Sempre foi você

Capítulo 6

Débora narrando ⭐

Dei uma última olhada no espelho. Nossa! Nem lembrava a última vez que eu havia me arrumado tanto. Eu realmente estava bonita. Ouvi a campainha tocar, mas eu não fiz questão de atender, eu sabia quem era. Deixei para uma das duas atender a porta. Eu ainda tinha esperanças da Mel simplesmente não gostar dele e eu usaria isso como desculpa para não arredar meu pé para fora de casa.

— Mamãe, “vo” ficar na casa do Tio "Artu"? — Mel entrou no quarto gritando animada.

Esperanças foram diretamente direcionadas ao ralo.

— Vai filha. Se comporta, tudo bem? — Ela assentiu. — Obedece ele direitinho, qualquer coisa liga para mamãe ou pede ele para ligar.

— Tudo bem, mamãe — disse e saiu correndo de volta para sala.

Peguei a mochila dela com algumas coisas que eu coloquei e fui para sala. Me surpreendeu o fato de que ela estava sentada no colo dele rindo de algo que Arthur mostrava no celular. Confesso que aquela cena me deu um aperto no peito, algo me dizia que eu estava entrando em um beco sem saída.

— Nossa! Se eu fosse lésbica, te levava para seu quarto agora — Luara disse me olhando de cima a baixo.

Percebi que nesse momento o Arthur desviou os olhos do celular, e me olhou de forma indiscreta. Luara estava tão animada que sequer percebeu, mas eu notei. Tanto notei, que fiquei arrepiada.

— Estamos prontas? — Joana perguntou verificando sua bolsa.

— Lembra-se de tudo que eu disse? — Perguntei pela décima vez.

— Pelo amor de Deus, Déb. Até eu já gravei tudo que você disse e você nem falou para mim — Luara disse entediada.

— Ela só está sendo mãe, Luara — Arthur disse me defendo. — Relaxa Débora, qualquer coisa eu vou te ligar. Não vou deixar ela dormir tarde e nem comer muita besteira.

Eu estava apreensiva, eu nunca deixei a Mel com ninguém. Na realidade, desde que ela nasceu essas coisas de festas, baladas e tudo que se relaciona a isso, foi deixado para segundo plano. Por isso ser mãe nova não é fácil, não é mesmo. Mas apesar de tudo não há nada que faça eu me arrepender da coisinha mais importante da minha vida.

Arthur narrando ⚡

Eu juro que tentei fazer o máximo possível para não deixar na cara. Mas tinha algo na Débora que... Eu não sei explicar. Desde que eu a vi no escritório, ela não saía da minha cabeça.
Ela era uma mulher bonita, com certeza é. Quando a vi pela primeira vez, estava vestida com uma saia justa cor grafite e uma blusa preta um pouco decotada. Seus cabelos longos lhe davam um ar completamente sexy, apesar da idade ela tinha um ar de mulher madura. Luara era linda, mas eu sempre tive uma queda maior pelas morenas. Mas sinceramente não foi isso que chamou minha atenção, foi o par de olhos esverdeados intensos que ela carregava, e o jeito como ela me olhou. Eu não deveria estar pensando tanto na melhor amiga da minha namorada.

— Estou com fome — a voz da pequena Mel me tirou dos meus devaneios.

— Vamos comer alguma coisa, mas isso tem que ser um segredo nosso — falei baixo.

Ela deu aquele sorriso de criança que fez arte e concordou com a cabeça. Mel era uma criança esperta, e ao contrário do que a Débora disse, ela se simpatizou comigo. Parei no MC' Donalds para comprar algo para comermos.

— Você é namorado da mamãe? Porque eu não gosto do Igor chato — Mel disse me encarando com esperança.

— Ele é namorado da sua mãe? — Ela assentiu e continuou esperando minha resposta. O fato de saber que ela pertencia alguém me incomodou mais do que deveria. — Não, eu não sou namorado da sua mãe. Na realidade sou namorado da sua tia Luara.

Com uma carinha decepcionada ela concordou, não demorou pra que eu estacionasse na garagem da minha nova casa. Tirei o cinto da cadeirinha dela, e a peguei no colo.

— Eu sou uma mocinha, eu posso andar — disse, com um ar independente.

Não pude deixar de rir, peguei sua mochila e tranquei o carro. Apesar de eu gostar de criança, eu não tinha a menor ideia de como cuidar de uma, mas não deve ser difícil, pelo menos é o que eu achava.

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Arthur Vilela