– Tem alguma coisa que eu preciso muito saber sobre eles? – Holger perguntou, nervoso, quando saíam do apartamento de Catherine.
– Minha mãe provavelmente vai te bajular, meu pai vai lhe olhar torto e Davi vai querer atirar em você, mas ele não tem uma arma, e provavelmente eu sou mais forte que os dois, então pode ficar tranquilo, você não vai apanhar. Ambos amam o Bayern e cervejas, talvez isso ajude na conversa. E meu pai ama pescar. Eles não vão fazer nada para te deixar constrangido ou qualquer coisa do tipo, minha mãe pode ser que deixe, porque ela vai te bajular de verdade. Davi vai te olhar torto por um tempo, mas logo eles ficam normais. Eles fizeram isso quando levei meu ex-namorado em casa.
– Você já teve um namorado? – Holger perguntou, surpreso, e Catherine assentiu.
– Nós namoramos quando eu era adolescente, bem no começo da minha carreira, e não deu certo.
– E você ainda gosta dele. – Holger concluiu.
– Não mais. – Catherine deu de ombros, enquanto caminhavam até o carro que estava na garagem. – Eu gostei muito, foram tempos difíceis, mas já faz muito tempo que aconteceu e que eu não o vejo. Agora não faz diferença nenhuma.
– E alguma coisa aconteceu? – Holger perguntou, tomando seu lugar no banco do carona.
– Sim, ele me traiu.
– Sinto muito.
– Por ele, só se for. – Catherine deu de ombros enquanto saía da garagem do prédio. – Na época foi horrível, chorei muito e achei que não sobreviveria, mas sobrevivi e muito bem.
Antes que Holger pudesse falar alguma coisa, o telefone de Catherine tocou e ela atendeu pelo painel do carro.
– Catherine Heinze, espero que você tenha uma explicação excelente para que sua melhor amiga não tenha sido a primeira a saber sobre seu namoro com Holger Badstuber.
– Oi, Sam. – Catherine disse, rindo. – E fale oi para o Holger também.
– Por que você atendeu essa merda no viva voz? – a amiga perguntou, envergonhada. – Agora ele vai achar que eu sou doida!
– Eu já acho. – Holger se pronunciou, rindo. – Finalmente é bom associar uma voz aos relatos e à imagem em algumas das fotos de Cat.
– Relatos? – Samantha perguntou, curiosa, e Catherine o olhou de canto.
Contou pouca coisa sobre Samantha, ele não podia nem imaginar que a amiga é realmente doida.
– Ela me contou algumas histórias. – Holger disse num tom divertido. – E espero que não seja um problema que eu seja o namorado dela.
– Zero problemas quanto a isso, pode ficar tranquilo, Badstuber. – Samantha falou, educada. – O problema é que Catherine Heinze resolveu não me contar antes de deixar o mundo saber.
– Você está ocupada com os preparativos do casamento, não quis interromper.
– Nem me fale nos preparativos desse casamento. – Samantha falou num resmungo deprimido. – Você é uma péssima madrinha! Preciso da sua ajuda.
– Estou livre essa semana, meine Süsse* (meu docinho), e sou toda sua.
– Espero mesmo.
– Acabei de chegar na casa dos meus pais, falamo-nos mais tarde.
– Tudo bem. Tchau, casalzinho. – Samantha desligou bem quando Catherine estacionou o carro.
A casa não parecia ser grande – e realmente não é – ainda que possua três andares. Ali, agora, moravam apenas os pais. Catherine e Davi foram criados naquela casa e passaram boa parte das vidas ali, o tamanho era ótimo para quatro pessoas, era ótimo para duas também.
Uma casa branca e as madeiras da cerca, dos telhados e das janelas eram escuras, quase pretas. A cerca era simples, reta, sem vãos e contornava a entrada da casa, deixando livre apenas a garagem. Havia grama, além de um pequeno jardim que parecia muito bem cuidado. As janelas frontais do segundo andar possuíam um suporte com flores, Holger reparou. Era uma casa muito bonita e bem cuidada.
O caminho para a garagem e o curto espaço que a separava da entrada da casa são compostos por pequenos blocos de cimento postos lado a lado. A porta escura era um pouco mais larga que as portas convencionais, e os dois pararam sobre um tapete vermelho com um escudo do Bayern de Munique.
Catherine tocou a campainha e juntou as mãos com as dele antes que uma figura masculina abrisse a porta. Davi. Ele analisou Holger de cima a baixo e depois de baixo a cima, parando demoradamente nas mãos juntas dos dois. Tinha uma garrafa de cerveja na mão direita, usava uma bermuda, camiseta e um boné virado para trás. E era do tamanho de Holger.
– Você vai nos deixar entrar em casa ou vai ficar atrapalhando a passagem feito um idiota? – Catherine falou, soltando a mão de Holger e abraçando o irmão da forma mais apertada que conseguiu.
– Entra logo. – Davi resmungou, abraçando-a de volta, dando um sorriso ao fazê-lo. – Vocês demoraram.
– É meio-dia agora, idiota. – Catherine falou, soltando-se do abraço, e virou-se para Holger, que encarava a cena entre os dois irmãos. E parecia estranhamente familiar, porque ele e a irmã se tratavam da mesma forma quando se encontravam. – Davi, esse é Holger. Holger, esse é o Gremlin que meus pais acharam no lixo e pensaram que seria legal trazer para casa e ver no que daria, nós o chamamos de Davi.
– É um prazer finalmente conhecê-lo. – Holger disse, educado, estendendo a mão, e Davi o cumprimentou.
– Agora seja educado e ofereça uma cerveja ao seu cunhado. – Catherine disse e Davi rolou os olhos. – Cadê a mãe e o pai?
– Cozinha. – Davi apontou e os três seguiram pelo corredor.
Holger reparou que havia diversas fotos penduradas nas paredes do corredor pelo qual passavam. Fotos de Catherine e Davi juntos e separados, em atividades escolares, premiações, festas... os pais, outras pessoas. Havia um arranjo de flores também antes da entrada da cozinha. E quando entraram no cômodo, encontraram duas pessoas: os pais de Catherine.
O homem estava encostado ao batente da porta que dava para o quintal aos fundos da casa e era do tamanho de Davi, não parecia tão velho, apesar de ter alguns cabelos brancos espalhados pelos cabelos castanhos, estava de costas para a cozinha, tinha uma das mãos na cintura e observava alguma coisa no quintal.
A mulher era menor, devia ter pouco mais de um metro e sessenta, os cabelos eram loiros e estavam presos em um coque firme. Ela ria de algo que o homem tinha dito, enquanto lavava alguma coisa que Holger não conseguiu ver o que era.
– Cheguei. – Catherine se anunciou e os pais se viraram na direção da voz dela.
Catherine era quase a cópia do pai, mas os olhos, tanto no formato quanto na cor, eram idênticos aos olhos da mãe. Ela abraçou a mulher de forma carinhosa, recebendo um beijo demorado no rosto, enquanto o pai de Catherine observava Holger atenta e demoradamente. Ele também tinha uma cerveja em mãos.
– Finalmente! Achei que tivessem desistido de vir almoçar. – a mulher disse, dando outro beijo no rosto de Catherine e olhando-a demoradamente, segurando o rosto da mais nova entre suas mãos para analisar cada milímetro possível. Novamente, Holger sentiu-se familiarizado, pois sua mãe fazia o mesmo todas as vezes que ele ia visitá-la. – Você está dormindo direito?
– Sim.
– Defina o dormir direito, Catherine Heinze. – a mulher a olhou séria e Catherine rolou os olhos antes de ir abraçar o pai, que a envolveu num abraço apertado que a fez soltar uma risadinha manhosa, enquanto se aconchegava ao carinho do pai. – Você vai começar a viajar pelo mundo de novo em breve, precisa dormir direito!
