Capítulo 48

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Arthur narrando ⚡

O mar estava calmo quando entrei nele. As ondas não estavam tão fortes, mas era o suficiente para ficar um pouco ali. Parei sentado em cima da prancha bem afastado da areia, fiquei olhando para o nada e pensei nas atitudes de merda que eu tomei.
Quando a Olívia me ligou chorando e me contou que minha mãe havia morrido, a única coisa que pensei foi em fugir. Fugir para mim parece ser a solução dos meus problemas, mas nunca foi e continuava não sendo. Eu decepcionei todas as pessoas que eu amava de novo, só que dessa seria pior. Eles não iam me perdoar em um piscar de olhos… Ela não iria me perdoar.

Eu não voltei a usar drogas. Foi uma recaída. Confesso, não foi muito fácil. Mas nesses três meses eu mantive limpo.

Eu estava morando na casa de praia onde eu e a Débora ficamos pela primeira vez… Não teve um dia que eu não pensei em voltar, mas eu estava com tanto medo dela virar as costas, que eu fui adiando… adiando… Até o dia que a Luara me achou, o que foi uma semana atrás e disse que ela estava grávida. As palavras dela foram exatamente:

“Minha vontade é de socar sua cara até te desfigurar. Olha Arthur eu não faço ideia da dor que você está passando, não faço mesmo. Mesmo não sendo achegada aos meus pais, eu ia ficar mal… Mas isso não te dá o direito de afastar ela, Arthur a Débora não saí mais de casa. A Mel acha que você não a amava o suficiente para ficar. Minha amiga está quebrada, você a quebrou… Está tudo diferente da primeira vez, ela não está se esforçando para seguir em frente. Ela não está vivendo. Ela está sobrevivendo. A Débora guerreira que luta pelo o que ela quer não está mais lá, você a levou embora junto com a sua covardia. Você não a merece. Você também não merece a filha maravilhosa que você tem. Mas isso eu não posso mudar, elas te amam. A Débora está grávida Arthur… Ela está esperando um filho seu, pelo amor de Deus, eu não quero que ela passe por tudo isso sozinha de novo.”

Eu fiquei parado que nem um babaca enquanto meu rosto já estava molhado de lágrimas. Ela tinha razão, eu quebrei a Débora e doía saber que ela não estava bem. Eu era um idiota. Não. Eu era mais que um idiota.
Saí do mar, e caminhei até a casa. Entrei na mesma, deixei minha prancha da sala, quando eu ia entrar no banheiro ouvi meu ceulr vibrar.

“Ela está no hospital, eles estão bem. Mas ela não está bem. Sua última chance.”

Eu já havia colocado todas as peças de roupa que eu havia comprado nesse tempo dentro da mochila. Olhei ao redor vendo se eu não havia esquecido nada. Mas não importava muito, eu estava com pressa. Em dez minutos eu já estava pronto para ir embora. Saí com a mochila nas costas e a joguei dentro do carro.

— Fico feliz vendo finalmente você tomou coragem — Heitor disse.

Heitor era um senhor que cuidava da casa ao lado, ele vinha uma vez por semana. Como eu não tinha muitas pessoas para conversar ele acabou sendo minha única companhia.

— Foi uma coragem meio forçada. — falei fazendo careta.

— Mas o importante que você está indo... Você a ama. Só faz as coisas certas dessa vez, se tiver um problema deixa que ela te ajude. Deixei ela te consolar. Não tem mal nenhum nisso.

— Ela me odeia… Quer dizer, isso foi idiota. Ela não me odeia… Mas provavelmente ela não vai me perdoar e não tiro a razão dela. — fui até a porta da casa, tranquei a mesma e joguei dentro do bolso.

— É claro que ela não vai te perdoar facilmente. Você vai ter que lutar por ela… Mas no final vai valer a pena.

— Obrigado. — sorri.

— De nada, dirige com cuidado.

Assenti e entrei no carro. Quando eu já estava na estrada há duas horas, mandei mensagem para Luara perguntando qual hospital a Débora estava, ela respondeu de imediato.

Depois de quase quatro horas dirigindo eu estacionei na porta do hospital. Enviei outra mensagem para Luara avisando que eu já estava ali.

— Vem, ela está dormindo — foi a primeira coisa que ela me disse.

— O que aconteceu?

— A pressão dela. Ela não está se alimentando como deveria também.

Culpa. Foi só isso que senti.

Segui a Luara até chegarmos a sala de espera, onde logo avistei o irmão da Débora. Ele me olhou com raiva, bom ele tinha os motivos dele. Foi tudo muito rápido, num instante ele estava sentado no outro ele estava me acertando um soco no queixo que me fez cair no chão. Eu não tinha o direito de revidar.

— Está se sentindo melhor? — olhei para Luara para saber a quem ela perguntou. Mas a pergunta não foi para mim.

— Um pouco. — Felipe disse e sentou novamente.

Levantei do chão, massageei meu queixo. Droga! Ele tinha a mão pesada.

— Ela está no quarto 204. — Luara disse para mim.

Caminhei pelo corredor e parei na porta que indicava “204”. Abri a porta e adentrei o quarto. Débora estava deitada, com soro em sua veia. Fechei porta atrás de mim com cuidado para não fazer barulho.

Me aproximei da cama, o lençol do hospital demarcava sua barriga que já estava presente. Ergui minha mão e a levei até sua barriga, acariciei a mesma lentamente. Meu coração estava apertado em vê-la daquele jeito. Meus olhos já estavam doendo de tanto que eu estava segurando para não chorar, passei meus olhos por todo o seu rosto e mesmo naquela cama de hospital, ela continuava linda.

Eu precisava tanto dela.
Eu a queria tanto. Mas tanto.

Não tinha ninguém igual. Era que não ia ter sentimento igual. Era que não ia ter outra pessoa que fosse assim, tão única, tão perfeita, tão, tão… sabe? Não ia ter, eu sei.

Movimentei minha mão até a sua e a segurei com cuidado. Entrelacei nossos dedos, ergui sua mão levando ao meus lábios e a beijei.

— Me perdoa… Eu nunca mais vou te deixar sozinha. Eu prometo. Só me perdoa — minha voz saiu um pouco embargada.

Ela abriu os olhos devagar, e quando ela me olhou, não demonstrou nenhuma emoção ao contrário de mim, as lágrimas não paravam de brotar dos meus olhos. Ela só ficou me encarando.

— Você está aqui — disse e seus olhos começaram a se encher d’água.

— Eu estou aqui. Prometo, eu não vou mais sair daqui, do seu lado.

Ela não falou mais nada, mas suas lágrimas não paravam de descer. Sequei uma por uma, nunca mais queria fazê-la chorar. Me inclinei um pouco e deixei um beijo em sua testa.

— Eu te amo, meu amor.

Ela me olhou por alguns segundos e logo fechou os olhos, adormecendo novamente.

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