Nova York, 30 de dezembro de 2017
Catherine estava sentada dentro do quarto do hotel, a enorme janela de vidro a separava do frio cortante de Nova York naquela tarde congelante. Tinha esquecido com a cidade era tão ruim quanto Munique no inverno. Seu violão favorito estava em seu colo e ela observava a letra que tinha acabado de compor.
Aquelas palavras sinceras e intensas tinham jorrado de sua mente e de seu coração para o papel, vieram, inclusive, acompanhadas da melodia perfeita. Já conseguia visualizar aquela música sendo apresentada e como seria. Não que ela fosse mesmo cantar aquilo para alguém além dela mesma. Não. Sem chance. Aquela ali era uma de suas composições secretas e que ficariam apenas para si eternamente, como tantas outras que guarda desde os doze anos.
Estava um pouco assustada por ter composto aquilo tão rápido, por seu coração ter feito seu cérebro reprimir os avisos e ter coordenado sua escrita, os pensamentos e que tudo se desse em outro idioma. Mas, o que a deixava mais assustada era que aquelas palavras eram sinceras. Muito sinceras. E isso assustava Catherine, porque, afinal, aquelas palavras não deviam nem existir!
Precisava sair daquele quarto e ir caminhar. Mas a temperatura negativa que fazia em Nova York naquele fim de tarde não permitiria que ela fizesse isso sem morrer congelada. E morrer congelada não era bem a ideia que Catherine tinha para o seu final de ano em 2017.
Holger e ela não se falavam há dias. Nove dias, oito horas e trinta e sete minutos. E ela estava sentindo tanta falta dele. Tanta! Tanta que sentir falta nunca seria suficiente para o que estava sentindo. E isso era errado de tantas e tantas formas! Holger e ela não tinham sido feitos para serem um casal de verdade e ela tinha criado esperanças em algo que não deveria e que, claramente, despedaçaria seu coração.
E a primeira lágrima escorreu de seus olhos, sendo seguida de um turbilhão de tantas outras que, no começo, fizeram Catherine sentir que não fazia sentido, mas logo aquele sentimento foi engolido pelo choro ao perceber aquela realidade e por dar-se conta daquilo que já tinha ouvido Shawn dizer mil vezes: estava irremediavelmente apaixonada e não havia nada que pudesse dizer ou fazer para provar o contrário.
Apaixonada? Não.
Ele estava errado.
Catherine já tinha passado da fase de estar apaixonada. Tinha entendido, finalmente, que era amor.
Mas, claro, nunca teria coragem de dizer aquilo em voz alta, apesar de estar morrendo por dentro de vontade de ligar para Holger, correndo o risco de acordá-lo ou de nem ser atendida, e dizer todas aquelas palavras. De cantar para ele aquela verdade e falar aquelas palavras. Aquelas três palavras que ela nem imaginava que poderia dizer a alguém tão cedo.
O clima frio parecia apenas tornar o peso daquela descoberta ainda mais pesado e Catherine queria refugiar-se sob uma tonelada de cobertores e chorar. Chorar até que aquilo saísse de dentro de seu coração, que aquele amor saísse com as lágrimas e passasse, porque voltaria a sentir-se como estava há um ano: tranquila, feliz e sem amar alguém além de si mesma e de seus familiares e amigos.
Sem amar alguém de um jeito romântico.
Sem amar uma pessoa que não a correspondia e que nunca corresponderia.
Sem amar alguém que só estava com ela por interesse.
Mas, não era possível que ele não gostasse dela um pouquinho que fosse. Porque ele agia de um jeito tão... carinhoso e sincero. E, não podia ser apenas comodismo que fazia com que eles se beijassem e transassem, porque se fosse isso, não ficariam aconchegados pela manhã e juntos, trocando carícias e cuidados. Se fosse apenas pelo contrato, aquilo só aconteceria para fotos de paparazzi e sites de fofocas, mas Holger preferia evitar tudo aquilo e toda a mídia que Catherine trazia consigo.
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Trato Feito
Fanfiction[FINALIZADA] Catherine é uma cantora famosa que arrasta multidões em seus shows, além de ter muita atenção da mídia sobre si. Holger é um jogador que sofreu diversas lesões que o levaram ao quase ostracismo. Ele quer voltar ao cenário principal do f...