– Eu sei disso, Mama. E eu estou dormindo direito agora, porque finalizamos o álbum. E eu escrevi uma música para vocês. De novo. – Catherine falou, dando um sorriso para a mãe, mas sem se soltar do abraço do pai, e a mulher sorriu de volta.
– Fico esperando a minha música. – Davi reclamou em tom ciumento e Catherine o olhou de forma divertida.
– Eu já escrevi uma música para você, Davi, esqueceu? Aquela sobre o garoto idiota... – ela provocou e ele lhe mostrou o dedo do meio.
– E quem é esse rapaz bonito? – a mãe de Catherine, finalmente, virou-se para Holger e deu um sorriso enorme ao vê-lo.
– Esse é o Holger, mãe, meu namorado. – Catherine se soltou do abraço do pai e foi até Holger, puxando-o pela mão até que ele se aproximasse mais da reunião familiar que acontecia ali e da qual ele tinha sido excluído. – Holgi, essa é minha mãe, Mia, e esse é meu pai, Thomas.
– É um prazer conhecê-los, senhor e senhora Heinze. – Holger estendeu a mão para cumprimentar os dois.
A mãe de Catherine o olhava, encantada, o pai estava desconfiado, mas foi absolutamente educado.
– Pegue uma cerveja para ele, Davi. – Mia ordenou. – E não me chame de senhora, me chame de Mia. E ele é Thomas. Não somos tão velhos assim.
– Estávamos esperando vocês. – Thomas disse, sério, mas em tom educado e sem parecer rude. – Vamos colocar a mesa para almoçar.
– Qual o cardápio do dia? – Davi perguntou, curioso.
– Sauerbraten mit Knödel e Käsespätzle. – Mia respondeu e Catherine deu um sorriso enorme ao ouvir aquilo.
– Papa fez o Sauerbraten? – Catherine perguntou com um tom quase infantil pela descoberta do prato do dia e o homem assentiu, fazendo com que ela se virasse para Holger antes de falar: – Prepare-se para mudar de opinião e considerar que esse é o melhor Sauerbraten mit Knödel que você vai comer na vida!
– Lavem as mãos. Seu pai e eu vamos levar para a mesa. – Mia disse, ainda olhando admirada para Badstuber.
– Vão vocês lavarem as mãos. – Catherine apontou para os homens. – Vou ajudar minha mãe com isso. Só não matem o Holger, por favor. Eu não tenho dinheiro suficiente para pagar ao Bayern se isso acontecer.
– Cala a boca. – Davi rolou os olhos e os três saíram da cozinha.
Mia agora tinha o olhar fascinado voltado para a filha.
– Mama, para de me olhar assim. – Catherine resmungou.
– Bonitinho que seu namorado seja aquela sua paixãozinha adolescente.
– É, mas ele não precisa saber desse detalhe, Mama, por favor. – a mais nova resmungou, pegando a travessa com o Käsespätzle e seguindo até a mesa na sala de jantar.
Os pratos já estavam à mesa, faltava apenas levar a comida e o que seria bebido durante o almoço. As outras travessas foram levadas e os três homens se sentaram à mesa, as duas lavaram as próprias mãos antes de regressarem e sentaram-se para almoçar.
– E então, como vocês se conheceram? – Davi perguntou, curioso.
– Hugo e Leonard. – Catherine deu de ombros, enquanto se servia. – Hugo é o empresário de Holger. Ele e Leonard são amigos da faculdade, acharam que seríamos um bom casal e nos apresentaram.
– Você deve estar bem feliz, kleine Schwester.
– Claro que eu estou feliz. Eu não namoraria alguém se não fosse para estar feliz com a pessoa, Arschloch.
– Olha os modos, mausi. – o pai a advertiu.
– Desculpa.
– Eu digo, você está feliz por estar namorando com ele, especificamente. – Davi provocou, dando um sorriso de lado.
– O que ele quis dizer com isso? – Holger perguntou, curioso.
– Lembra que eu te falei mais cedo que quando o Davi fala a gente deve ignorar? Pois é. – Catherine respondeu, fuzilando o irmão com o olhar.
– Eu quis dizer que ela está muito feli... AI! Você me chutou? – Davi perguntou, bravo.
– Foi sem querer, kleiner Bruder. – ela disse, fingindo-se de sentida. – Desculpa.
– E há quanto tempo vocês estão namorando? – Mia foi quem quis saber.
Olhava encantada para Holger, e ele estava mesmo ficando um pouco sem graça com toda aquela atenção.
– Acho que não tem nem um mês. – Catherine deu de ombros.
– É legal que você esteja namorando seu ídolo da adolescência, filha. – Thomas se pronunciou, fazendo Davi dar uma gargalhada exageradamente alta e Catherine soltar um resmungo.
– Ídolo da adolescência? – Holger perguntou, sem entender o que o homem quis dizer com aquilo.
Catherine queria cavar um buraco e se enfiar lá.
– Chuta o pai também, Cat. – Davi provocou e ela quis mandá-lo para cinco lugares diferentes, ainda que em outro idioma, mas não o fez em respeito aos pais que estavam à mesa também.
– Ela nunca te contou? – Thomas perguntou, surpreso. – Quando tinha uns dezesseis anos, ela era muito sua fã. Tinha pôsteres, camisas e tudo mais que pudesse e fosse relacionado a você e ao Bayern, mas nunca teve tempo hábil de ir conhecer os jogadores.
– Eu não sabia disso. – Holger disse, reprimindo uma risada ao ver Catherine totalmente envergonhada.
– Quando ela começou a namorar, isso diminuiu, mas acho que não totalmente, pelo visto. – Mia falou, dando um sorriso para a filha, e Davi se segurava para não rir mais alto do que já vinha fazendo.
– Obrigada de verdade, gente. Agora ele vai encher o meu saco com isso para sempre! – Catherine resmungou, envergonhada. – E é exagero, eu não tinha pôster nenhum seu. Era uma foto que ficava colada ao lado de outras fotos dos jogadores do Bayern e da seleção.
– Com um monte de coraçõezinhos ao redor. E é mentira, porque não era só uma foto, eram várias. – Davi se pronunciou.
– Eu preferia que a mãe mostrasse fotos antigas embaraçosas. Seria menos vergonhoso do que isso. – Catherine resmungou e voltou a comer.
Holger teve que se segurar para não rir da expressão desolada dela.
– Bom, eu não a conhecia pessoalmente, mas minha irmã é muito fã de Cat desde o começo da carreira dela. Ainda tem pôsteres pela parede do quarto e tudo mais que é possível ter. Como nós morávamos juntos, posso dizer que eu também tinha pôsteres dela espalhados pelas minhas paredes. – Holger falou, tentando amenizar a situação, e deu um sorriso para Catherine.
– Mas eles não eram seus. – David provocou.
– Vocês têm certeza que esse seu filho encontrado no lixo tem vinte e oito anos mesmo? – Catherine perguntou, rolando os olhos, e Davi lhe mostrou a língua.
– Mia, devo dizer, o almoço está fantástico. – Holger mudou de assunto antes que os dois irmãos começassem uma discussão e acabassem jogando comida um no outro. – E, Thomas, excelente Sauerbraten mit Knödel. O melhor que já comi. Só não deixe minha mãe ouvir isso.
– Obrigado. – Thomas disse, dando um sorriso agradecido.
O almoço se seguiu, acompanhado de um Apfelstrudel com sorvete e creme. Catherine ajudou a mãe a lavar os pratos para colocar a conversa em dia com a mais velha, enquanto Holger, Thomas e Davi conversavam animadamente na sala sobre pescaria, que era algo em comum entre os três. Catherine estava preocupada com tudo aquilo, não tinha a intenção de envolver a família naquilo, mas não tinha outra saída, porque eram namorados, e uma hora ou outra, os pais iam querer conhecê-lo. Ela também sabia que os pais não podiam gostar de Holger, porque tudo não passava de uma grande mentira, e dali a dezoito meses aquilo acabaria, e ela não pretendia ficar ouvindo discursos saudosistas de seu namoro com seu ídolo da adolescência.
Os dois passaram o resto da tarde na casa dos pais de Catherine, conversando sobre várias coisas, e era quase noite quando finalmente foram embora, já que Holger precisava voltar para Gelsenkirchen, afinal tinha de treinar no dia seguinte pela manhã. Despediram-se sem muita demora e Catherine prometeu voltar naquela semana, porque teria uma semana livre antes de gravar alguns vídeos e viajar para os Estados Unidos, onde faria três shows, além de gravar dois videoclipes, três programas de televisão e voltaria para casa, depois de um mês, para férias. Junto com as férias de Holger.
– Minha fã, uh? – Holger provocou, enquanto Catherine dirigia de volta ao próprio apartamento.
– Fatos exagerados. – Catherine respondeu sem olhá-lo e deu de ombros. – A camisa eu realmente tenho, quanto ao resto é mentira.
– Sei... – ele brincou. – Você vai me levar ao aeroporto?
– Vou. Você comprou a passagem? Eu não falei com o Mark e não sei se ele está lá e se o avião tem condições de voo.
– Comprei. – ele disse, assentindo positivamente.
– Então eu te levo. E vamos ficar um bom tempo sem nos ver, você sabe.
– É, você mencionou. E, sim, entendi bem que não devo postar mil fotos nossas e essas coisas, porque sempre fui muito reservado com a minha vida pessoal e assim continuarei. Alguns stories, quando você mandar, nada exagerado.
– Bom menino. – Catherine respondeu, dando um sorriso quando o olhou rapidamente antes de voltar sua atenção para a rua. – Que horas é o seu voo?
– Nove e quarenta.
– Temos tempo.
– Você viaja na outra semana ainda, certo?
– Sim.
– Preciso te levar até a minha casa, minha mãe vai querer te conhecer também, eu tenho certeza. E provavelmente a Ute já deve ter falado muito sobre você e nosso namoro.
– Por mim tudo bem, a gente marca isso. – ela voltou a dar de ombros, colocando o carro em sua vaga habitual na garagem do prédio.
Os dois subiram em silêncio e ela seguiu o corredor até o próprio quarto, ele subiu até a parte aberta e observou a extensão da cidade que se iluminava aos poucos com o cair da noite. Sentia falta de Munique, não apenas do antigo time, mas da cidade em si. Era um lugar ótimo para morar, sua família e seus amigos estavam ali. Munique era um lugar fantástico e ele sempre amou tudo naquele lugar. Tudo.
Era péssimo estar sozinho agora, a maioria dos amigos estava em Munique, a mãe não podia ficar viajando o tempo todo, porque tem a própria vida na cidade, a mesma coisa também servia para sua irmã, com quem ele tinha acostumado a morar durante boa parte da vida. E esse é um dos inúmeros motivos de querer voltar para o Bayern, porque ali ele estaria perto das pessoas que ama, no lugar que ama e no time que ama. Não devia ter que sair de lá sem querer. Era feliz no Bayern, por que não podia continuar lá até se aposentar?
– Gostou da vista? – Catherine apareceu depois de um tempo. Usava uma calça jeans e uma camisa preta lisa. Os cabelos estavam molhados e ela os secava com uma toalha.
– É bem bonita.
– E inspiradora. – ela falou e parou ao lado dele. – Gosto de ficar aqui, me faz pensar bastante, e a maioria das músicas desse novo álbum saiu daqui.
– Posso lhe fazer uma pergunta? – ele perguntou sem olhá-la, ainda observava a cidade começar a acender-se para a noite.
– Tenho o direito de não responder? – Catherine perguntou e ele assentiu positivamente. – Então, sim.
– Você acha que foi "a escolhida" nessa história por causa dessa história de ser minha fã? – Holger perguntou, mas ainda não a olhava.
