Capítulo 31

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Maratona 2/5

Arthur narrando ⚡

— Hum... Hoje é dia muito especial, é aniversario de umas das pessoas mais importantes da minha vida. — achei que eu fosse vomitar ou só agarrar no pescoço dele e mata-lo, na verdade estava na duvida. — Amor, você sabe que eu nunca deixei ninguém entrar na minha vida do jeito que você entrou. Dizem que podemos nos apaixonar por várias pessoas ao longo da vida, mas amar só uma. Não sei se isso é real ou é só algo clichê que as pessoas repetem. Mas se isso realmente for real, você é aquela única que vou amar por todos os dias da minha vida. E eu gostaria de fazer isso... De poder te amar até a gente ficar velho e essas coisas. — ele deu uma risada nervosa, então se ajoelhou na frente na Débora e tirou uma caixinha do bolso. — Eu sei que já comentamos sobre isso várias vezes, mas nunca conversamos de fato... Então eu queria te perguntar algo: Débora Ferraz, você quer casar comigo?

O quê? Isso só podia ser uma brincadeira. Eu estava com tanta raiva, que não notei que apertei o copo de vidro que estava na minha mão, agora estavam todos olhando para mim.

— Droga Arthur! O que você fez? — Luara perguntou preocupada, e se aproximou.

— Nada demais. — desviei os olhos dela e olhei para Débora que me olhava de um jeito desesperado. Foda-se que estava todo mundo me olhando. — Não vamos atrapalhar o casal, Débora ainda deve uma resposta ao camarada aí. — dei um sorriso completamente irônico.
Eu estava puto. Na realidade, eu estava além de puto. Qualquer resposta da Débora que não fosse "não", eu não responderia pelos meus atos.

Débora narrando ⭐

Todos estavam me olhando. Mas eu só conseguia olhar para o Arthur que parecia que iria explodir a qualquer momento. Eu não sabia o que fazer, Igor ainda estava ajoelhado na minha frente, a mão do Arthur estava sangrando, mas ele não estava se importando. Luara estava encarando-o tentando entender a reação dele. Quando abri minha boca para falar qualquer coisa que seja, ouvi o toque do meu celular. Corri até minha bolsa e peguei o mesmo.

— Oi Felipe. — atendi.

— O pai acordou Déb. — disse animado.

Soltei um suspiro aliviado.

— Estou indo para aí, agora.

Desliguei o telefone, e coloquei de volta dentro da bolsa.

— Seu pai acordou? — Joana perguntou, quebrando o silêncio.

— Sim! Preciso ir para o hospital agora.

Igor já estava de pé, com a cara um pouco decepcionada. Mas ele me olhou e forçou um sorriso.

— Eu te levo. — falou, e guardou a caixinha com as alianças dentro do bolso novamente.

Eu estava aliviada pelo meu pai, mas também estava aliviada por me livrar daquela situação. Foi tudo constrangedor demais, eu sabia que depois do que aconteceu eu não poderia fugir de uma conversa esclarecedora com a Luara. Igor foi à frente, e eu logo o segui.
Entramos em seu carro em completo silêncio. Ele estava incomodado, e isso era visível. Mas porra, quem não estaria né? Você acabou de pedir sua namorada em casamento, e ela simplesmente não diz nada.

— Acho que precipitei as coisas, né?! Deveria ter conversado com você antes, ou..

— Não Igor. — o interrompi. — Eu sei que parece clichê, mas o problema sou eu.

Ele soltou um suspiro, e apertou o volante.

— E o que isso quer dizer? — perguntou com receio.

— Você foi uma das melhores pessoas que eu conheci. Você me apoiou quando eu precisei. Foi meu amigo, meu amante, meu companheiro. Eu sou grata por esses dois anos Igor, muito grata.

— Agora vem o famoso “mas”. — disse um pouco nervoso.

Senti meus olhos arderem. Eu estava com vontade de chorar, eu não queria magoá-lo. Foram dois anos e eu fui apaixonada por ele. Só nunca foi amor.

