Capítulo 5

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Dessa vez, Catherine foi acordada pela claridade que entrava pela porta de vidro. Os dois tinham dormido e se esquecido de fechar o blackout, e a claridade, ainda que não tão intensa, despertou-a. O relógio ao lado da cama marcava seis e vinte e dois da manhã, equivalente às onze e vinte e dois em Munique, se suas contas estivessem certas. Podia dizer, seguramente, que tinha colocado o sono atrasado totalmente em dia. 

Catherine se sentou na cama e esfregou os olhos, tentando despertar um pouco mais rápido. Não adiantaria tentar dormir de novo, ela sabia, estava sem sono e começando a ter fome. Espreguiçou-se demoradamente, ouvindo alguns estalos com a movimentação, e soltou um grunhido satisfeito ao sentir suas articulações se movendo e parecendo voltar ao lugar. Abriu os olhos e vasculhou o cômodo, não havia sinal da presença de Holger, então seus olhos foram na direção da porta de vidro, localizando-o na piscina, de costas para o quarto e parecia observar a paisagem a sua frente. 

Depois de uma passada no banheiro para o ritual matutino de todos os seres humanos e vestir-se com um short jeans e uma camiseta, Catherine se sentou na beirada da piscina, colocando apenas os pés na água. 

– Acordou cedo. – Holger falou, mas não se virou para olhá-la.
– Eu já dormi muito, agora estou pronta para iniciar nossas férias. – Catherine respondeu quase animada. – Você acordou muito cedo também. 

– Perdi o sono, mas não foi muito antes de você. 

– Temos que lembrar de fechar as cortinas ou vamos acordar muito cedo todos os dias.
– Sam chega hoje? – Holger perguntou e se virou para olhar Catherine.
– Só à noite. Por quê?
– Só para saber. – Holger deu de ombros. – E então, qual a programação do dia?
– Praia, claro. Vou deixar o SPA para quando Sam chegar, porque podemos ir apenas as duas, já que Ian e você com toda certeza ficarão juntos enchendo a cara e conversando coisas de homens chatos.
– Por mim tudo bem.
– Você dormiu bem?
– Dormi sim, perdi o sono agora há pouco. E, em todo caso, dormi cedo.
– Quem dormiu cedo fui eu. – Catherine disse, rindo.
– Você deve ter algum problema de sono, não é possível. – Holger implicou, mas a acompanhou na risada.
– Eu estava cansada, ok? – Catherine se justificou e Holger deu um sorriso debochado.
– Quer correr antes do café?
– De jeito nenhum! Correr? Nas férias?
– Você não disse que adora fazer exercícios? Qual o problema?
– O problema, Badstuber, é que estou de férias, longe de Jay e de Leonard, não vou me prestar a esse papel nas minhas férias. Eu quero apenas sol, folga e água fresca. Nada além disso. – Catherine respondeu fazendo com que Holger desse uma gargalhada. – Escandaloso.
– Amanhã nós vamos correr. Nós quatro.
– Se você conseguir fazer a Samantha concordar em sair para correr pela manhã nas férias-barra-lua-de-mel dela, você consegue qualquer coisa que quiser na vida. – Catherine falou e Holger riu, estendendo a mão.
– Se ela concordar, você vai ter que correr comigo todos os dias nessa viagem. Mesmo depois dos dois irem embora.
– Holger! Sem chance! – Catherine protestou e ele maneou a cabeça.
– Trato é trato, Heinze. Se Sam não aceitar, eu não menciono mais isso e vou correr sozinho.
– Eu não aceitei nada! – Catherine falou, cruzando os braços.
– Você disse que eu consigo o que eu quiser, então é isso que eu quero.
– Eu vou procurar um lugar em paz para fazer meu yoga, você está emanando energias da enganação.
– Deixa de ser dramática. – Holger falou, rindo.
– Você devia vestir uma roupa, porque o café vai começar a ser servido daqui a pouco, e eu não vou ficar esperando ninguém para ir para a praia.
– E você já trocou de roupa? Porque eu pretendo ir de lá para a praia.
– Volto aqui antes. Ah, pode sair agora da água e se secar para que eu passe protetor solar em você, se você ficar torrado e me atrapalhar a aproveitar minhas férias, eu te mato.
– Você fala igual a minha mãe. – Holger falou, rolando os olhos, e recebeu um olhar ameaçador de Catherine. – Tudo bem, tudo bem.
– Isso mesmo, a última palavra aqui é sempre sua. Você deve responder "sim, senhora" ou "não, senhora" a tudo que eu falar. – Catherine disse num tom divertido e Holger soltou uma risada. – É sério, sai logo daí! – falou e ele se virou, caminhando até a escada de saída da piscina, pegou a toalha que estava sobre a cadeira e secou os cabelos. Estava de bermuda e mal secou o corpo até chegar ao banheiro. – Deus me ajude.
Enquanto Holger não saía do banheiro do andar inferior, Catherine pegou um biquíni na mala, subiu para o andar superior, passou protetor solar, vestiu o biquíni sob a roupa que usava e desceu. Voltaria ao quarto apenas para pegar o que precisasse levar para a praia. Holger saiu do banheiro um tempo depois, de camiseta e com uma bermuda seca, chinelos, os cabelos molhados e penteados despretensiosamente.
– Pode passar. – ele esticou os braços de lado e deu um sorriso quase infantil.
– Tira a camisa, porque suas costas vão precisar.
– Isso é um pretexto para me ver sem roupa. – Holger falou num tom brincalhão.
É, realmente é ótimo te ver seminu, mas não adianta nada, já que você é gay!, Catherine pensou.
– Cala a boca e faz o que eu mandei. – Catherine respondeu, fingindo estar sem paciência, Holger deu uma risada antes de tirar a camiseta. Ela passou o protetor em suas costas enquanto ele mesmo passava na barriga e braços, poupando-a da vergonha de tocar mais ainda naquele corpo. – Vira de frente, deixa eu passar no seu rosto.
– Já passei.
– Não passou. E vira logo. – Catherine falou e ele bufou, mas se virou. Ela passou o protetor em seu pescoço e no rosto.
– Até na orelha?
– Eu devia te deixar ficar sem protetor solar e te deixar ficar todo ardido para entender que eu tenho razão.
– Não vamos brigar ainda, meine Liebe. – Holger provocou em tom zombeteiro, apertando-lhe a bochecha, e Catherine quis lhe dar um soco, mas acabou rindo.
– Anda logo.
– E você já passou protetor?
– Já.
– Até nas costas?
– Já.
– Sozinha? Duvido!
– Eu sou mais flexível do que você imagina. – Catherine respondeu e Holger deu uma gargalhada exagerada. – Nossa, que quinta série você é.
– Eu não falei nada, você que está pensando besteira. – Holger respondeu debochado e teve que se segurar para não rir mais, já que Catherine o olhava quase prestes a lhe dar um soco. – Agora anda, eu estou com fome.
– Vamos. – ela respondeu e os dois saíram do quarto, rumo ao restaurante para o café da manhã.

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