Capítulo 45

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Maratona 4/5

Débora narrando ⭐

Fomos o caminho todo em silêncio, quando Diogo entrou com o carro na casa comecei a ficar nervosa.

— Olha eu vou entrar com você. Mas eu vou ficar no andar de cima, qualquer coisa você me grita. — disse e eu assenti.

Descemos do carro e caminhamos até passar pela porta da casa. Estava tudo aparentemente normal, um silêncio perturbador, Diogo fez sinal dizendo que ele estava no segundo andar, assenti e subi os degraus devagar. Eu queria muito vê-lo, mas não sei se estava preparada para o que eu poderia ver. Subi todos os degraus, dando de cara com um corredor extenso, tinha várias portas, mas só uma estava entre aberta suspeitei que fosse aquela. Com cautela caminhei até estar de frente para porta, empurrei a mesma com a mão e avistei Arthur sentado no chão, apoiado com as costas na cama e como um cigarro entre os dedos que pelo cheiro era maconha.

Fiquei encarando o mesmo, eu queria me aproximar, mas eu estava com medo de sua reação, dei alguns passos para dentro do quarto, então ele sentiu minha presença e olhou para mim. Seu cabelo estava uma bagunça, sua barba estava maior que o normal, seus olhos estavam vermelhos e em volta havia olheiras horríveis.

— Eu não vou cair nessa de novo. Você não é real. — ele disse e deu um trago no cigarro. Acho que ele estava falando consigo mesmo. — Você não é real. Você não é real.

Me aproximei mais, até está em sua frente abaixei ficando de joelhos. Ele me olhou dentro dos olhos e ficou me encarando por alguns segundos.

Ergueu uma de suas mãos e levou até meu rosto, acariciando o mesmo, fechei meus olhos ao sentir seu toque. Quando reabri os olhos ele me encarava com os olhos arregalados.

— Débora? É você de verdade? — perguntou com a voz rouca.

— Sim, meu amor, sou eu. — respondi baixo.

— Isso não é um sonho certo? Não é? Eu sonhei com você todos os dias. Eu acho que estou sonhando agora, mas dessa vez parece ser tão real.

— Arthur, isso não é um sonho, eu realmente estou aqui. — levei minha mão em seu cabelo e mexi no mesmo, ele fechou os olhos e se inclinou sobre minha mão.

Respirei fundo, acabei engolindo um pouco de fumaça e entrei em uma crise de tosse. Ele olhou para o cigarro e apagou o mesmo no chão.

— Você é de verdade... É você mesmo. — ele disse quase sussurrando.

Arthur se levantou, e começou andando no quarto de um lado para o outro, ás vezes ele passava a mão no cabelo bagunçando o mesmo. Ele estava perturbado.

— Eu preciso que você vá embora. — Arthur disse me surpreendendo.

— O quê? Não, eu vim ficar com você. — me levantei do chão.

— A Mel está aqui? Você não pode trazer ela aqui, não quero que ela me veja assim. Eu não quero que você me veja assim.

— Você vai sair dessa, meu amor. Eu vou te ajudar.

— Não, Débora, eu não quero sua ajuda. Eu quero que você vá embora. Eu te amo, mas agora eu não posso dar a vocês duas o que vocês precisam, eu simplesmente não posso.

Ele caminhou até seu guarda-roupa, pegou uma camisa e vestiu.

— Aonde você vai? — ele não me respondeu. — Você não vai sair daqui. — me aproximei e segurei em sua camisa quando ele tentou passar pela porta.

— Me solta, porra! — gritou e me empurrou.

Eu acabei caindo e batendo as costas na madeira da cama. Isso doeu, e como doeu. Quando ele se deu conta do que ele fez, seus olhos estavam arregalados enquanto ele me encarava.

— Droga! Você está bem Débora? — Diogo apareceu na porta e se aproximou de mim.

— Eu estou bem. — respondi, fazendo um careta.

— Desculpa... Débora...

Ele começou a balançar a cabeça negativamente, e saiu do quarto sumindo das nossas vistas. Eu tentei levantar e ir atrás dele, mas o Diogo segurou meus braços.

— Não, ele está fora de si. — disse e me ajudou a ficar em pé. — Tem certeza que você está bem? — perguntou me conferindo.

— Fisicamente sim. Diogo, a gente tem que ajudar ele... — disse já chorando. — Por favor, você precisa ajudar ele.

Ele ficou em silêncio, tudo que o Diogo fez foi me puxar para um abraço, então eu desmoronei.

Duas semanas que o Arthur havia saído pela porta. Ele simplesmente não voltou, não deu um sinal de vida e cada dia que passava um pensamento pior passava pela minha cabeça. Eu sei, que devemos sempre pensar positivo, é o que normalmente as pessoas dizem certo? Mas eu não conseguia parar de pensar na possibilidade de ter acontecido algo ruim, de ter acontecido o pior.

Eu não voltei para o Brasil, eu estava com esperanças que ele aparecesse e se isso acontecesse eu teria que estar presente, para ele saber que eu não desisti dele nem por um segundo.

Diogo estava sendo um amigo e tanto, estava na cara dele que estava mal com tudo isso, mas quando ele estava perto de mim, sempre tentava me fazer rir e esquecer um pouco os problemas. Até a Mel estava sentindo tudo isso, ela simplesmente achava que o Arthur foi embora de novo e não quis se despedir dela, tem uma semana que ela está com febre, já levamos ela em um hospital, mas tudo que o médico disse foi que era febre emocional, que não podia receitar um remédio, mas me indicou um psicólogo infantil. Eu ainda estava pensando sobre isso.

— Já comeu madame? — Diogo perguntou parando na porta do quarto.

— Não estou com fome. — fiz uma careta.

— Está sim. Fiz a Mel comer um pouco de canja, prometi a ela que iríamos fazer uma maratona de filme da Barbie. — disse e eu ri fraco.

— Vai ter que cumprir. — brinquei.

— Sou um homem de palavra. Agora a senhorita vem comigo, fiz panqueca.

Concordei e levantei da cama, quando cheguei na porta ele passou o braço pelo meu ombro e beijou meu cabelo. Fomos assim até chegarmos na cozinha, ele colocou um prato na minha frente com duas panquecas.

— Enquanto eu como, você me conta, o que está te preocupando tanto. — falei pegando uma das panquecas com a mão mesmo.

— Se eu te contar… Eu meio que não posso falar. Ah foda-se! A Joana está grávida. — falou e respirou fundo.

— O quê? — quase engasguei.

— Isso mesmo, eu não sei o que eu faço. O pior que ela me falou tem duas semanas, eu prometi que iria ligar e até hoje… Não liguei.

— Só não entendo porque ela não me contou. Mas você precisa ligar para ela, Joana deve estar desesperada.

— Eu sei… Eu só não sei muito o que falar. — apoiou seus cotovelos na bancada.

— Fala que vai apoia-la e que vai estar ao lado dela e do bebê. Eu passei por uma gravidez sozinha, odeio me fazer de coitada, mas foi foda, não é fácil.

— Eu sei… Eu sei. Vou ligar daqui a pouco para ela então.

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