Capítulo 11

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Débora narrando ⭐

— Mamãe você já passou isso no meu rosto — Mel reclamou, enquanto eu passava protetor solar pela vigésima vez em seu rosto.

— Tem que passar muito. Sol demais faz mal. — respondi colocando o tubo do protetor dentro da mochila.

Luara me fazia cometer loucuras. Não bem loucura, mas era que eu, Débora, nunca concordaria se não fosse por ela. Por exemplo, deixar minha filha ir para praia no meio de semana sem ser comigo. Confesso que quando acordei hoje, estava disposta a dizer que ela não iria, mas Mel estava tão animada que não consegui simplesmente dizer que ela não poderia ir.
Quando Mel ouviu a campainha tocar, parecia que alguém havia acabado de lhe contar que ela estava prestes a ir à Disney. Ajeitei minha roupa, eu sabia que Luara não estaria sozinha, caminhei até o portão com os pés descalços e invés da Luara, Arthur estava encostado em seu carro com os braços cruzados, passei os olhos em volta à procura da Luara, mas nada. Arthur estava com uma camiseta azul que deixava seus braços á vista uma bermuda preta e um óculos de sol estilo aviador, que o dava um ar sexy. Ele estava lindo.

— Bom dia — disse dando um sorriso simpático. — Luara demorou a levantar, como sei que você tem que trabalhar eu...

— Tudo bem. Luara realmente não é uma pessoa matinal. — Forcei um sorriso. Eu estava nervosa. Eu estava ridiculamente nervosa. Eu simplesmente tinha que parar com isso. — Bom, vou buscar a Mel e...

— Tio "Artu" — Mel gritou, atravessando o portão e pulando no pescoço do Arthur.

— Acho que não precisa — falei baixo.
Arthur a pegou no colo, e deu um beijo em sua bochecha, enquanto ela gargalhava, fez cosquinha em sua barriga brevemente. Se todos soubessem o que eu sei, veriam de onde a Mel havia puxado aquele sorriso com covinhas.

— Débora? — Chamou-me.

— Oi — respondi acordando dos meus pensamentos.

— Tudo bem? Estava te chamando e você parecia preocupada. Olha se for por causa da Mel, nós vamos ter cuidado com ela...

— Qualquer coisa vocês podem me ligar Arthur — disse cortando-o.

Ele assentiu, mas sua testa ainda estava franzida, provavelmente queria uma explicação para eu estar encarando-o. Preferi não estender a situação, dei um beijo na testa da Mel, e fiquei parada no portão até o carro do Arthur sumir da minha vista.
Voltei para dentro de casa, arrumei alguns dos meus projetos e um deles era o da casa do Arthur, não estava pronto, mas eu já havia iniciado. Fiquei encarando aquele papel, e pensando como a vida é uma verdadeira caixinha de surpresa. Uma desgraçada caixinha de surpresa.

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Almocei com o Igor, o que foi um milagre já que ele nunca podia. Foi bem agradável, que dizer, exceto quando ele estava falando sobre os casos dele, além de eu achar um verdadeiro saco, eu não entendia nada.
No fim do expediente eu estava com a cabeça explodindo, tive que aguentar flertes do Ricardo durante uns quarenta minutos, tive vontade de chutar o saco dele. Sério, eu me senti bem tentada. Liguei para Luara umas dez vezes, para me certificar que Mel estava bem.

Quando cheguei a casa, mandei uma mensagem para Luara avisando que já poderia trazer a Mel. Eu realmente estava com saudade da minha filha. Luara respondeu dizendo que já iria trazê-la. Aproveitei para tomar um banho e botar uma roupa confortável de casa. Quando comecei fazer o jantar a campainha tocou, sequei minhas mãos no pano de prato e corri para atender. Abri o portão e vi a Mel no colo do Arthur com a cabeça deitada em seu ombro.

— Tudo bem? — Perguntei preocupada.

A cara da Luara não era das melhores. Antes mesmo de saber o quê era já estava ficando desesperada.

— Na realidade, não sei. Ela está reclamando de dor na barriga, não somos muito experientes nisso, então não sabíamos o que fazer — Luara explicou, um pouco sem graça.

— Ai meu Deus! Vocês poderiam ter me ligado — Disse um pouco desesperada. — O que vocês deram para ela comer?

Estiquei os braços e peguei-a, ela ficou no meu colo do mesmo jeito que estava no colo do Arthur. Passei a mão em seu cabelo.

— Mamãe tá doendo, a barriga — Mel disse manhosa.

— Acho melhor leva-la no hospital, às vezes não é nada. Mas é melhor, pelo sim pelo não — Arthur disse tão sem jeito quanto a Luara estava.

— Você não tem que achar porra nenhuma. Eu deixei minha filha na responsabilidade de vocês. Ela só tem cinco anos, qual a dificuldade? — Explodi.

— Calma Déb. Arthur está de carro, podemos levar vocês em um hospital. Não fizemos de propósito, não precisa disso — Luara disse tentando me acalmar.

Eu estava no auge da minha irritação. Não deveria ter confiado a dois irresponsáveis a responsabilidade de cuidar da minha filha, estava com muita raiva de mim. Sem pensar muito, voltei para dentro de casa e peguei minha bolsa rapidamente e calcei um chinelo nem prestei atenção na roupa que eu estava. Quando saí novamente, os dois ainda estavam parados no meu portão.
Eu não queria aceitar carona dele, mas a Luara insistiu e, além disso, era a forma mais rápida de chegar a um hospital. Mel estava começando a ficar quente demais para aumentar meu desespero. Arthur estacionou e eu desci do carro o mais rápido que consegui. Na recepção a menina começou com todas aquelas burocracias, eu estava quase pulando no pescoço dela.

— Ela não pode preencher isso enquanto já atendem a menina? — Ouvi a voz do Arthur atrás de mim.

— A próxima já é ela senhor. — Recepcionista respondeu educadamente.

Mel estava quietinha no meu colo, enquanto eu preenchia a ficha apoiando-a em meu colo.

— Deixa que eu preencho, daqui a pouco vão chamar ela — Arthur sentou-se ao meu lado. Por que ele estava insistindo? Eu não queria ajuda dele. Eu não queria a porra da ajuda dele. — Débora eu sei que você está nervosa, mas eu só quero ajudar.

— Sim, estou nervosa. Quer realmente me ajudar? Pelo amor de Deus me deixa em paz — cuspi as palavras e ele me olhou um pouco assustado.

Foda-se. Eu só queria que ele sumisse de novo. Que sumisse da minha vida. Arthur decidiu me deixar em paz, e eu agradeci aos céus por isso. Depois de uns quinze minutos chamaram o nome da Mel.

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