Capítulo 44

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Maratona 3/5

Débora narrando ⭐

— Eu vou me mudar para o Havaí. Tudo bem, olhando assim parece loucura, mas é a minha felicidade, é a felicidade da minha filha. Eu sei também que pode tudo dar errado e eu estou com muito medo disso, mas eu preciso arriscar. Então, por favor, não julguem, a única coisa que quero é que vocês me apoiem e me digam que se não der certo vocês estarão aqui. — falei um pouco nervosa.

Meu pai fechou o jornal e colocou em cima da mesa de centro. Esticou sua mão até pegar a minha.

— Eu quero que você seja feliz, meu amor. Não sou o melhor pai do mundo, e ás vezes eu falo coisas que não deveria, mas eu só quero de verdade que você seja feliz e se isso for sua felicidade, então vá atrás dela.
Senti meus olhos marejarem.

— O senhor está errado em uma coisa, com certeza o senhor é o melhor pai do mundo. — disse sorrindo e o abracei.

— Nos amamos você, minha filha. Só queremos o seu bem. — minha mãe disse.

Tirei um grande peso das costas, agora nada me impedia de ir correndo para os braços dele.

Passei no mercado antes de ir para casa, Felipe ficou de ir buscar a Mel na escola. Quando cheguei em casa, sabia que minha pequena já estava pela bagunça que ela estava fazendo.

— Oi, meu amor. — falei.

Ela saiu correndo e me abraçou, enchi seu rostinho de beijos e comecei fazer cosquinhas nela até ela gargalhar, acabamos caindo no tapete da sala.

— Para, mamãe. Para. — falou rindo, tentando se esquivar.

— Agora você está presa bonitinha.

— Tio Lipe! Tio Lipe! Socorre. — começou a gritar entre os risos.

Felipe apareceu na sala, mas sua cara não era das melhores, ele olhava para o celular inquieto logo percebi que tinha algo muito errado.

— Filha, leva essas sacolas para mamãe na cozinha. — a pedi.

Ela levantou animada, e pegou as bolsas que estavam leves e foi saltitando até a cozinha.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei sentando ao seu lado.

— Eu não sei. Olívia me ligou chorando, ela disse algumas coisas, mas eu não consegui entender nada. Eu estava na rua e a ligação estava péssima. Você não sabe de nada né?

— Não... Mas foi algo sério? — fiquei preocupada.

— Ela estava chorando muito. — ele disse pensativo.

— Será que foi algo com o Arthur? — levantei um pouco desesperada. — Ai meu Deus! Será que ele está bem? Liga para ela.

— Eu estou tentando, mas a ligação não completa.

Corri até minha bolsa, peguei meu celular, procurei meus contatos até achar o do Arthur. Coloquei para chamar, mas ele não atendeu de jeito nenhum.

— Ele não me atende. —disse nervosa.

— Tenta o Diogo.

Por um milagre eu tinha o número dele, afinal eu nem sabia por que eu tinha o número dele, mas que bom que eu tinha. Quando deu o quarto toque ele atendeu.

— Graças a Deus! — falei assim que ele disse “alô”. — Diogo aconteceu alguma coisa... Quer dizer, o que aconteceu? O Arthur ele está bem?

— Oi Débora. Hum... Foi à mãe deles, ela faleceu. A ligação está horrível, mas estou indo ficar com a Olívia, o Arthur não quer ir para o enterro.

— Como assim ele não vai?

— Ele não vai, simples assim. Olívia está sozinha, quer dizer está com as tias dela, mas eu vou para lá e trazer ela para cá depois. Eu estou no aeroporto, meu avião vai sair agora.

—Tudo bem… Qualquer coisa me liga.

— Ok.

Desliguei e o Felipe ficou me olhando apreensivo.

— Então, o que aconteceu?

— A mãe deles... Ela... Você precisa ir ver a Olívia. — falei ainda incrédula.

Depois de vinte e seis horas de viajem, estávamos finalmente desembarcando no aeroporto de Honolulu. Os últimos dias foram tensos, Arthur não me atendeu de forma alguma, eu não pude ir com o Felipe para o enterro da mãe deles e tive que adiar minha vinda para cá.

Após contar meus planos para Diogo, o mesmo pediu milhares de vezes, para eu só vir quando ele estivesse presente alegando que o Arthur estava diferente. Eu não tinha a menor ideia do que ele estava falando, mas eu estava apreensiva com tudo isso. Assim que passamos pela porta de desembarque avistei Diogo e a Olívia. Sorri para os mesmos e me aproximei.

— Oi — olhei para a Olívia e ela estava com uma cara péssima, não era para menos né? Abri meus braços e ela me deu abraço forte. — Ei, vai ficar tudo bem.

— Eu estou com medo Déb, o Arthur ele... Ele... — percebi que ela já estava chorando.

— O que está acontecendo que você não me disse? — perguntei e encarei o Diogo.

— Vamos, no caminho a gente conversa sobre isso. — disse sério.

— Eu estou aqui. — Mel disse aparentemente zangada, porque ninguém falou com ela.

Olívia riu, me soltou e pegou a mesma no colo.

— Oi mocinha, desculpa a tia. Tudo bem?

— Tudo bem. — respondeu desfazendo o bico.

Diogo pegou nossas malas e fomos até onde seu carro estava estacionado. Entramos em seguida e o clima estava muito estranho, Diogo estava com cara de que não dormia dias, eu sei que a situação toda não era boa, mas tinha algo a mais, e tinha relação com o Arthur.

— Eu acho melhor vocês ficarem em um hotel. — Diogo sugeriu.

— Por quê?

— Vamos fazer assim, vou deixar a Olívia com a Mel no hotel e nós podemos conversar. — ele disse, e eu assenti.

— Mas eu quero ver o papai também. — disse emburrada cruzando os bracinhos.

— Depois filha, mamãe vai te buscar.

— Promete?

— Sim.

Aparentemente o Diogo já havia arrumado tudo, até a reserva do hotel já estava feita. Passamos e a Olívia foi para o quarto com a Mel, e nós dois ficamos dentro do carro.

— Agora pode me contar.

— O Arthur ele não lidou muito bem com o que aconteceu. Eu não sei se ele já te contou, mas ele passou por uma fase difícil quando o pai dele morreu, ele se meteu...

— Eu sei, ele me contou... — o interrompi. — Ele se meteu com drogas e... Você não está me dizendo que ele...

— Sim, ele já está fazendo isso de novo. Ele não quer falar com ninguém, não deixa ninguém se aproximar. Ele se drogou na frente da Olívia, porra. Eu não sei o que fazer Débora, sinceramente eu não sei.

— Me leva até ele... Ás vezes ele me deixa se aproximar. A gente não pode desistir dele Diogo. — falei desesperada.

— Isso é difícil, quando ele mesmo já desistiu de si próprio.

Então comecei a me culpar, por não ter vindo junto com ele. Talvez se eu estivesse por perto, ele nunca teria feito isso. Talvez se eu estivesse com ele, ele.... ele..... Não sei. Mas eu estava com medo, muito medo.

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