Eu amava a Marcella. Mas só tive noção da grandiosidade desse amor quando a vi perder os sentidos em meus braços. Fiquei insano e corri para o hospital. Pedindo a Deus que nada acontecesse a ela. Eu morreria por ela, mas eu também morreria sem ela. Por sorte chegamos a tempo, pois o médico falou que uma crise alérgica como a que minha esposa teve pode levar a morte.
Não gosto nem de pensar. Vendo-a dormir tranquilamente agora me dá um alívio sem precedentes.
Uma das empregadas vem me avisar que meu avô deseja me ver. Dou um beijo levemente nos lábios da minha esposa e vou em direção ao escritório.
- O senhor queria me ver, vô. - afirmo, mas ele assente.
- Sente-se, filho. - ele diz apontado pra cadeira em frente à sua mesa.
Eu sento e aguardo.
- Como está a sua esposa?
- Está bem. Dormindo.
- Que bom. - ele limpa a garganta e se ajeita na cadeira. - Theo, eu chamei você aqui porque estou preocupado com o seu irmão. - assinto. - Ele está apaixonado por sua esposa. - a raiva me sobe.
- Ele não está apaixonado coisa nenhuma, vô. - falo irado. - Ele quis a Marcella somente a partir do momento em que percebeu meu interesse por ela. Ele queria fazer com ela a mesma coisa que fez com a Malu. - a raiva parece sair de cada poro meu. - A diferença é que eu nunca senti pela Malu 1% do que sinto pela Marcella. Eu simplesmente aceitei suas investidas em relação à Malu, mas com a Marcella não. Nós nos amamos e ele não vai tirá-la de mim.
- Que você e sua mulher se amam não restam dúvidas para mim, meu filho. O problema é que ele parece determinado a tê-la. - meu avô fala preocupado. - Hoje quando vocês subiram, conversei com ele e tudo o que ele me falou me preocupou demais. Ele odeia você, Theo, porque o culpa pela morte dos pais.
Ouvir aquilo doeu na minha alma. Eu sempre me senti culpado pela morte dos nossos pais. E eu sei que sou culpado. Mas nunca pensei que meu irmão pensava o mesmo.
Abaixo a cabeça com o coração comprimido de dor.
- Theo? - meu avô me chamar e eu não tenho coragem de encará-lo. - Theo. - ele senta na cadeira ao lado da minha. Eu ainda não o olho. - Você não teve culpa nenhuma. Você era apenas uma criança, filho. -diz segurando a minha mão. - Tudo por causa de um maldito bêbado que provocou o acidente. Mas as leis desse país de merda só o fez pagar com malditas penas alternativas de trabalho voluntário. Mas se você quiser culpar alguém, culpe a mim. - Eu o encaro, meus olhos estão marejados. - Se eu não tivesse sido contra ao relacionamento dos seus pais, eles poderiam ainda estar aqui. Não estariam com aquele carro inseguro.
Sorrio sem humor.
- O senhor não tem culpa nenhuma, vô. Como poderia adivinhar que o carro do meu pai era inseguro e que um bêbado iria cruzar o caminho deles?
- E como você pode ser culpado se também não tem o poder de prever as coisas, filho? - Não falo nada. - Enfim, eu o chamei para lhe dizer que como estou preocupado com os sentimentos de Saulo em relação à Marcella, resolvi mantê- lo aqui em São Paulo. - franzo o cenho. - Decidi mudar meus planos. Não vou mais vender minha empresa. Vou ensiná- lo a gerir para que ele possa assumir os negócios. Para que ele não volte a Buenos Aires. Não acredito que ele vá conseguir, mas isso pode fazer com que ele preencha aquela mente desmiolada e se esqueça da sua mulher.
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Casamento por amor? - FINALIZADO
RomansaDois casamentos Marcella e Theo Martina e Vitto