— Eu não posso Igor, não posso fazer isso com você e muito menos comigo. Você merece ser feliz, e conhecer alguém que te ame na mesma intensidade e...

— Se quer terminar comigo Débora, simplesmente termine. Não vem como esse papo de que eu mereço alguém melhor, eu fiz a minha escolha e agora é só você fazer a sua. — falou parando em frente ao hospital. Ele tirou o cinto e me encarou. — Por mais que não seja o que eu quero ouvir Débora, só me diz a verdade.

— Eu não posso me casar com você. Não posso continuar com você. — disse e senti uma lágrima molhar meu rosto.

— Eu sei que acabei de falar que você tinha que escolher... Mas, seria muito ridículo te implorar pra ficar comigo? Eu te amo tanto que eu... Não sei se vou sentir isso por alguém, algum dia. — ele soltou um suspiro e engoliu seco tentando segurar as lágrimas que se formavam em seus olhos.

— Me desculpa. — disse baixo.

Ele fechou os olhos com força, beijei sua bochecha e saí do carro. Eu estava uns quilos mais leve, não que eu estava desesperada para me livrar dele, mas era bom ser sincera. Com esse espirito que entrei no hospital para ver meu pai.

Arthur narrando ⚡

Quando a Débora saiu pela porta com aquele babaca, eu queria bater em alguma coisa. Eu não me lembrava da última vez que fiquei nesse estado, quando eu usava drogas era comum eu sair quebrando as coisas, e batendo no primeiro filho da puta que me irritava. Todos que estavam na sala me encaravam, resolvi subir, não estava afim de explicar nada a ninguém. Só queria esfriar minha cabeça de preferência, sozinho.
Entrei no meu quarto, e fui até o banheiro. Coloquei minha mão debaixo da torneira, lavei a mesma tirando todo o sangue e alguns pedaços pequenos de vidro que estava nela. Estava quase terminando quando ouvi a porta do quarto abrir. Terminei de lavar a mão e voltei para dentro do quarto. Luara estava de braços cruzados, mas ela não parecia brava, ela só me olhava confusa.

— Eu já tentei pensar em mil coisas, para chegar uma explicação do que aconteceu lá embaixo alguns minutos atrás. Mas nenhuns dos meus pensamentos me deixaram alegres, acredite eu tenho a mente fértil. — ela começou a dizer. — Então, por favor, me explica.

Cocei minha nuca e baguncei meu cabelo. Caminhei até a cama, e sentei na mesma.

— O que você quer ouvir de mim Luara? — soltei um suspiro frustrado.

— Eu... Já tive problemas em controlar meu temperamento, eu sei que me olhando hoje ninguém diz.

Mas, eu já fui aquele cara brigão. Fazia tempo que eu não perdia a cabeça, eu estou estressado com algumas coisas e não sei simplesmente me irritei.
Ela ficou me olhando, tentando analisar o que eu falei.

— Você disse que anda estressado... Que coisas que andam te estressando? E o que te irritou lá embaixo?
Eu precisava acabar com isso. Antes que eu perdesse a cabeça com ela também.

— Luara isso não está dando certo. — ela me olhou confusa. — Nós dois, essa coisa toda. Foi legal por um tempo, mas não está dando mais certo.

— Foi legal? Sério, que depois de dois anos. O que você tem a me dizer é “foi legal”? Que merda está acontecendo com você?

Respirei fundo para não gritar com ela.

— Eu não quero conversar. Só estou dizendo que acabou. Eu não quero mais fazer isso, fingir que não é comigo. Lembra quando me perguntou uma vez se eu já havia amado alguém? Lembra que eu simplesmente não te respondi? — ela continuou me encarando sem reação.

— Eu amei. Na realidade, eu amo. Eu não posso ser quem você quer que eu seja, simplesmente não posso.

Eu não sei se ela ligaria o que eu falei com a cena lá debaixo. Se ela ligasse, ia fuder com tudo. Mas eu estava pouco me fudendo naquele momento, depois eu me preocuparia com as consequências.

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