– Eu tenho certeza absoluta que sim. Não acho que Leo teria me deixado entrar nisso se fosse me prejudicar de alguma forma, mas tenho certeza que fui uma escolha proposital, não apenas pela mídia, mas porque eu nunca seria capaz de te prejudicar e jogar tudo isso no ventilador, caso eu me sentisse ameaçada ou sei lá o quê. Eu sairia como a vítima, vocês três sairiam como os vilões e eu acabaria com sua vida. Eu jamais faria uma coisa dessas. Nem por todo dinheiro do mundo eu seria capaz de prejudicar alguém, ainda mais se esse alguém for você.
– Obrigado. – Holger agradeceu e se virou, olhando Catherine pela primeira vez desde que aquela conversa tinha se iniciado. – Tanto por aceitar entrar nessa história, quanto por não me cobrar nada.
– Se não der em nada, eu espero que pelo menos a amizade sobreviva.
– É, eu também. – Holger disse, dando um sorriso fraco. – Ainda que seja bem estranho para as pessoas que ex-namorados sejam amigos.
– Ninguém precisa saber dos detalhes. – Catherine falou, dando um sorriso de lado. – E você deveria arrumar suas coisas, daqui a pouco preciso te deixar no aeroporto.
– Você vai fazer outro show aqui?
– Não. Agora só nos Estados Unidos, fico lá por um mês e volto. Sam se casa, tiro férias, o álbum sai e eu começo a divulgação antes de viajar em definitivo para a turnê.
– Nós vamos namorar à distância, aparentemente. – ele disse num tom divertido.
– É. – ela riu. – Vamos namorar por fotos no Instagram.
– Mas você não vem para casa nenhum dia?
– Depois que os shows na Alemanha acabarem, eu não venho para cá antes do Natal. – Catherine falou e suspirou. – Mas vou mandar uns ingressos para você ir a alguns shows quando estiver desocupado. E, provavelmente, você vai comigo em algumas premiações, se estiver disponível.
– Você vai estar aqui em dezembro?
– Acho que sim, por quê?
– Jantar de fim de ano do clube. Seja lá qual for. Todos os clubes têm isso. – ele deu de ombros. – Se você estiver por aqui e quiser ir, seria legal te levar como acompanhante.
– Se eu estiver aqui, vou com o maior prazer. – ela sorriu.
– Vou arrumar minha grande bagagem que se resume a uma mochila. – ele riu.
– Vamos precisar comprar um terno bem bonito para você.
– Vamos?
– Sim. Você vai ao casamento da Sam comigo.
– Quando você quiser. – ele disse e deu um sorriso simpático, saindo de perto de Catherine e descendo até o quarto em que tinha ficado.
Ela ainda ficou ali um tempo antes de descer as escadas e encontrar Holger na sala.
– Você já está pronto? – ela perguntou, aproximando-se e ele assentiu. – Falta uma hora para o seu voo sair. Você já fez o check-in pelo celular?
– Fiz. – ele disse e a olhou.
Ela se sentou ao lado dele.
– É muito estranho tudo isso, você não acha?
– Só na frente das pessoas. – Holger falou, dando de ombros. – Quando somos apenas os dois, não precisamos fingir nada. Podemos ser amigos.
– Podemos.
– Principalmente porque você tem um videogame e uma prateleira cheia de jogos. – ele brincou. – Será que dá tempo de uma partida de FIFA antes de ir?
– Duvido que vamos jogar uma só. – ela disse, rindo, e se levantou, indo até a prateleira e pegando o FIFA 2017. Ele já tinha ligado a televisão e ela se preocupou em ligar o videogame, e os dois se sentaram lado a lado. – Já está preparado para o mundo inteiro saber que você é meu pato?
– Coitada de você. – ele riu.
– Eu vou jogar com o Bayern.
– E eu com o Real Madrid.
– Você vai perder. – ela afirmou, enquanto colocava a partida para começar.
– Ninguém ganha de mim, Cat. Eu sou invencível.
