Capítulo 42

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Maratona 1/5

Débora narrando ⭐

Parei para pensar antes de responder, mas ela não deixou concluir meus pensamentos.

- E se você não sabe Arquitetura não é profissão exclusiva do Brasil. Você pode ter tudo isso ao lado do cara que você ama, e tenho certeza que o Arthur irá te apoiar. Vocês passaram cinco anos nessa, e quando você tem o cara, você o deixa ir embora assim? Sem lutar e sem nada... Essa não é minha melhor amiga, porque a minha melhor amiga é uma mulher guerreira que criou uma filha sozinha, que não desiste do que quer e que não é uma cagona medrosa.

Era estranho falar sobre o Arthur com a Luara. Mas, ela me conhecia melhor do que eu... Era isso. Não era minha independência que me impedia de ir, mas sim meu medo que me encorajava a ficar.

- Mas... E se... Se der tudo errado?

- Débora, a vida é um "e se", a não ser que você seja Deus você não sabe o que vai acontecer amanhã. Vai viver a sua vida, vai viver esse amor de vocês... E se der tudo errado, você volta de cabeça erguida consciente que não deixou de lutar pela sua felicidade. - disse firme.

Parece que suas palavras mexeram em algo dentro de mim. Ela estava certa, ela estava completamente certa.

- Eu fiquei com raiva, e disse que nunca ia te perdoar. Mas, eu acho que te perdoei no momento que eu saí por aquela porta. Você e a Joana são minha família... Família é assim mesmo, briga e acerta. Eu sei que você mandou aquela mensagem sem querer, porque você é orgulhosa pra cassete e eu demorei uns dias porque eu também sou. Mas sabe por que eu vim? - fiquei apenas encarando-a então ela prosseguiu. - Porque quando eu mandava essa mensagem para você, você nunca perguntava o porquê, você só estava lá e pronto. Eu te amo desgraça, agora levanta essa rabo desse sofá e vamos arrumar coisas porque a senhorita está indo para o Havaí.

Arthur narrando ⚡

Minha vida estava se resumindo em treinar, malhar e ter reunião com patrocinadores. Naquele momento mesmo, eu estava me arrumando para ir a uma festa, a minha vontade de ir era nula. Eu estava com saudade da Débora, da Mel, e nada dessas porras iam mudar isso. Minha mãe disse alguns dias atrás que eu deveria deixar de cabeça dura e ficar no Brasil, mas as pessoas não entendem.

Eu não fiquei com raiva da Débora, eu a entendia, mas como eu disse para ela, não era porque eu a entendia que eu iria aceitar de boas sua decisão.

Mas me arrependi, porque eu deveria ter aproveitado cada minuto ao seu lado, deveria ter deixado para sentir falta dela agora, mas não, meu orgulho falou mais alto e como diz o ditado: quem vive de orgulho morre de saudade. Nunca uma frase fez tanto sentindo na minha vida.

- Já está pronto ou vai ficar com essa cara de merda olhando para o espelho? - Diogo disse dando uns tapas no meu ombro.

- Estou pronto para mandar você ir à merda.

- Você deveria ver isso como algo positivo, você está solteiro, sabe que nessas festas tem várias gotosas, sorria e aproveita. - sugeriu.

- O dia que você se apaixonar por alguém, você vai ver como é...

- Se você soubesse... - ele disse pensativo. - É melhor, irmos.

- Pera aí, o que você ia me dizer? Se eu soubesse o quê?

- Nada, vamos embora, estamos atrasados. - desconversou.

Dei risada e o segui até o carro.

- Você sabe que vou encher a merda do seu saco não sabe? Até você terminar de dizer... E contar que história é essa... - falei entrando no banco do carona.

- Eu não sei do que você está falando.

- Joana? - ergui a sobrancelha.

- Esquece inferno! Não é ninguém, está para nascer mulher que vai me fazer ficar que nem um otário.

- Sei... - ri.

