Capítulo 20

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- E como foi ontem? Como Holger reagiu? – Samantha perguntou quando as duas saíram do elevador, caminhando para o interior do apartamento de Catherine, depois de passarem um bom tempo na academia.

- Se estivesse aqui em Munique, Holger nem teria ouvido tudo, ia encontrar Höward para socá-lo até a morte, mas como estávamos em Stuttgart, ele ouviu tudo e foi super carinhoso com ela.

- Ainda bem. E como a mãe dela reagiu?

- Ute prefere contar pessoalmente e Holger também achou melhor que seja quando ela voltar, porque ela não está em Memmingen a passeio e sim cuidando de uma irmã doente, é melhor não contar para deixá-la preocupada.

- O oficial deve ir hoje, no máximo amanhã, entregar a intimação das medidas.

- Tempos difíceis estão para começar.

- Estão, mas vou cuidar de tudo, principalmente dela.

- Eu pensei em indicar aquela psicóloga que eu frequentava.

- Você acha que ela vai querer?

- Talvez. – respondeu simplesmente e suspirou antes de tomar coragem para dar a Samantha a palavra para o assunto que queria tratar. – Pode falar.

- Eu tinha pensado mesmo em marcar uma reunião com você e Leonard, desde que você me contou a verdade, mas acabei pensando melhor sobre o que falei ontem e se esse contrato não chegou até mim através dos dois, não houve um contato profissional, então sua advogada não faz ideia da existência de nada.

- Não?

- Não. E eu não quero conversar como sua advogada, em todo caso, mas sim como sua melhor amiga que te conhece muito bem e sabe que por trás dessa pose de durona e de quem está bem, as coisas não estão assim tão tranquilas. Eu sei que você vai falar que o Holger é uma boa pessoa, que nunca te fez mal e sempre te trata bem, posso ver isso, realmente é assim, mas é justamente por isso que esse "relacionamento" – Samantha fez aspas ao falar. – te faz mal.

- Não me faz mal.

- Vocês se dão bem, mas quando Holger conseguir o que quer, você não vai servir pra mais nada e, por mais que não seja a intenção ser um filho da puta, esse contrato faz com que ele seja. E muito. Namorar alguém por puro interesse é a coisa mais filha da puta que alguém pode fazer na vida e ele escolheu ser uma dessas pessoas. Ele, Leonard e Hugo. Sei que você não vê problemas, ou finge não ver, mas não aceitou por sua conta, quando ficou sabendo, eles já tinham acertado tudo e você foi apenas comunicada.

- Ele me perguntou sobre isso ontem. – Catherine disse soltando um risinho, sem humor algum, pelo nariz. – Se eu achava que era abusivo.

- E o que você respondeu?

- Eu não respondi. E acho que isso bastou. Mas, em todo caso, eu aceitei, eles não me obrigariam a participar de uma coisa que eu não quisesse fazer parte, Sam, você sabe disso.

- Vocês se comportam como um casal, por que não começam a namorar de verdade?

- É muito mais complexo que isso, Sam.

- Não, não é. O mundo já acha que vocês namoram, só seria assumir para vocês mesmos que isso não é apenas uma amizade colorida.

- Pra termos um relacionamento não adianta que só eu goste dele, Sam, preciso que ele também goste de mim do mesmo jeito. – Catherine respondeu e mordeu o lado interior da bochecha pela confissão. – E eu sei que sou apenas o meio para que ele chegue ao fim que quer e nada mais, que quando conseguir ou quando acabar o tempo, eu já não servirei de nada.

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