23. Theo

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Eu amava a Marcella. Mas só tive noção da grandiosidade desse amor quando a vi perder os sentidos em meus braços. Fiquei insano e corri para o hospital. Pedindo a Deus que nada acontecesse a ela. Eu morreria por ela, mas eu também morreria sem ela. Por sorte chegamos a tempo, pois o médico falou que uma crise alérgica como a que minha esposa teve pode levar a morte. 

Não gosto nem de pensar. Vendo-a dormir tranquilamente agora me dá um alívio sem precedentes. 

Uma das empregadas vem me avisar que meu avô deseja me ver. Dou um beijo levemente nos lábios da minha esposa e vou em direção ao escritório.

- O senhor queria me ver, vô. - afirmo, mas ele assente.

- Sente-se,  filho. - ele diz apontado pra cadeira em frente à sua mesa. 

Eu sento e aguardo.

- Como está a sua esposa?

- Está bem. Dormindo.

- Que bom. - ele limpa a garganta e se ajeita na cadeira. - Theo,  eu chamei você aqui porque estou preocupado com o seu irmão. - assinto. - Ele está apaixonado por sua esposa. - a raiva me sobe.

- Ele não está apaixonado coisa nenhuma, vô.  - falo irado. - Ele quis a Marcella somente a partir do momento em que percebeu meu interesse por ela. Ele queria fazer com ela a mesma coisa que fez com a Malu. - a raiva parece sair de cada poro meu. - A diferença é que eu nunca senti pela Malu 1% do que sinto pela Marcella. Eu simplesmente aceitei suas investidas em relação à Malu, mas com a Marcella não.  Nós nos amamos e ele não vai tirá-la de mim.

- Que você e sua mulher se amam não restam dúvidas para mim, meu filho. O problema é que ele parece determinado a tê-la. - meu avô fala preocupado.  - Hoje quando vocês subiram, conversei com ele e tudo o que ele me falou me preocupou demais. Ele odeia você,  Theo, porque o culpa pela morte dos pais.

Ouvir aquilo doeu na minha alma. Eu sempre me senti culpado pela morte dos nossos pais. E eu sei que sou culpado. Mas nunca pensei que meu irmão pensava o mesmo. 

Abaixo a cabeça com o coração comprimido de dor.

- Theo? - meu avô me chamar e eu não tenho coragem de encará-lo. -  Theo. - ele senta na cadeira ao lado da minha. Eu ainda não o olho. - Você não teve culpa nenhuma. Você era apenas uma criança,  filho. -diz segurando a minha mão.  - Tudo por causa de um maldito  bêbado que provocou o acidente. Mas as leis desse país de merda só o fez pagar com malditas penas alternativas de trabalho voluntário. Mas se você quiser culpar alguém,  culpe a mim. - Eu o encaro, meus olhos estão marejados. - Se eu não tivesse sido contra ao relacionamento dos seus pais, eles poderiam ainda estar aqui. Não estariam com aquele carro inseguro.

Sorrio sem humor.

- O senhor não tem culpa nenhuma,  vô. Como poderia adivinhar que o carro do meu pai era inseguro e que um bêbado iria cruzar o caminho deles?

- E como você pode ser culpado se também não tem o poder de prever as coisas, filho?  - Não falo nada. - Enfim, eu o chamei para lhe dizer que como estou preocupado com os sentimentos de Saulo em relação à Marcella,  resolvi mantê- lo aqui em São Paulo. - franzo o cenho. - Decidi mudar meus planos. Não vou mais vender minha empresa. Vou ensiná- lo a gerir para que ele possa assumir os negócios. Para que ele não volte a Buenos Aires.  Não acredito que ele  vá conseguir, mas isso pode fazer com que ele preencha aquela mente desmiolada e se esqueça da sua mulher. 

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora