. — Revirei meus olhos ao explicar. Igor às vezes era tão infantil que me irritava.

— Eu to ouvindo, e eu não gosto de você. Você é chato, e você não é meu pai.

Mel saiu andando indo para o quarto e eu fiquei com vontade de rir. Ela era assim, às vezes parecia uma adulta, e sinceramente? Se ela não gostava dele, não vou brigar com ela por algo tão desnecessário. Não que ele fosse desnecessário. Mas, ela só tinha cinco anos e tinha ciúmes da mãe, não posso castiga-la por isso.

— Amanhã nós podemos...

— Não. — disse cortando-o. — Amanhã Luara chega com o novo namorado, e quer que eu vá almoçar com ela.

Igor já havia ido embora contra sua vontade e eu minha pequena começamos desfazer as caixas, nós estávamos nos divertido mais do que trabalhando.

— Vamos pedir pizza senhorita? — Perguntei. Mas, oferecer pizza para ela, é a mesma coisa de perguntar se macaco quer banana.

— Pizza! — gritou jogando os bracinhos para cima.

— Mas não é para se acostumar, isso é só por que ainda não temos comida, mamãe não fez compras.

— Então tomara que a gente fique sem comida para sempre — falou rindo, aquela risada que eu tanto amava.

— Espertinha você né?!
Ela deu risada, e levou a mão no rosto tapando o mesmo.

Fui à procura da minha bolsa, assim que achei peguei meu celular, disquei o número da pizzaria.

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