Débora narrando ⭐
No domingo pela manhã estávamos no carro do Igor indo em direção á casa dos meus pais. Não era longe, em vinte minutos já havíamos chegado. Peguei a Mel do carro, coloquei-a no chão. Igor já havia tocado a campainha, não demorou o portão se abrir e meu pai nos encarar. Achei que ele fosse fazer pouco caso, me tratar com indiferença. Ele é muito orgulhoso, acho que puxei isso dele, acho não, tenho certeza.
— Vovô. — Mel gritou e pulou no colo dele.
— Luiz. — Igor o cumprimentou.
Eles esticaram suas mãos e apertaram. Olhei para meu pai, e ele me deu um sorriso sem mostrar os dentes, mas eu sei que foi verdadeiro.
— Sua mãe está na cozinha. Ela vai ficar feliz em ver vocês aqui. — comentou, ajeitando a Mel no colo.
— Vovó está fazendo bolo de chocolate? — perguntou, fazendo cara de criança danadinha. Mel parecia que passava fome, tudo dela se resumia em comer.
Entramos na casa, e ouvi minha perguntar “Quem é, preto?”. Essa era uma forma carinhosa que eles se tratavam. Cheguei à cozinha, e minha mãe estava tão distraída fazendo almoço que nem percebeu minha chegada.
— Senhora quer ajuda na cozinha? — perguntei, pegando o avental que estava no balcão e amarrando na minha cintura.
— Déb! — disse animada. — Que saudade meu amor.
Ela me puxou para um abraço, e beijou minha bochecha assim que se afastou.
— Cadê a Mel?
— Está com meu pai.
Dona Ana olhou dentro dos meus olhos por alguns segundos e deu um sorriso simples. Ela sabia que eu não estava ali só para visita-la. Ela sabia que eu precisava dela. Ela sabia principalmente que se eu vim buscar “ajuda” é porque estou certamente à beira do desespero.
— Vamos terminar o almoço. — foi à única coisa que ela disse.
Ela não iria me perguntar nada, ia esperar eu falar.
Almoço ocorreu perfeitamente bem. Minha mãe parecia que havia adivinhado que eu viria afinal ela fez minha comida preferida, estrogonofe de frango. Após o almoço meu pai e o Igor engataram em uma conversa sobre esporte, e eu fui ajudar minha mãe tirar á mesa, enquanto a Mel corria atrás do Rex, um vira-lata que meus pais tinham.
— Mel para de correr que você vai passar mal. Senhorita acabou de comer. — minha mãe alertou.
— Obedece a vovó Mel. — disse assim que vi que a Mel ignorou totalmente o alerta da minha mãe.
Levei os pratos para a pia, e lavei os mesmos rapidamente. Quando terminei minha mãe não estava mais ás minhas vistas, procurei pela casa e não a encontrei. Deduzi que ela estivesse no banheiro. Fui até meu antigo quarto, e estava tudo do jeitinho que deixei. Meus pôsteres grudados na parede, meu guarda-roupa cheio de adesivos.
— Quando falei que podíamos tornar aqui um quarto de hospedes, seu pai quase armou uma guerra. — olhei para trás e avistei minha mãe sentada na minha antiga cama. — Ele nunca vai admitir é claro, mas ele sente falta de vocês aqui.
— A senhora sabe o porquê eu fui embora. — soltei um suspiro e sentei ao seu lado.
— Eu sei meu anjo. Foi por culpa nossa. — ela levou a mão em meus cabelos e acariciou o mesmo.
Eu nem havia aberto minha boca e já estava com vontade de chorar. Mas que merda é essa? Minha mãe deu dois tapinhas em suas pernas, não precisou que ela pedisse duas vezes. Deitei na cama, e coloquei minha cabeça em seu colo.
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Sempre foi você
Novela Juvenil+15 | Por um deslize, a vida de Débora mudou de um jeito irreversível. Obrigando-a mudar seus objetivos, dando outro caminho para suas preocupações. Após anos, quando finalmente ela está conseguindo colocar sua vida nos eixos, algo acontece perturba...