Débora narrando ⭐
Depois de tomarmos banho, vesti uma camisa do Arthur que ele havia esquecido na minha casa - que eu não fiz o esforço de lembra-lo -, e ele estava sentado na minha cama apenas de cueca.
Ele abriu as pernas e deu dois tapinhas, quase corri em sua direção e sentei entre suas pernas. A luz do quarto estava apagada, mas a cortina estava um pouco aberta, a claridade da lua deixava o quarto com uma iluminação fraca, ele segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos, graças aquela claridade pude ver nossos dedos entrelaçados.
- Sabe por que comecei a surfar? - neguei com a cabeça. - Quando eu tinha seis anos, eu me afoguei na praia. Não tinha quase ninguém, lembro da minha mãe gritar igual uma desesperada da areia, ela não sabia nadar... As ondas vinham uma atrás da outra, e eu tentava respirar, só engolia mais água, minha cabeça começou a doer... Então, senti alguém me segurar, e me colocar em cima de algo. Eu apaguei, acordei estava deitada na areia, e alguém estava fazendo respiração boca a boca em mim, cuspi muita água. Minha mãe estava desesperada... Quando eu acordei, ela me pegou no colo me apertou e disse que nunca mais ia tirar os olhos de mim e me pediu desculpas, mas não era culpa dela... Foi o pai do Diogo que me salvou, ele era um surfista, e desde então eu disse que queria ser igual a ele. Meu pai me levava para as aulas de surfe escondido, minha mãe não podia nem sonhar... Meu amor pelo surfe só foi crescendo, meu pai sempre foi o cara que me apoiou em tudo, ele e o pai do Diogo. O pai do Diogo morreu em um acidente de carro, eu fiquei muito mal, eu não quis surfar por um tempo, Diogo ficou semanas sem falar comigo e nem com ninguém nada realidade. Mas, então um dia ele chegou na minha casa todo animado, dizendo que nós íamos surfar e que se o pai dele visse o que estávamos fazendo nas últimas semanas iria surrar nossa bunda. Então, fomos surfar e eu prometi que nunca mais ia parar... Até meu pai ficar doente, eu me afastei do Diogo, ele tentou me ajudar e muito, mas eu não deixei. Estava com raiva demais, raiva do mundo talvez. Essa parte você sabe, eu já te contei. Mas eu não te contei que a última vez que fui ver meu pai no hospital, ele estava fraco, magro, mas mesmo assim ele me deu um esporro... Porque eu estava estragando a minha vida. Ele me fez prometer que nunca mais eu ia deixar meus sonhos de lado, e que por ele eu ia chegar ser um campeão mundial. Isso é muito importante para mim... Não é só um troféu entende? É como se eu desse orgulho para ele e eu preciso fazer isso...
Minhas bochechas estavam molhadas, funguei meu nariz e ele continuou alisando minha mão. Eu jamais iria pedir para ele desistir dos sonhos dele, só para ficar. Mas, eu também não queria abrir mão dos meus. Eu sei... Eu sei... O que ele havia acabado de contar mexeu comigo. Mas, eu estava tão confusa... Parece uma decisão fácil olhando de fora, qualquer um me diria "é o amor da sua vida cara, vai e seja feliz". Mas, e se tudo der errado? Se o nosso amor não for o suficiente para manter nosso relacionamento?
- Eu sinto muito por tudo... Seu pai já está orgulhoso de você... Eu estou orgulhosa de você. - disse aos prantos.
- Mas...
- Eu não posso Arthur, eu não posso. Eu não quero tomar uma decisão agora, e acabar me culpando ou culpando você mais tarde... - desabafei.
- Eu te entendo Débora, eu te entendo de verdade. Mas não é por isso que eu vou aceitar.
- Nós podemos fazer dar certo... - sugeri.
- Me diz como? Como vamos manter um relacionamento assim... Íamos o quê nos ver de seis em seis meses? E a minha filha, Débora? Eu vou ficar meses sem vê-la, e...
Ele soltou um suspiro e soltou minha mão, saiu de trás de mim, ficando em pé e procurando sua roupa.