– Era. Até passar daquele elevador para cá. – ela piscou. – E eu vou te filmar nos stories e espalhar para o mundo inteiro que você é meu pato.
– Você não tem tanta sorte assim. – ele provocou enquanto jogavam e logo ficaram em completo silêncio.
Silêncio que durou até ele fazer o primeiro gol e dar um grito em comemoração, ficando de pé e erguendo os braços.
– Cristiano Ronaldo! SIIIIIIIIIU! – ele provocou.
– Eu vou virar.
– Claro que vai. – ele riu.
E ela virou.
Dois gols de Robben e ela gritou tanto que parecia que aquilo valia um título de Liga dos Campeões de verdade. Ele ria da reação exagerada e ela fez realmente um vídeo para postar no Instagram zoando o rapaz.
– Anda logo, você vai me fazer perder o voo. – ele disse, enquanto ela estava filmando.
– O que você tem a dizer sobre sua derrota? – provocou.
– Que foi sorte de principiante. – ele deu um sorriso debochado.
– Dá um tchauzinho para cá, gracinha. – ela provocou e ele rolou os olhos. – Meu pato.
– Anda logo, você vai me fazer perder o voo. – Holger repetiu, rindo, e ela riu, publicando o vídeo.
– Vamo logo então. – ela falou e ele se pôs de pé, pegando a mochila no outro sofá e os dois desceram, enquanto Catherine ainda o provocava.
– Semana que vem tem troco. – ele resmungou e ela riu.
– Sonha. – Catherine disse quando entraram no carro.
Assim que afivelaram os cintos, ela deu partida e eles seguiram para o aeroporto, enquanto Catherine o alfinetava pela derrota no jogo e ele ria da empolgação com que ela comemorava. Ela deixou o carro no estacionamento e eles seguiram lado a lado, rindo.
– Acho que os stories não foram uma ideia muito boa. – ele resmungou quando avisou alguns fotógrafos que pareciam estar esperando pelos dois, mas ainda não os tinham visto.
Ela suspirou e passou o braço pela cintura dele e o fez abraçá-la pelos ombros.
– Aja naturalmente. – ela murmurou enquanto caminhavam.
Quando entraram no saguão, as presenças foram notadas pelos fotógrafos e os flashes começaram. O voo, felizmente, sairia em alguns minutos e ele não demoraria ali.
– Ei, casal, deem uma olhada para as fotos. – um dos fotógrafos pediu, mas eles não se viraram.
– Precisamos nos abraçar. – ela falou entredentes e estava virada de frente para ele e de costas para os paparazzi, apenas o envolveu com o outro braço e ele a abraçou, quase da forma como o pai dela havia feito mais cedo. – Nos vemos no fim de semana?
– Se você quiser ir para Gelsenkirchen me ver essa semana, pode ser antes. – ele falou, soltando-a minimamente para olhá-la nos olhos.
Um dos fotógrafos estava próximo, ouviria aquilo.
– Não posso garantir, porque preciso mesmo ajudar a Sam com os preparativos do casamento. – ela fez uma careta e ele sorriu.
A primeira chamada do voo aconteceu e ele deu um sorriso de lado.
– Falamo-nos quando eu chegar em casa. – ele falou e ela assentiu.
– Boa viagem. – ela disse, dando em Holger um selinho e um sorriso em seguida.
– Só isso? – ouviram um dos paparazzi falar.
A segunda chamada do voo. Ele se afastou, rumando ao portão em que seu avião sairia e ela nem mesmo se deu o trabalho de ouvir o que os paparazzi diziam, apenas deu meia volta e seguiu até seu carro. Aquelas fotos não demorariam a circular pela internet, ela sabia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trato Feito
Fanfiction[FINALIZADA] Catherine é uma cantora famosa que arrasta multidões em seus shows, além de ter muita atenção da mídia sobre si. Holger é um jogador que sofreu diversas lesões que o levaram ao quase ostracismo. Ele quer voltar ao cenário principal do f...