Capítulo 4

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– Eu não acho que isso seja uma boa ideia. – Catherine resmungou, olhando para Leonard, enquanto seguiam para a passagem de som da apresentação que Catherine faria no The Voice Kids na final do programa.
– E por que não? – Leonard perguntou confuso, mas sem desviar os olhos da rua enquanto dirigia.
– Leo, é muito recente! Dois meses de namoro e nós vamos viajar para o outro lado do Oceano Atlântico?
– Deixa de ser mente fechada, Cat.
– Isso não vai dar certo.
– Vocês vão viajar e só vão se encostar e essas coisas quando estiverem em público.
– O que, claramente, é a maior parte do tempo. – ela resmungou.
– E ficar na companhia dele é ruim?
– Não. Ele é muito agradável, mas não acho que isso deveria acontecer agora.
– Você tem medo de alguma coisa acontecer nessa viagem?
– Ah, só se for mesmo! – Catherine disse e deu uma gargalhada. – É mais fácil nevar no deserto do que algo acontecer entre nós dois.
– Então qual o problema? – Leonard perguntou e ela não respondeu. – E ele gostou da ideia, acho que seria legal.
– Detesto que vocês três sejam maioria e eu seja a única com bom senso nisso tudo, mas, infelizmente, sou a única mulher envolvida, não dá para ser diferente mesmo. – Catherine resmungou e Leonard riu. – Tudo bem.
– Fico feliz que você tenha concordado, senão precisaríamos de uma excelente desculpa para que ele ficasse e você viajasse sozinha por quase um mês.
– Consigo pensar em, pelo menos, dez. – Catherine falou, fazendo Leonard rolar os olhos. – Não vejo a hora de descansar, esses últimos meses foram intensos demais e ano que vem vai ser ainda pior.
– Vai mesmo.
– E você vai viajar?
– Allie e eu vamos para a Grécia.
– Ela está com saudade do Olimpo? – Catherine brincou.
– Nós estamos. – Leonard respondeu, rindo.
– Preciso levar meu namorado às compras essa semana para irmos para Porto Rico.
– Preocupe-se com isso amanhã, agora você vai passar som e fazer uma apresentação e tanto mais tarde.
– Você acha que vai ser legal lançar esse single aqui?
– Vai. – Leonard deu um sorriso, mostrando empolgação. – Assim que você apresentar, as vendas começam no iTunes. Vou postar o teaser também no seu Instagram.
– Eu não sei se é inteligente lançar isso e eu sair de férias sem promover nada.
– Cat, você vai soltar um single, não o álbum.
– Ainda assim. – Catherine falou e Leonard parou na vaga que tinha sido destinada a ele na emissora.
Assim que saíram do carro e Leonard trancou as portas, os dois seguiram caminhando pela curta distância até o estúdio em que ela passaria o som.
– Quer reconsiderar? Podemos conversar com a Ash.
– Quero. Estou com medo de flopar. Prefiro cantar alguma antiga do que correr o risco de desperdiçar uma música nova, ainda mais que gosto muito dessa.
– Vou mandar uma mensagem para ela. Você pensou em tocar qual?
– Wir Sind Hier, para a ocasião é uma boa. – Catherine respondeu e Leonard assentiu, conferindo as mensagens no telefone.
– Ash disse que a decisão é sua. Vai segurar mesmo?
– Vou. – Catherine falou, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo, ajeitou os óculos no rosto e o olhou.
– Então pode ajustar os novos detalhes com a banda. – Leonard falou.
Catherine assentiu, caminhando até a banda, enquanto ele ainda conversava com alguém por mensagens, provavelmente ainda falava com a produtora.
– Oi, pessoal, bom dia. – Catherine cumprimentou educada, dando um sorriso ao se aproximar da banda do programa.
– Bom dia. – eles responderam, simpáticos.
– Eu mudei a música que vou cantar.
– Você vai cantar qual? – o baterista perguntou, curioso.
– Wir Sind Hier.
– E como você está pensando em fazer? Os arranjos normais? Temos as partituras e tudo que é necessário? – um dos homens, o que estava de pé encostado no piano, perguntou.
– Pensei no piano, só. Vocês têm sugestões?
– Acho que na parte que você canta "Wir werfen anker aus 'nem rohr", ia ficar legal se rolasse isso. – o baterista disse e usou duas baquetas, batendo nos pratos e fazendo um barulho trêmulo e suave.
– Você conhece essa música? – Catherine perguntou, surpresa.
– Todo mundo conhece suas músicas. – ele respondeu simpático e Catherine sorriu sem jeito. – Quer tentar ensaiar?
– Quero, sim, gostei da sugestão. – ela assentiu.
– Seu retorno está em cima do piano. – o baixista apontou. – Vai precisar de backvocal?
– Não, eu gosto dessa sem.
Catherine sentou-se ao piano, ajustou seu retorno e deslizou os dedos sobre as teclas sem emitir nenhum som. Respirou fundo antes de começar a cantar.

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