- Aonde você vai?
- Vou para casa... - respondeu vestindo sua camisa. - Eu já disse tudo que tinha para dizer. Vou estar aqui até sexta, você sabe onde me procurar.
Eu estava chorando feito uma idiota. Ele se aproximou, deu um beijo na minha testa e disse:
- Eu amo você!
E saiu pela porta.
Não adiantaria ir atrás dele. Ele queria ouvir algo que eu não iria dizer. Deitei na cama, abracei meus joelhos e deixei que ás lágrimas caísse. Minutos depois procurei pelo meu celular e peguei o mesmo para mandar uma mensagem.
"Eu preciso de você."
Depois que enviei que vi a merda que eu fiz, eu havia mandado para Luara.Os últimos dias foram um verdadeiro desastre, Arthur mal falava comigo, ele só aparecia para pegar a Mel. Ele passava o máximo de tempo que podia com ela. Mas tudo ficou pior quando o sábado chegou, ele conversou com a Mel e ela disse que queria ir com ele. Ela gritou, chorou e fez todo o tipo de birra, então, ele virou para ela e falou:
"A mamãe precisa muito de você. Você precisa cuidar dela para mim enquanto eu estiver fora. Papai promete que vai voltar sempre que puder e te levar para tomar muitos sorvetes."
Não teve nenhuma cena de filme como: eu chegando correndo ao aeroporto, e gritando o quanto eu o amava e que eu ia com ele. Não teve nenhuma cena romântica dele batendo na minha porta dizendo que iria ficar, porque o amor que ele sentia por nós duas era maior que qualquer coisa. Só teve lágrimas, eu não fui ao aeroporto me despedir, não teria coragem de vê-lo indo embora, mas um dia antes quando ele veio trazer a Mel, nos abraçamos e ele disse que nunca iria me esquecer.
Isso foi o suficiente para não dormir, e passar a noite chorando.
Joana veio aqui em casa alguns dias, e tentou me fazer ficar mais animada. Mas sinceramente? Eu estava na merda, e queria continuar na merda. Felipe também estava meio triste, afinal a Olívia também voltou para casa, mas eles ainda se falavam por mensagens e telefone, e ele tinha planos de se mudar.Quanto à mensagem que enviei para Luara? Eu pensei em mandar outra na mesma hora pedindo desculpa e dizer que foi engano. Mas, não mandei nada, acho que no fundo eu tinha esperança que ela aparecesse. Mas não foi isso que aconteceu.
Eu havia acabado de colocar a Mel para dormir, quando ouvi a campainha tocar. Achei estranho, mas logo fui atender, e quando abri o portão eu não poderia ficar mais surpresa.- Foi daqui que mandaram uma mensagem dizendo que precisava de mim? - perguntou e eu percebi que eu já estava querendo chorar de novo.
Tudo que fiz, foi puxa-la para um abraço e ela correspondeu na mesma intensidade.
- Me perdoa... - disse já entre lágrimas.
- Eu te amo garota, e você precisa de um motivo muito mais forte para se livrar de mim. - disse sorrindo. - Soube que você anda fazendo merda com a sua vida - ela rolou os olhos -, é só eu me afastar por umas semanas que você já faz cagada. Mas, eu vim te salvar.
Ela segurou minha mão e saiu me puxando para dentro de casa. Quando entramos pela sala, ela me fez sentar no sofá. Ela jogou a bolsa dela do meu lado, e ficou em pé na minha frente.
- Você está feliz? Nem precisa responder com essa cara de fracassada a gente nota a resposta de longe. - disse fazendo gesto com as mãos. - Mas eu vou te perguntar: você tem sua independência, sua casa, seu trabalho, agora com sinceridade, você tem tudo que precisa?
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Maratona amanhã de tarde, 5 capítulos!!
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Sempre foi você
Teen Fiction+15 | Por um deslize, a vida de Débora mudou de um jeito irreversível. Obrigando-a mudar seus objetivos, dando outro caminho para suas preocupações. Após anos, quando finalmente ela está conseguindo colocar sua vida nos eixos, algo acontece perturba...