Ele dirigiu emburrado, e eu achei graça. Ele estava escondendo alguma coisa. Será que ele se apaixonou por alguém no Brasil?

Não demorou a chegarmos onde seria a festa, era as mesmas coisas de sempre. Tínhamos que ficar conversando, forçando simpatia e talvez beber um pouco, mas não passar dos limites para não passar vergonha. Deixei o Diogo conversando com um grupo de pessoas e fui pegar algo para beber. Fiquei esperando o barman preparar o meu pedido.

- Arthur Vilela. - alguém disse.

Olhei para trás e vi uma mulher morena, ela tinha os olhos verdes, parecia com a... Oh droga!

- Eu. - respondi.

- Estou torcendo por você... - disse e deixou um sorrisinho.

- Obrigado. - respondi e peguei minha bebida.

Deixei a menina falando sozinha, e saí da festa. Tudo me lembrava da Débora, isso estava ficando uma merda. Parei na parte onde os carros estavam estacionados, e fiquei viajando olhando para o céu, até sentir meu celular vibrar no bolso. Peguei com esperança de ser ela, mas não... Soltei um suspiro desanimado ao ver nome da Olívia na tela.

- Fala. - atendi.

Ela começou a falar, e parecia que cada palavra que ela dizia aos prantos tirava o resto do chão que eu tinha. Isso não podia estar acontecendo.

Diogo narrando ⚠️

Eu já havia ligado tantas vezes para o Arthur, que perdi as contas. Ele tinha completamente sumido, ninguém sabia dele. Eu não sei o que tinha acontecido, Estávamos na festa e ele simplesmente desapareceu.

- Atende. - falei sozinho com aparelho no ouvido. - Que droga!

Saí da festa e fui até meu carro. Eu não sei, mas tinha algo me dizendo que havia algo de errado, Arthur não era de sumir assim. Entrei no carro, e comecei procurando-o por perto, não tinha como ele ir muito longe, afinal ele estava a pé. Meu celular começou a tocar, peguei o mesmo um pouco desesperado, atendi sem ao menos ver quem era.

- Diogo?! - era ela.

- Oi... - soltei um suspiro, a ouvi fungar o nariz. - O que aconteceu?Arthur... Puta merda! Aconteceu alguma coisa com ele?

- Quê? Arthur? Do que você está falando...

- Nada... É que estávamos em uma festa, e ele sumiu. Estou com pressentimento ruim. Mas deve ser maluquice minha... Me conta, por que você está ligando e principalmente por que você estava chorando...

- Eu preciso te contar uma coisa.

- Tudo bem. Estou começando a ficar preocupado.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos até que soltou a bomba:

- Estou grávida.

Freei o carro com tudo, se não fosse pelo cinto eu mesmo teria ido parar com a cabeça no vidro. Ainda com telefone no ouvido, eu não sabia o que falar. Minha sorte era que não estava vindo nenhum carro atrás, senão poderia ter acontecido um acidente grave. Meu cérebro parece ter parado, eu não estava em choque. Eu tinha ouvido certo... Ela disse que estava grávida? Grávida... Grávida? Caralho! Ela estava esperando um bebê.
Devido ao meu silêncio ela voltou a falar:

- Diogo?!

Eu não sabia como reagir, e muito menos o que dizer.

- Estou aqui. - respondi baixo.

- Você ficou mudo... Ouviu o que eu disse?

- Sim! Eu ouvi. Desculpa, mas posso te ligar depois? Eu meio que não sei o que te dizer agora, deixa eu só colocar meus pensamentos em ordem. Prometo que ligo.

-Tudo bem. - disse ainda chorando.

Desliguei, e joguei o celular no banco ao lado. Fiquei olhando para frente, ainda processando a ideia. Eu sei que ela precisava de mim, que eu deveria ter falado qualquer coisa que a garantiria que eu não iria sair do seu lado, mas eu precisava pensar e não sei... Eu só precisava pensar. Mano, isso não poderia estar acontecendo.

Puta merda! Eu ia ser pai.

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