Capítulo 43

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Maratona 2/5

Diogo narrando ⚠️

Cheguei em casa por volta das quatro horas da manhã, eu rodei a cidade inteira atrás do Arthur, não vi nem rastro dele. Não tinha menor ideia onde ir procurar. Mas eu não conseguia tirar da cabeça que aconteceu algo muito sério. Será que foi com a Débora ou a Mel? Não... Senão ela teria me dito. Ainda tem isso, eu vou ser pai... Pai. Logo eu, que não sei nem cuidar de mim, agora vou ter uma vida por quem eu vou ser responsável. Eu não fui responsável nem para me lembrar da camisinha, como eu vou ser responsável por cuidar de uma criança?

Peguei a chave do bolso, abri a porta e me deparei com a casa toda destruída. As garrafas do bar estavam espatifadas no chão, a TV de plasma estava rachada, o vidro da mesa não existia mais. Mas que merda aconteceu aqui?

— Arthur. — o chamei.

Subi as escadas e vasculhei cada canto da casa atrás dele, não o encontrei em lugar algum. Desci e ouvi um barulho vindo da área da piscina, corri até a mesma. Arthur estava sentado, debruçado sobre uma mesinha, na sua frente estava duas carreiras de pó, ele cheirou uma delas. Quando dei por mim já tinha avançado e jogado a mesa longe.

— Que merda você está fazendo? — gritei.

— Olha a merda que você fez. Seu babaca! — disse irritado.

— Babaca? Eu sou o babaca? Olha a porra que você está fazendo. Eu não acredito que você está fazendo isso. Depois de tudo.

— Você não sabe de porra nenhuma. Não se meta. — se levantou e ele ia sair, mas eu segurei em sua camisa impedindo-o de sair.

— Eu não vou deixar você se enterrar nessa merda de novo. Não vou, está me entendendo?

Ele me empurrou, e me encarou. Seus olhos estavam vermelhos, mas aquilo não era só das drogas, ele havia chorado e muito por sinal.

— Que droga aconteceu para você ficar assim? — finalmente perguntei.

Ele olhou para os lados, e eu vi a dor em seus olhos. Algo muito sério havia acontecido, mais sério do que eu achei que fosse. Arthur sentou onde ele estava, e abaixou a cabeça, segurou seu cabelo entre os dedos, apoiou sua cabeça nos joelhos.

— Minha mãe… Ela… Ela… — ele sequer conseguiu terminar de dizer.

Mas, sinceramente? Nem precisava. Pelo jeito que ele estava eu sabia que o pior tinha acontecido. — Eu preciso ficar sozinho, só isso Diogo, só me deixa sozinho.

— Não cara, não posso te deixar sozinho. Eu estou contigo nessa, você sabe disso.

— Você não sabe de nada. Nem ouse a me dizer, que você sabe o que eu estou sentindo. Porque você não sabe. — ficou em pé e passou a mão sobre o cabelo.

— Não preciso saber o que você está sentindo, eu só preciso ficar do seu lado e te dar força. É isso que os amigos fazem. Você estava limpo há anos... Anos Arthur, você não vai ficar nessa de novo.

— Isso foi antes de ouvir minha irmã chorando, me dizendo que a nossa mãe havia morrido. Desculpa te decepcionar cara, mas eu não tenho mais forças para nada.

Virou as costas e saiu. Chutei a cadeira que estava na minha frente e senti que meus olhos estavam ardendo, eu queria chorar. A mãe do Arthur era como se fosse uma segunda mãe para mim, eu não acreditei que aquilo estava acontecendo. Era tudo uma droga, eu já havia visto o Arthur entrar nessa e sair, mas eu estava com medo do que eu vi no olhar dele, dessa vez eu não tinha tanta certeza que no final as coisas terminariam bem de novo.

Débora narrando ⭐

Me demitir e contar aos meus pai sobre minha loucura.

Esse era meu plano para esse dia, eu precisava fazer isso o mais rápido possível. Graças ao pai da Luara, estava tudo certo com nossos vistos, em alguns dias eu e a Mel estaríamos viajando. Eu não contei para o Arthur, queria que fosse uma surpresa.

Entrei no prédio que eu trabalho, quer dizer que eu trabalhava. Eu estava muito nervosa, eu imaginava muitas coisas para meu futuro, mas nenhuma delas era tudo isso que estava acontecendo. Já havia ligado dizendo que precisava conversar com o Túlio, então ele já estava me esperando. Quando cheguei a secretária logo me anunciou, e mandou eu entrar.

— Boa tarde! — o cumprimentei.

— Boa tarde, querida. Fiquei surpreso com seu telefonema, mas entra e senta. Quer um café?

— Hum... Não, obrigado. Não pretendo demorar.

— Ok. Mas pode se sentar.

Concordei e sentei, colocando a bolsa no meu colo. Ele sentou na cadeira a minha frente. Pronto, era agora.

— Então, eu sou muito grata por tudo que a empresa fez na minha carreira. Vocês me acolheram desde o começo, aqui foi minha primeira oportunidade, e nunca vou poder agradecer a confiança que você depositou em mim. Mas minha vida virou de ponta a cabeça e infelizmente eu não vou mais poder trabalhar aqui. — terminei de falar e respirei fundo.

— Nossa! Eu esperava qualquer coisa, menos isso. Mas eu fico realmente triste com isso, você é uma das melhores que eu tenho. Saiba que se precisar de uma carta de recomendação, ou se precisar voltar, as portas estarão sempre abertas para você.

— Muito obrigado, Túlio. Muito obrigado mesmo.

Nos despedimos com um aperto de mão, então fui direto do RH resolver toda a papelada. Demorei quase uma hora, quando finalmente fiquei livre, fui até a casa dos meus pais. Acho que essa era a parte mais difícil, eu sei que eu não precisava da permissão deles, mas eu queria que eles me apoiassem, era importante.

Minha mãe estava fazendo feijoada, tudo para dona Ana, era motivo de cozinhar, eu só havia dito que passaria aqui e ela já foi se enfiar na cozinha. Não iria reclamar a comida dela era a melhor do mundo.

— Não era para você estar no trabalho? — perguntou meu pai enquanto folheava o jornal, após termos almoçado.

Respirei fundo, e falei:

— Me demiti.

— O quê? — foi a vez da minha mãe falar. — Você sempre amou trabalhar lá, o que aconteceu minha filha?

— Bom, aconteceu muitas coisas nos últimos dias. Mas eu tomei uma decisão importante, por isso eu vim falar com vocês.

— Que decisão Débora?

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