Capítulo 10

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- Pegou tudo? – Catherine perguntou e Holger assentiu. – Então faça uma boa viagem. E avise quando chegar na Alemanha, por favor.

- Quer ficar com o carro?

- Não precisa, eu peço um táxi pra ir embora.

- Eu te aviso quando chegar. – Holger se pronunciou e saiu do bangalô puxando as próprias malas.

Holger estava retornando à Alemanha, desembolsara uma fortuna para alterar a data do voo de volta pra casa para o dia seguinte, mas era necessário fazer isso ou ficaria desempregado. Catherine curtiria o restante das férias sozinha em Porto Rico, ela não tinha gostado muito da ideia, mas não queria voltar antes da hora pra casa, então era melhor ficar e curtir os últimos dias.

Não tinham conversado sobre o ocorrido na festa, claro, e a tensão era palpável, pior do que quando se beijaram, mal trocaram poucas palavras desde que voltaram de San Juan, na tarde anterior. Os dois trocaram olhares de canto de olho, tinham evitado ao máximo ficar juntos durante aquelas horas. O clima estava tão pesado que era quase palpável. Não podiam falar para Leonard e nem para Hugo, não queriam receber sermão sobre a displicência daquele ato.

Aquilo, definitivamente, tinha que ficar apenas entre os dois, ser esquecido e ignorado, sem chances de se repetir ou ficaria pior do que já estava. Era apenas um contrato, mais nada. Ele apenas queria voltar a ser um jogador reconhecido, sair do ostracismo, e ela era a chave para isso.

-x-

- Que cara é essa?

- Cansaço. – Holger deu de ombros. – Não consegui dormir direito desde que voltei pra casa, mas pelo menos resolvemos o que vai ser feito.

- E como foram as férias? – Hugo perguntou bebericando sua cerveja.

- Muito boas. Porto Rico é um lugar muito bonito.

- E sua companhia era bastante agradável. – Hugo sorriu de lado, dando uma conotação dúbia ao que tinha dito.

- É, realmente. Cat é uma pessoa ótima. Uma pena termos interrompido as férias, mas melhor interromper do que ficar desempregado.

- As coisas estavam tão boas assim por lá? – Hugo perguntou sugestivo e Holger negou com um aceno de cabeça, depois de rolar os olhos.

- Não nesse sentido. Só fomos namorados quando Ian e Sam chegaram e depois quando os fotógrafos apareceram, fingimos umas ceninhas para as fotos e só.

- Sinto muito, cara. Ela não te arruma uma amiga? Dar uns beijos, transar...

- Nós somos namorados publicamente, se ela fizer isso, vamos correr o risco de estragar tudo. – Holger respondeu, mas não era aquela a real justificativa, ele não queria uma amiga dela.

- Sinto mais ainda, cara. Dezoito meses vai ser bem pesado.

- Pesado pra você que é um safado. – Holger respondeu e Hugo gargalhou.

- Você não sente vontade de dar uns pegas na Cat? Porque, convenhamos, ela é bem gostosa e até o beijo dela deve ser gostoso.

- Não. – Holger respondeu, torcendo o rosto em uma careta, em uma mentira deslavada. Ela realmente é gostosa. E o beijo é tão gostoso quanto. – Ela é muito simpática, somos amigos.

- Amigos podem fazer essas coisas, você sabe...

- Sei, mas prefiro não arriscar a amizade e não tenho vontade de nada disso com ela, em todo caso.

Outra mentira.

- Você só pode ser louco! Até eu tenho! – Hugo disse rindo e Holger arqueou uma sobrancelha. – Ah, qual é! Ela é gata demais!

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