Arthur narrando ⚡
Acordei com uma mão mexendo no meu cabelo, abri meus olhos devagar e me deparei com a mulher mais linda do mundo — ao menos para mim era —, abri um sorriso fraco e ela retribuiu.
— Bom dia — falei com a voz um pouco sonolenta. — Está acordada há muito tempo?
— Um pouco. — deu de ombros.
— Então, a senhorita estava me observando dormir?
Ela assentiu, segurou sua cintura e a puxou fazendo-a ficar em cima de mim.
— Eu meio que estou pensando na conversa que você disse que queria ter comigo. Você disse que íamos conversar no final de semana, bom, ele chegou.
— Eu nem acordei ainda, vamos descer e tomar café, depois a gente conversa sobre isso. Tudo bem?
Ela concordou e se levantou, mas eu logo me levantei atrás dela e antes que ela entrasse no banheiro dei um tapa em sua bunda fazendo-a soltar um gritinho. Nossa relação só ia melhorando a cada dia que passava, estávamos nos conhecendo melhor, descobrindo coisas um do outro, estávamos em uma fase boa e eu estava começando a ficar nervoso de depois que a gente conversar essa fase boa acabar.
No dia anterior Diogo conversou comigo sobre estar chegando a hora de ir embora, eu nunca tive pretensão de mudar para o Brasil, eu só vim por causa do campeonato, mas em nenhum momento passou pela minha cabeça que minha vida ia girar de cabeça para baixo. O que conhecia da Débora, ela era orgulhosa e batalhou muito para chegar onde ela estava, tenho certeza que ela não iria virar as costas para isso facilmente.
Sinceramente, eu não sei que rumo nosso relacionamento iria levar e estava começando a ficar com medo disso. Sabe aquele ditado: quando a esmola é demais o santo desconfia? Então...
— Humm... Estou com fome, vamos. — falou saindo do banheiro e me tirando dos meus pensamentos.
— Me deixa escovar os dentes.
Levantei e fui até o banheiro, não demorei em instantes estávamos descendo e ouvindo a Mel gritar algo com o Diogo. Não sei explicar o motivo, mas ela meio que achava que ele era amigo dela, então ela meio que obrigava ele a brincar com ela. Mas posso dizer que eu acho que ele gostava.
— Tio, não é assim… Ai meu Deus! Você não sabe de nada. — ouvi sua vozinha reclamar.
Quando eu e Débora aparecemos na sala, Mel virou o rosto e assim que me viu pulou no meu colo. Déb estava começando a ficar com ciúmes alegando que ela era uma “pimentinha traíra”, ela falava brincando, mas eu sei que no fundo tem um pouco de verdade, ela realmente estava com ciúmes.
— Papai! — disse e deu um beijo na minha bochecha.
Ela não teve problemas para me chamar de pai. Desde o dia que ela soube, o que foi umas semanas atrás, ela me chamava daquela forma e cada vez que ela repete é como se fosse a primeira vez que eu ouvisse, é uma alegria que sinceramente não consigo descrever.
— Essa filha de vocês ela é hiperativa ou algo assim. Eu estou quebrado. — Diogo resmungou.
— Fraco. — Débora debochou e ele mostrou o dedo do meio para ela. — E a mamãe não ganha beijo?
— Ganha sim. — Mel disse e jogou os braços para Débora pega-la no colo.
Depois de tomarmos café, ficamos conversando um pouco. Depois deixei as duas na cozinha e fui resolver umas coisas com o Diogo, e mais uma vez ele me lembrou de que minha passagem já estava comprada, que eu precisaria ter aquela conversa o mais rápido possível. Olívia também andava cabisbaixa pelo mesmo motivo, ela teria que voltar para casa e Felipe ficaria aqui.
Não sei se ela já havia conversado com ele, mas eu meio que me sentia mal por isso, desde que o papai morreu eu nunca havia visto ela feliz do jeito que ela estava, eu queria continuar vendo-a feliz e sorridente. Até minha mãe disse que ela estava diferente. Olívia era uma das pessoas mais importantes da minha vida, a felicidade dela era muito importante para mim.
Fui até a cozinha e Débora ainda estava lá, só que agora ela estava tentando fazer algo. Fiquei parado na porta da cozinha observando-a. Ela cantarolava alguma música que não consegui identificar, seu cabelo estava solto e eu amava isso, principalmente quando ela colocava o cabelo atrás da orelha ou quando ela ficava enrolando alguma mecha do seu cabelo entre os dedos quando ela estava nervosa. Eu também amava os sorrisos dela, sim falei no plural, ela têm vários tipos de sorrisos e eu amava cada um deles. Na realidade, eu amava aquela mulher, cada detalhe dela.
Meu maior medo naquele momento era perdê-la de novo, perder todas essas sensações boas que sentia quando ela estava por perto, perder a minha família, afinal era isso que nós três éramos: uma família.
— Que susto! — ela disse colocando a mão sobre o peito assim que me viu parado na porta. — Quanto tempo está aí?
— Tempo suficiente… — sorri.
— Vem me ajudar, estou tentando fazer um bolo. Mas, eu sou péssima com coisas doces, por questão de honra eu vou fazer. — começou dizer.
— Mel pediu um bolo gelado de chocolate, mas dá última vez que tentei fazer um, ficou mais duro que uma pedra.
— Então, vamos fazer o bendito bolo...
— Pega esses ingredientes. — disse apontando para uma lista que ela havia feito.E mais uma vez eu adiei a conversa, eu precisava de coragem, talvez depois de eu curtir mais um pouquinho esses momentos com ela, eu tome a famosa coragem.
Tinha mais ingrediente no chão do que no deposito, eu estava todo sujo de farinha de trigo e ela estava com a cara toda lambuzada de chocolate. Mas, eu acho que nosso bolo daria certo, e se não desse o que valia era a intenção.— Nossa, fizemos uma bagunça e estamos todos sujos.
— Vou subir para tomar um banho, vem comigo. Vou pedir alguém para limpar essa meleca toda — falei.
— Você não vai subir a escada desse jeito, nem pensar. Vamos tomar banho lá fora — disse toda autoritária.
Caminhamos para fora da casa até o jardim, ela pegou sabonete no banheiro que tinha na área da piscina e duas toalhas. Puxei a mangueira que era usada para molhar jardim e liguei. Antes que ela percebesse deixei que o jato fosse ao se rosto, ela tomou um susto e eu comecei a rir. Não demorou para que a Mel aparecesse, e no final o banho se transformou em uma bagunça. Uma bagunça boa.
— Isso é tão bom. — disse baixo passando os braços pelo meu pescoço.
— O quê? — aproximei nossos rostos e rocei nossos narizes.
— Estar com você, com a Mel. Eu sempre imaginei esses momentos de família, mas nunca achei que isso fosse se tornar real e eu estou tão feliz.
— Eu também minha linda, estou muito feliz.
Quando ia beija-la, a Mel apontou a mangueira em nossa direção nos fazendo rir.
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Sempre foi você
Teen Fiction+15 | Por um deslize, a vida de Débora mudou de um jeito irreversível. Obrigando-a mudar seus objetivos, dando outro caminho para suas preocupações. Após anos, quando finalmente ela está conseguindo colocar sua vida nos eixos, algo acontece perturba...