3. Marcella

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- Ah, meu Deus! - dou um gritinho assim que desligo o celular. 

Volto a deitar na cama, levanto minhas pernas ao ar e começo a balançá-las. Estou eufórica.

- Não acredito. - sorrio, feliz, em êxtase.

Dou um pulo da cama e corro para o meu banheiro. Tento ser rápida, pois quero chegar logo à embaixada. Tomo banho, escovo os dentes, passo meu hidrante e escolho uma roupa sóbria. Faço uma maquiagem levinha, deixo os cabelos soltos e pego meu scarpin preto. Olho-me no espelho e me sinto a mais poderosa das mulheres. Pego minha bolsa e vou em direção à sala-de-jantar que sei onde meus pais já devem estar desfrutando de seu desjejum.

- Bom dia, papà - dou um beijo em meu pai e sigo para beijar também minha mãe. - Mamma.

- Onde a principessa do papà vai tão linda desse jeito? - eu sorrio e dou um girozinho. 

- Olhem para a mais nova contratada da Embaixada Brasileira em Buenos Aires. - falo cheia de floreio.

Minha mãe, expansiva como é, bate palmas e vem me abraçar.

- Parabéns, filhota. - eu estou sorrindo tanto desde que acordei que minhas bochechas começam a doer.

- Estou tão, tão, tão feliz, mamma. - falo empolgada.

Meu pai se levanta e vem até a mim.

- Parabéns, amata figlia - ele me abraça também.  - Eu tenho certeza que você dará seu melhor nesse emprego.

- Meu primeiro emprego, papà. - suspiro. - Dá pra acreditar? - faço a pergunta retórica.

- Claro que dá, figlia. Você é uma ragazza estudiosa. E sempre foi muito ajuizada. Bem diferente de tuo fratello que está por aí correndo pelo mundo com essa história de fotografia. - sorrio sem jeito.

- É o sonho dele, papà. - tento explicar pela milésima vez, mas meu pai teima em não aceitar. Por ele, Vitto estaria no comando das Catinas Colluci. 

- Exatamente isso, Armando. Deixe o nosso bebê correr atrás dos seus sonhos.

- Bambino? - ele fala com ironia. - Onde já se viu um bambino com quase dois metros de altura? - ele sorri e o clima se descontrai novamente. 

- Eu já vou que não quero chegar atrasada logo no meu primeiro dia.

- Não vai comer, filha? - minha mãe indaga.

- Não dá tempo, mamma. - falo já em direção as escadas.

- Eu a levo, figlia.

- Não precisa, papà. - grito. Estou tão ansiosa que acho que morreria se meu paizinho me levasse, ele dirige como uma tartaruga. Se ao menos Vitto estivesse aqui.

Vou para o ponto do ônibus e aguardo. Resolvo mandar uma mensagem para meu irmão e minha melhor amiga.

"Olá, stronzo ... hahaha. Adivinha só????? Consegui o emprego na embaixada."

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora